Império: Elivaldo vê Zé Alfredo
Por Redação - 06/01/15 às 12:47
Elivaldo (Rafael Losso) assiste ao jogo do filho e vê quando a bola bate na janela do quarto do bar do Manoel (Jackson Antunes), quebrando a vidraça.
Nisso, José Alfredo (Alexandre Nero) vai saindo do banheiro, acende a luz e dá de cara com Elivaldo pulando a janela para dentro do quarto. Pelo ponto de vista do camelô, o homem de preto aparece envolto pelo vapor do banho, como se fosse um fantasma. Elivaldo, claro, leva um susto.
Gaiato, José Alfredo joga respingos da água de um copo no rosto do sobrinho.
"Hei! Elivaldo! Não vai ter um piripaque aqui, pelo amor de Deus! Não fica com medo… Você não está vendo assombração, não. Sou de carne e osso!", diz o comendador.
"Como assim? O que tá rolando aqui… Eu fui no seu enterro!", brada o rapaz.
"Pois é, mas eu não morri. Estou aqui vivinho da Silva. Mais imbatível que o Chuck Norris… Pode tocar em mim e tirar suas próprias conclusões! Agora não fique com essa cara de quem achou os efeitos especiais do filme uma porcaria… Sente aqui que eu vou te contar tudo".
Ao revelar todo o seu plano, Elivaldo se mostra compreensível.
"Ficou clara as suas razões, meu tio. Tão estranho a forma como o senhor entrou nas nossas vidas… quer dizer, na vida da Cris…", diz o camelô.
José Alfredo sente que não faz muita diferença para o sobrinho.
"Não, não é isso. É que a sua filha é a Cristina. Já eu, continuo filho do Evaldo… seu irmão. Sei pouco a respeito dele, só de ouvir a mãe e tia Cora falarem… Ele me fez falta… Morreu quando eu ainda estava na barriga de minha mãe… Tive que me virar na vida… E dei muitos tropeços… Quase errei meu caminho…", conta o ambulante.
O comendador afirma que os erros forçam as pessoas a acertar os passos e voltar para o rumo certo.
"Não vê meu caso? Você virou esse baita homem aí, que lembra demais Evaldo", dispara José Alfredo, deixando o sobrinho animado.
"Evaldo era sete anos mais velho. Foi o meu espelho, meu herói! A história de quando cheguei ao Rio você já sabe, já te contaram, mas o que você não sabe era que o teu pai foi campeão de rolimã!", conta o homem de preto.
Elivaldo ri e diz que teve um carrinho quando era pequeno.
"Na certa sua mãe conhecia a história. Ele era o az da pilotagem. Deixava os outros garotos comendo poeira… A gente ia numa ladeira lá em Pernambuco, e ele azulava naquele carrinho. E eu, pequeno, ainda não podia pilotar, ficava só olhando pra Evaldo, cheio de orgulho e quando ele ganhava, eu levantava e gritava: é meu irmão, é meu irmão!", conta o comendador.
O ambulante fica encantado com a história.
"No meu aniversário de seis anos, ninguém lembrou a data lá em casa, na verdade era a combinação dos nossos pais, por vergonha de não ter presente para dar para os filhos…", emociona-se José Alfredo, que segura as lágrimas.
"Evaldo estava com treze, já trabalhava na feira e com umas caixas de verdura, ele fez e me deu o meu primeiro carrinho de rolimã…", diz o comendador, que não resiste mais e chora.
O homem de preto diz que não teve tempo de pedir desculpas ao irmão por conta de seu envolvimento com Eliane.
"Nem eu e nem ela queríamos, mas aconteceu… Até hoje, toda noite, antes de dormir, eu peço perdão a ele, esteja Evaldo onde estiver… E peço agora também a você…", comove-se, abraçando o sobrinho.
"Só não me aproximei mais, Elivaldo, porque eu te olhava e via teu pai na minha frente. E toda vez eu morria por dentro, de culpa, remorso… e de saudade! Quero que saiba o quanto eu lhe quero bem e estimo. Você superou problemas sérios como bebida, prisão, tudo na ausência de um pai… Acho que foi isso que te transformou no excelente pai que é pra Victor!", afirma José Alfredo.
Elivaldo conta que sempre quis ter uma figura paterna na família, para se sentir protegido.
"Agora você tem. Sou eu, seu tio! Pode crer", garante o comendador, que dá um longo abraço no sobrinho, até que Victor chama pelo pai.
"Já tou indo, filhão, não estava encontrando a bola. O senhor pode contar com o meu sigilo. Ainda por cima que a Cris já sabe de tudo…", diz o ambulante, que pega a bola e vai saindo pela janela.
"Eu tenho que ir… Mas eu volto assim que der", garante Elivaldo.
"Vou estar te esperando… Meu sobrinho!", diz o homem de preto.
Redação
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