Glória Perez sobre transgênero na TV: ‘Não temo rejeição’

Por - 05/05/17 às 18:00

Divulgação/Tv Globo / Felipe Monteiro

Já há pouco mais de um mês, Glória Perez tem conquistado, cada dia mais, os corações dos telespectadores, com o que vem mostrando em A Força do Querer, atual novela das 21h da Globo. Em recente conversa com a equipe da revista TiTiTi, a autora falou um pouco, entre outras coisas, sobre as principais características de suas tramas.

“Todas as minhas novelas têm a tolerância como síntese. Sempre falei sobre a dificuldade de aceitar o diferente, de ir além do próprio umbigo”, chegou a declarar ela, também revelando que, ao contrário do que muita gente pode achar, ainda não sabe qual será o grande final de seu atual projeto.

“Ainda não tenho o final (risos). Novela é uma obra aberta e os personagens vão ganhando um pouco de vida também. Às vezes, nem quero que um romance aconteça, mas um personagem vai e, no impulso, beija o outro e sou obrigada a continuar dali. Sou tipo médium: ouço a voz de todos enquanto escrevo (gargalhadas)”, afirmou Glória.

Entre as histórias que estão sendo contadas, em A Força do Querer, o público tem tido a chance de se aproximar, cada dia mais, da vida de Ivana (Carol Duarte), uma jovem que, nos próximos capítulos do folhetim, vai se descobrir transexual.

Também durante a entrevista para a publicação, a autora disse não temer uma possível rejeição à personagem, inclusive durante o período de sua transição.

“Vou dar ouvidos ao telespectador, não para mudar o rumo da história, mas sim para saber se o que quero dizer está chegando da maneira que planejei. Se por acaso eu estiver errada, vou encontrar outra maneira de falar disso! (…) Quando você levanta bandeira demais, cria uma antipatia. Já notei isso. A novela cria uma intimidade muito grande do público com o personagem, tanto que as pessoas são muito intrometidas (risos). Elas mexem com o ator na rua, dão conselhos. Por isso, comecei a trama da Ivana lá de trás, desde o atordoamento em relação ao corpo, para as pessoas irem criando essa compreensão do que é o transexual”, disse ela, antes de continuar comentando sobre tal assunto.

“(…) Não me importo se falam bem ou mal. Novela é paixão. Como dizia Janete Clair, vale amar e vale odiar. A única coisa insuportável é a indiferença”, afirmou Glória.

Visivelmente feliz e satisfeita com a repercussão da novela, a autora ainda aproveitou a conversa com a TiTiTi para dizer que sabe, sim, do importante papel que sua atual trama deve ter, quando se trata de diminuir o preconceito contra os transexuais.

“Tenho a consciência de que posso salvar vidas. Espero criar uma empatia entre o público e os transexuais, para que estes possam ser olhados com mais compaixão. Consegui isso com os dependentes químicos em O Clone (novela de 2001) e com a saúde mental em Caminho das Índias (exibida em 2009). Tenho muito orgulho disso tudo”, disse Glória Perez.

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