Grazi Massafera: “Todo mundo me vê como a certinha”

Janeiro de 2005. O país conhece um rosto que, até então, somente os moradores de Jacarezinho, no interior do Paraná, conheciam bem. Apesar de ter sido miss daquele estado, em 2004, a projeção só aconteceu mesmo no ano seguinte, ao entrar no Big Brother Brasil.

De lá pra cá, os brasileiros – e muitos estrangeiros, como os portugueses, por exemplo – acompanharam de perto a trajetória de Grazi Massafera, que se tornou uma das maiores revelações dos últimos tempos.

Prestes a estrear mais uma novela – a oitava de seu vasto currículo que inclui um filme com Renato Aragão, especiais, seriados, uma infinidade de trabalhos publicitários, um ensaio nu para a Playboy, mais de 300 capas de revistas,  etc – Grazi enfrenta o desafio da desconstrução.

Pela primeira vez, deixará de lado o papel da heroína, com uma personagem que promete chocar. Em entrevista à reportagem de O Fuxico, ela resumiu a sua sensação ao se despir de um conceito pré-estabelecido: "Liberdade!".

O Fuxico: Quem é a Larissa?

Grazi Massafera: Ela é livre, solta. Uma modelo veterana, já em fim de carreira, que já viveu o auge e não reconhece a hora de parar. Ela aceita tudo para se dar bem e acaba se refugiando nas drogas.

OF: O autor, Walcyr Carrasco, citou você como a grande surpresa desta história, pela desconstrução do esteriótipo formado em torno da musa Grazi Massafera…

GM: Todo mundo me vê como? A certinha, a mocinha, a mais chorosa, a sensível… A Larissa é o contrário de tudo isso. E foi justamente o que eu buscava. Queria algo novo, ousar. Não deixa de ser um grande voto de confiança fazer esse personagem, ainda mais eu que não tenho nada a ver. Adoro fazer a mocinha, mas chega uma hora que você quer começar a experimentar situações de risco controlável. 

OF: E foi difícil se despir da mocinha?

GM: Vou resumir: Desglamurização é liberdade. Todos os tabus estão jogados na minha cara e estou tendo a chance de me reinventar. A palavra desse trabalho é coragem. 

OF: O que você mudou, fisicamente, para isso?

GM: Parei de tomar sol, parei de pintar cabelo, parei de malhar pra diminuir a massa muscular. Eu vivo tentando ganhar peso, se paro de malhar, emagreço, e precisava desse aspecto, porque ela é da noite, e uma pessoa da noite não acorda cedo pra malhar. Eu sou totalmente solar, adoro endorfina! Mudei meu horário de dormir por causa das gravações. Só o horário da Sofia é sagrado. Se estou em casa, estou com ela. 

OF: Larissa faz parte do book-rosa, as modelos que se prostituem, que são seduzidas pelo dinheiro. Na sua época de modelo, sofreu esse tipo de assédio?

GM: O book rosa existe, não é um conto de fadas. Isso nunca me chegou, tudo é a maneira como você se porta. Eu fui do mundo da moda, faço publicidade, a gente vê gente estranha. Logo no início da minha vida de modelo, um cara disse pra mim: ' nossa, seus olhos brilham até no escuro'. Respondi: 'minha mãe diz que quando o olho brilha no escuro é verme'.

OF: Para a novela, você encontrou garotas de programa. Como foi?

GM: O encontro com elas foi uma surpresa pra mim. É uma vida muito difícil. No lugar que a gente foi elas, tentam se colocar num nível alto. Acho que o vazio delas é quando vão pra casa, eu detectei isso em quase todas. Elas não se drogam pra não serem passadas para trás.

OF: Larissa tem cenas de nu. Como foi para você?

GM: Eu fui com receio, pensei de ficar nervosa, mas na hora… É tudo muito fake, ao mesmo tempo tem um profissionalismo tamanho que torna tranquilo, real. Pensei que iria ficar bem mais nervosa. 

OF: Preparada para as críticas?

GM: Eu sou mais crítica do que quem me critica. De cara penso: caramba! Mas depois sei separar o que me ajuda e o que me atrapalha. A gente está ficando mais madura e vai ficando melhor. Faço análise há 5 anos… 

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