Gianecchini não analisa amor e paixão de forma racional
Por Redação - 28/09/05 às 10:28
Além de ter se emocionado com o conteúdo, classificado como verdadeiro, do filme Cidade Baixa, apresentado na mostra competitiva do Festival do Rio, na noite de terça-feira, dia 27, no Cine Odeon BR, o ator Reynaldo Gianecchini fez um comentário pessoal sobre a temática do longa. O filme do estreante Sérgio Machado mostra dois amigos, interpretados por Lázaro Ramos e Wagner Moura, que disputam o amor da mesma mulher, e o conflito da moça, papel de Alice Braga, que confessa não saber viver sem os dois.
“Não entro nesse território de amor e paixão racionalmente. Quando essas duas coisas batem, pode-se fazer qualquer coisa. Adoro esse tipo de cinema verdade que Cidade Baixa retrata. Há cem por cento de verdade em tudo o que se vê na tela, incluindo a interpretação do trio principal e das pequenas participações”, resumiu o ator.
Gianecchini, depois de uma viagem a Buenos Aires, Argentina, com a mulher Marília Gabriela, já está gravando, no Rio de Janeiro, cenas da novela Belíssima, a substituta de América no horário nobre da Rede Globo, por isso, ainda não tinha tido tempo de ir ao Festival do Rio. Na sessão de terça, ele estava acompanhado do enteado Christiano Cochrane, uma vez que Gabi estava trabalhando em São Paulo.
Cidade Baixa mostra a história de Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura), amigos de infância, que crescem fazendo expedientes reprováveis – como roubar bolsas de turistas nas praias de Salvador (BA) – e na idade adulta se tornam donos de um barco e vivem fazendo fretes pelo Estado. Numa dessas viagens, eles conhecem Karina (Alice Braga), uma jovem do interior que vai para a capital a fim de se prostituir.
Inicialmente, os dois só querem se satisfazer sexualmente com Karina durante a viagem. Mas, acontecimentos inusitados, como o que Naldinho salva a vida de Deco e acaba levando uma facada, criam uma relação de solidariedade entre o trio, e daí explode a paixão dos dois amigos pela prostituta, que também se apaixona por eles.
Elogios ao filme
O sucesso do longa foi tão grande que houve duas sessões, mas não foi apenas a história, que mostra como a miséria social e a miséria sexual continuam andando de mãos dadas como nunca, que arrebatou a platéia. Emílio Orciollo Neto, por exemplo, ficou boquiaberto com o desempenho da estreante como protagonista, Alice Braga, sobrinha de Sônia Braga.
“A Alice realmente demonstrou que tem a quem puxar. Que trabalho espetacular. É de deixar o espectador de boca aberta. O Lázaro e o Wagner dispensam comentários. O Festival do Rio está de parabéns, porque, a cada ano, está mais profissional e prova que a nossa produção cinematográfica não fica nada a dever à de países desenvolvidos, dos quais, por sinal, a mostra também exibe uma seleção primorosa”.
Dira Paes também era só elogios ao filme de Sérgio Machado e a todo o elenco. Ela, que pelo terceiro ano consecutivo é curadora do Festival de Cinema Nacional que acontece em Belém (PA), sua terra natal, ainda neste segundo semestre, também falou da importância do Festival do Rio:
“Além dos filmes nacionais, o Festival traz filmes do México, da Argentina, enfim, da América Latina, todos de excelente qualidade, e atinge seu objetivo, que é mostrar a diversidade cultural, tanto de países do nosso como de outros continentes”.
Nada de peso
Quem achava que Alice Borges, filha de Ana, a irmã mais nova de Sônia Braga, poderia achar que é um peso ser sobrinha de um mito, quebrou a cara. Com os mesmos belos e marcantes traços de toda a família Braga, a jovem atriz classificou o parentesco como uma leveza:
“É muito bom ser sobrinha da Soninha. Não existe peso nenhum nisso aí. Pelo contrário, sinto uma leveza por ser parente dela e todo mundo lembrar do talento da minha tia, para poder olhar o meu trabalho. É claro que trocamos idéias. Só não conversamos muito porque a Soninha está sempre viajando”, disse Alice, que foi muito cumprimentada por colegas e a platéia em geral, os quais superlotaram o cine Odeon BR.
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