Gigantes que ficaram famosos no cinema

Por - 02/04/06 às 18:01

Divulgação

O Domingo Legal mostra hoje, dia 2, o drama de José Cristóvão da Silva, um jovem de 27 anos, mais conhecido como Gigante das Alagoas. José Cristóvão mede 2,16 m e pesa 102 quilos. O programa vai relembrar a trajetória desse rapaz, que foi abandonado pelos pais biológicos e criado pela mãe adotiva, que o encontrou ainda bebê, no hospital. Devido ao seu crescimento anormal, ele foi obrigado a viver isolado da sociedade para fugir da estranheza dos desinformados.

Cristóvão é uma figura popular na pequena cidade de Minador do Negrão, em Alagoas, um lugar com pouco mais de 5 mil habitantes. Lá, o rapaz é conhecido como “Gigante Cristóvão”. Sua história de vida é um exemplo de força e superação dos limites impostos pela realidade. Mesmo vivendo em absoluta pobreza, em uma casinha de taipa, ele não perde o humor e a força de viver.

Médicos ainda estudam seu caso de acromegalia, uma doença mais conhecida como gigantismo. Trata-se de um problema crônico, que se caracteriza pelo crescimento anormal das extremidades do corpo: mãos, pés e rosto. Seus pés, por exemplo, já fogem aos padrões de crescimento.

O rapaz hoje luta para conseguir se tratar, pois os pés e mãos podem continuar crescendo. Recentemente, ele realizou alguns exames médicos pelo SUS, mas sua família não tem posses, pois vive em absoluta miséria.

 

Gigantes

Ao se combinar as palavras gregas akron (extremidades) com mega (grande), obtém-se a denominação de uma das enfermidades mais estranhas que afetam os seres humanos.  Essa doença figura na lista das mais estranhas e chamativas que podem afetar o homem, pois doentes de acromegalia (também conhecida como gigantismo) dificilmente passam despercebidos. Prova disso são testemunhos de pessoas famosos da música e literatura, que viveram esse drama.

A doença amplia os braços, mãos, pernas e traços faciais. É chamada rara, porque os dados epidemiológicos indicam uma incidência baixa em toda a população mundial: aproximadamente cinco entre seis casos para cada 100 mil adultos. Ela não distingue homens ou mulheres.
Para diagnosticar com certeza a acromegalia, os endocrinologistas precisam se certificar de alguns sintomas, além do crescimento exagerado das marcas faciais.  Entre eles estão o crescimento exagerado de mãos e pés.

 

Gigantes em Hollywood

Nos anos 70, Frank Zappa costumava apresentar-se em seus shows, ao lado de um gigante estranho. O escolhido para estar ao seu lado era um homem considerado um "Monstro Real", pois não precisava de maquiagem para se transformar no personagem.  Na época, Zappa trabalhava ao lado do ator Rondo Hatton, conhecido entre espectadores do chamado cinema B, que teve uma longa carreira e ficou  famoso por interpretar sempre vilões; ganhou o título de “o ator mais horrível do cinema”.

Hollywood usou muito o recurso de pessoas portadoras de acromegalia, em filmes como Freaks (Fenômenos/A Parada Monstros-1932).  Um exemplo da doença é André, o Gigante, personagem que atuou em filmes como The Princess Bride (A Princesa Prometida-1986).

Em 1941, o cinema argentino abordou o tema da acromegalia, no filme Una Luz En La Ventana, dirigido por Manuel Romero. Protagonizado por Narciso Ibañez Menta, o longa contou a história de um cientista com gigantismo, que pretendia submeter-se a um transplante de glândula pituitária para recuperar seu aspecto normal.

Alguns filmes de aventuras e westerns, entre eles o famoso The Ox-Bow Incident (Consciências Mortas-1943), contou com o ator Richard Kiev como protagonista. Contratado pela Universal Pictures, atuou ainda em The Pearl Of Death (1944), ao lado de Sherlock Holmes. Outros filmes feitos por Kiev: The Spider Woman Strikes Back, House of Horrors e The Brute Man, em 1946. Seu último trabalho foi The Brute Man, onde atuou como estrela principal. Ele não chegou a ver esse trabalho. Seu coração cresceu demais, e ele morreu de um ataque cardíaco, alguns meses antes da estréia.

Para entender a doença

Acromegalia é uma desordem debilitante resultante da exposição, a longo prazo, a elevados níveis de hormônio do crescimento (GH). A incidência anual é de três a quatro casos/milhão, com prevalência de 40-90 casos/milhão. A idade média do diagnóstico é 40 a 45 anos. O risco relativo de mortalidade, em relação à população normal, é dois a três, sendo as principais causas de mortalidade complicações cardiovasculares e respiratórias. Tal risco é revertido com o tratamento. A principal causa da hipersecreção de GH é adenoma benigno de pituitária; no momento do diagnóstico, cerca de 75% dos pacientes apresentam macroadenomas. Outras causas muito mais raras são produção excessiva de hormônio liberador de hormônio de crescimento (GHRH), por tumor hipotalâmico e secreção ectópica de GHRH, ou de GH, por tumores neuroendócrinos. As manifestações clínicas são decorrentes de efeito direto do GH e também mediadas por fator de crescimento tipo insulina 1 (IGF-1) e, ocasionalmente, pela própria massa tumoral.

Uma associação em prol de quem vive esse drama

Criada recentemente no Rio de Janeiro, a Associação de Pacientes de Acromegalia (Apacro) vai lutar para que a doença, relacionada ao hormônio do crescimento, também conhecida como gigantismo em crianças, seja diagnosticada a tempo e tratada corretamente. A doença também atinge pessoas com idades entre 30 e 50 anos.

De acordo com a Drª Mônica Gadelha, do Serviço de Endocrinologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Hospital do Fundão, da UFRJ, mesmo profissionais de saúde não conhecem a doença, razão pela qual muitos pacientes chegam a levar até 10 anos entre a ocorrência dos primeiros sintomas e o diagnóstico da acromegalia.
Por conta dessa demora no diagnóstico, no mínimo de 50% dos pacientes acometidos por essa doença não sabem que têm a patologia.

A acromegalia é provocada por tumores geralmente benignos, localizados na hipófise (glândula cerebral) e que podem, se não retirados (cirurgicamente), provocar danos ao nervo óptico, prejudicando a visão do paciente. Atinge 60 pessoas em cada grupo de milhão, de acordo com levantamentos feitos em países da Europa. No Brasil, embora não se disponha de pesquisas que determinem o percentual exato, a incidência é a mesma, de acordo com a endocrinologista.

Nesse momento, o Hospital do Fundão, Centro de Referência em Acromegalia, assiste a 100 pacientes com a doença. O Hospital Pedro Ernesto também oferece o tratamento da doença.

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