Gravação de José do Egito remete a tempo vivido antes de Cristo

Por - 22/02/13 às 10:00

Pedro Paulgo Figueiredo/ Carta Z Notícias

Assistir a uma gravação de José do Egito na cidade cenográfica de Aváris, na central de produções da Record, no Rio de Janeiro, impressiona. Enorme, rica em detalhes, parece mais uma localidade real do que cenografia. São mais de 5 mil m² que, na tevê, ainda ganharam o reforço de computação gráfica para situar a cidade à beira do Rio Nilo. Tudo isso recheado de figurantes. Para os planos abertos, são cerca de 500; para os planos fechados, pouco mais de 200 todos eles inteiramente caracterizados.

"O templo que tem aqui é uma reprodução do templo de Ísis, que fica no Nilo. Eu fui lá. O original tem 18 metros, o nosso tem 15. Então, as proporções estão muito próximas. É muito bacana trabalhar com esse tipo de proporção", explica o diretor da minissérie, Alexandre Avancini.  

Uma das primeiras cenas gravadas no templo de Ísis mostra José, ainda jovem e interpretado por Ricky Tavares, sendo comercializado por Jetur, de Thelmo Fernandes. O negociante de escravos anuncia que suas mercadorias ainda vão demorar muitas colheitas para morrer. 

É o encontro que dá o grande pontapé da história. É a partir daí que José vai se tornar um novo homem, com um poder transformador em todos que estão ao redor dele", conta Thelmo.

Algumas cenas de José do Egito foram feitas no deserto do Atacama, no Chile. A venda de José é a continuação dessas sequências. Por isso, a atenção com a edição precisa ser redobrada.

"Acho que é um dos momentos mais importantes, não só para a trama, quando o personagem chega em Aváris, como para a minissérie em si, quando a gente apresenta o Egito para o espectador" acredita Avancini. 

Mesmo com toda a grandiosidade, os mínimos detalhes necessitam de atenção. Mas, às vezes, passam despercebidos. No início das cenas em Aváris, um dos ferimentos de José, que aparecia nas sequências gravadas no Chile, acabou sendo esquecido. A solução encontrada envolveu o apoio da equipe de efeitos visuais, que vai atuar na pós-produção das cenas já gravadas. Dessa forma, nenhum material será perdido.

"O ideal é que a gente não tenha problemas, nem tenha de usar outros departamentos para sanar uma falha, mas conseguimos", comemora o coordenador de continuidade, Marco Benete. 

A carga religiosa da cena é grande. Após ser oferecido para Hapu, de Iran Malfitano, José se rebela e diz que Deus não fez o homem para ser vendido como mercadoria. A resposta do sinistro Jetur é lacônica:

"E o que eu tenho a ver com o seu Deus?".

Jetur, aliás, rouba a cena. A maldade e o sarcasmo se alternam em seu discurso. Isso acompanhado de uma risada sinistra e nenhuma hesitação em maltratar o personagem de Ricky Tavares.

"O Jetur é um personagem delicioso, é um vilão, ao mesmo tempo tem uma dose de sarcasmo, é cínico. Além disso, é muito bom maltratar o Ricky", brinca Thelmo. 

Gravação de José do Egito remete a tempo vivido antes de Cristo

Outro ponto que impressiona na Aváris fictícia é o forte calor. A sensação também lembra um deserto egípcio. As sombras são bem disputadas e um alto número de copos d'água é distribuído por toda a cidade cenográfica. E ainda assim algumas pessoas não resistem e necessitam de cuidados médicos. Os atores também sofrem. A caracterização do personagem Jetur, por exemplo, exige que Thelmo tenha três roupas sobrepostas, sem contar com um pesado cinto e outros acessórios.

"Não é fácil, não", admite o ator, que ao menos destaca o realismo que o calor traz:

"Era assim mesmo, a roupa protegia do sol", completa.

Mas, independentemente do realismo, Alexandre Avancini garante que o calor em nada ajuda. 

Gravação de José do Egito remete a tempo vivido antes de Cristo

"Gravamos no Atacama, onde tinha variações de temperatura grandes. Mas, na maioria dos dias, o calor era bem suportável. Aqui no Rio de Janeiro, o calor é muito forte, incomoda. Pior que aqui só no próprio Egito", brinca.

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