Guilherme Fontes não entrega finalização do filme Chatô

Por - 25/01/06 às 11:55

O ator Guilherme Fontes, o Jeff Street de Bang Bang, não entregou à Agência Nacional de Cinema (Ancine), o filme Chatô devidamente finalizado, sua primeira incursão como cineasta, dentro do prazo estabelecido, que era até segunda-feira, 23.

A Ancine exigia também que o ator devolvesse aos cofres públicos o valor de R$ 35 milhões. Nessa data, seu advogado, Alberto Daudt, enviou ao órgão uma carta questionando o valor a ser ressarcido (a soma corresponde à atualização do valor captado) e, em função disso, pedindo o cancelamento da cobrança. As informações são do Jornal O Globo, desta quarta-feira, 25.

“Se ele não tivesse se pronunciado, a Ancine poderia anunciar já hoje as medidas cabíveis. Mas, como o advogado enviou a carta, temos que esperar que a procuradoria da Ancine se manifeste — informou a assessoria de imprensa da agência.  

Próxima Semana

De acordo com O Globo, as últimas filmagens de Chatô ocorreram em 2002 e, como toda a comunidade cinematográfica nacional espera ansiosamente pelo seu fim, a tendência é que a procuradoria da Ancine não demore a se manifestar.

“Isso deve ocorrer em mais ou menos uma semana”, informou a assessoria.

Contas da Ancine

O Globo prossegue afirmando que de acordo com as contas da Ancine, o orçamento total de Chatô seria de R$ 12 milhões, sendo que quase três quartos teriam sido captados via leis de incentivo. O filme já se encontraria todo rodado e editado, faltando apenas os arremates de finalização (música, efeitos de som, trucagens).

São os dados de que a agência dispõe: Chatô jamais teve uma seqüência sequer exibida oficialmente, e só amigos de Fontes chegaram a ver projeções particulares do filme. O corte que existia em agosto de 2003 não fazia muito sentido, segundo relatos de amigos dele, que o teriam aconselhado a contratar um diretor para organizar o material (o que talvez pudesse ser feito por intermédio de narração ou letreiros, dispensando novas filmagens). Isso nunca foi feito.

“Qualquer autor que esteja procurando criar luta mesmo pela prerrogativa de fazer seu trabalho com independência — dizia ele, na ocasião, justificando-se por querer terminar o filme sozinho. — Eu sou obsessivo. Se o filme não tiver minha mão como artesão, não é minha obra, é obra coletiva. Quem assistir certamente vai ver a minha visão”.

TCU inocentou Fontes

Embora a carta do advogado de Fontes tenha forçado a direção da Ancine a esperar o pronunciamento oficial de sua procuradoria, o que a agência pretende é simplesmente solicitar ao Tribunal de Contas da União que execute a cobrança. Em 2001, o TCU inocentara Fontes da acusação de malversação da verba captada, de que o Ministério da Cultura o acusara dois anos antes. O Tribunal determinou então que o processo de captação de recursos fosse reaberto.

Esta decisão é o foco da discórdia entre Fontes e a Ancine, que na época não renovou o prazo para a captação. O ator, que se diz perseguido pela agência, alega que as condições básicas de terminar o filme nunca lhe foram dadas, em função de a busca por novos recursos continuar proibida. A carta enviada na segunda-feira à agência também solicita que o processo seja reaberto. No ano passado, Daudt tentara conseguir isso por meio de um mandado de segurança, conclui O Globo.

 

 

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