Ex-astro da NFL é condenado por rinha de cães nos EUA
Por Flavia Cirino - 06/08/2025 - 10:09

LeShon Johnson, ex-running back da NFL, foi condenado por um júri federal em Oklahoma por envolvimento em um dos maiores casos de rinha de cães já registrados no país.
De acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Johnson acabou considerado culpado em seis das 23 acusações relacionadas à criação e comercialização de pitbulls usados em lutas clandestinas. A sentença ainda não ficou definida, mas cada condenação pode render até cinco anos de prisão e multa de US$ 250 mil, equivalente a R$ 1,3 milhão na cotação atual.
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A decisão saiu no último dia 1º , após cinco dias de julgamento no Tribunal Distrital de Muskogee, Oklahoma. Mas só veio a público na noite de terça-feira, 5 de agosto. De acordo com as autoridades, os jurados entenderam que Johnson violou a Lei Federal de Bem-Estar Animal. Ela proíbe posse, venda, transporte e entrega de animais para uso em rinhas.
O ex-atleta segue em liberdade enquanto aguarda a definição da pena. Em 2004, Johnson já havia recebido uma pena suspensa por outro crime, sem ligação com crueldade animal. Desta vez, no entanto, a situação pode resultar em consequências mais severas.
Durante a operação, os agentes apreenderam 190 cães da raça pitbull nos canis de Johnson em Broken Arrow e Haskell, Oklahoma — um número que supera em três vezes a quantidade de animais resgatados no caso do também ex-jogador Michael Vick, preso por crime semelhante nos anos 2000.
Canis, lucros e provas visuais consolidaram o caso
Conforme a investigação, Johnson mantinha um canil chamado Mal Kant e criava cães com histórico de vitórias em lutas, classificados como “campeões” e “grandes campeões”, o que valorizava os filhotes e os direitos de reprodução.
O Departamento de Justiça afirmou que ele lucrava alto com essa atividade. Durante o julgamento, os promotores estimaram que o ex-jogador arrecadou US$ 400 mil ao longo de quatro anos com vendas de filhotes, reprodução e treinamentos para rinhas.
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Vídeos e fotos recuperados de grupos de bate-papo online mostravam cenas registradas na casa e na fazenda de Johnson. Nessas imagens, alguns cães apareciam feridos e outros, mortos, o que reforçou a acusação de que o ex-jogador organizava as lutas. As provas, consideradas contundentes, influenciaram diretamente o veredito.
A procuradora Pam Bondi afirmou que “este criminoso lucrou com o sofrimento de animais inocentes e enfrentará severas consequências por seus crimes hediondos”. Já Billy Coyle, advogado de Johnson, sustentou que seu cliente criava cães com fins esportivos e desconhecia que alguns compradores usavam os animais para fins ilegais.
“O LeShon adora o pitbull terrier americano, e ele também os criou e reproduziu. Eles o fazem parecer um vilão supremo”, disse Coyle. O defensor destacou ainda que Johnson foi absolvido em 17 das 23 acusações e criticou o que chamou de “estereótipo destrutivo” criado pela comparação com Michael Vick. “Acho que é o que todo mundo diz imediatamente: ‘Parecido com o Michael Vick’. É um estigma que atinge diretamente o coração dos americanos.”
Johnson concordou com a perda dos 190 animais. Mesmo assim, a repercussão do caso se espalhou, tanto pela brutalidade dos atos quanto por envolver novamente um nome conhecido do futebol americano profissional.
Breve passagem na NFL e histórico de superação
LeShon Johnson iniciou sua trajetória esportiva com destaque pela Northern Illinois University, terminando em sexto lugar na votação do Troféu Heisman em 1993. No ano seguinte, foi selecionado na terceira rodada do draft pela equipe do Green Bay Packers. Atuou também no Arizona Cardinals e no New York Giants.
Em 1998, quando assinou com os Giants, enfrentou um desafio pessoal. Diagnósticos revelaram um linfoma não-Hodgkin, o que o afastou temporariamente dos gramados. Após tratamentos de quimioterapia e radioterapia, ele voltou a jogar e marcou dois touchdowns em 1999.
A condenação atual reacende debates sobre a responsabilidade de figuras públicas e ex-atletas, principalmente quando envolvem crimes com grande apelo emocional. O caso de Johnson, comparado diretamente ao de Michael Vick, mostra que o peso da fama pode amplificar tanto os erros quanto as punições.
É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino

























