Homossexual, filho de Maguila homenageia o pai e destaca legado nas lutas sociais

Cinco dias antes da morte do ex-pugilista Maguila, seu filho mais novo, Júnior Ahzura, publicou uma homenagem ao pai em suas redes sociais. Ele compartilhou um vídeo em que o boxeador falava sobre homossexualidade durante uma entrevista concedida em 1992. Na gravação, Maguila expressava uma visão sem preconceitos sobre o tema, apesar do vocabulário utilizado.

Maguila era defensor dos homossexuais

“Para mim, esse negócio de homossexualismo é para quem sabe ler e quem inventou esse nome científico. Eu não tenho estudo. O homem, o ‘viado’ não é uma doença. Ele nasceu com o dom de ser ‘viado’ e de transar com homens. Então, não acho que seja uma doença. A pessoa já nasceu com esse dom”, disse Maguila na época. Ele ainda concluiu: “A gente não pode ser contra”.

A relação entre Maguila e o filho

Júnior, que carrega o mesmo nome de batismo do pai, cresceu enfrentando desafios por ser “gay, preto e gordo”, como ele mesmo define.

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Apesar da linguagem simples usada por Maguila, a visão respeitosa refletiu na relação com o filho. Sem seguir a carreira esportiva do pai, Júnior direcionou suas lutas para causas sociais e combate ao preconceito.

Com 31 anos, Júnior se apresenta como “artista, educador, pesquisador e comunicador”. Ele usa suas redes sociais para discutir temas como racismo, homofobia e gordofobia. Além disso, é criador do podcast “Gordosfera”, onde recebe convidados para falar sobre as experiências de pessoas gordas.

Em um dos episódios, por exemplo, ele relembrou os apelidos e ofensas sofridos na infância, como ser chamado de “baleia”, e como o preconceito aumentou após ele se assumir homossexual.

Júnior também exibe suas obras como artista visual, reforçando sobretudo a luta contra a gordofobia. Fora do ambiente digital, entretanto, ele participa do coletivo “Adisposa Facção” e leciona no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.

O ex-pugilista Maguila, ícone do boxe brasileiro, morreu na quinta-feira, 24 de outubro, aos 66 anos. Ele estava internado desde 2017, enfrentando uma encefalopatia traumática crônica (ETC), causada por lesões acumuladas na cabeça ao longo de sua carreira.

Além de Júnior, o ex-lutador deixa mais dois filhos, frutos de um relacionamento anterior com Fátima.