Iza e demais artistas negros se revoltam com crítica a Beyoncé
Por Redação - 03/08/20 às 18:15
A internet está efervescida e enfurecida com a análise da jornalista Lilia Moritz Schwarcz, sobre o novo clipe Black is King da cantora estadunidense Beyoncé. Em sua crítica do último domingo (3), a colunista da Folha de SP destacou:
“Filme de Beyoncé erra ao glamorizar negritude com estampa de oncinha. Diva pop precisa entender que a luta antirracista não se faz só com pompa, artifício hollywoodiano, brilho e cristal”, escreveu ela.
No trecho a seguir, a antropóloga ainda desqualificou o figurino da diva pop:
“Muito figurino de oncinha e leopardo, brilho e cristal”, frisou.
E reforçou:
“É hora de Beyoncé sair um pouco da sua sala de jantar”, opinou.
Tais declarações bastaram para artistas negros se revoltarem, acusando-a de racismo em sua explanação.
A cantora Iza fez um post nos stories sobre a polêmica:
“Lilia Schwarcz, meu anjo, quem precisa entender sou eu. Eu preciso entender que privilégio é esse que te faz pensar que você tem alguma autoridade para ensinar uma mulher negra como ela deve ou não falar sobre o seu povo. Se eu fosse você (valeu Deus) estaria com vergonha agora. Melhore”, argumentou.
A jornalista e humorista Maíra Azevedo, a Tia Má, que sempre participa das pautas do programa Encontro com Fátima Bernardes, deixou seu evidente o seu descontentamento, por meio de uma postagem no Instagram:
“O erro é uma mulher branca acreditar que pode dizer a uma mulher preta como ela pode contar a história e narrar a sua ancestralidade. A branquitude acostumou a ter a negritude como objeto de estudo e segue crendo que pode nos dizer o que falar sobre nossas narrativas e trajetórias. Lilia é uma historiadora, pesquisa sobre escravidão? Mas está longe de sentir na pele o que é ser uma mulher preta. @beyonce do alto da sua realeza no mundo pop nunca deixar de ser negra, mesmo sentada no trono em sua sala de estar”, iniciou ela.
A humorista completou:
“A branquitude segue acreditando que pode nos ensinar a contar nossa própria história. Enquanto todas as pessoas negras se emocionam, se reconhecem e se identificam, a branca aliada diz que #beyonce deixa a desejar! É isso! No final nós por nós e falando por nós! Como diz um provérbio africano: “enquanto os leões não contarem suas próprias histórias, os caçadores seguirão sendo vistos como heróis”… E aqui, quando a gente conta, dramatiza e sonoriza querem apontar o roteiro! Parem! Estamos no comando das nossas narrativas!”, destacou.
O ator Rafael Zulu, que atualmente está no ar em Fina Estampa também abordou o tema:
“Eles NUNCA vão se acostumar. Pois eles que lutem, pq a gente chegou e do topo não vamos sair nunca mais”, disse ele.
Para Miguel Arcanjo Prado, mestre em Artes pela Unesp, o artigo é infeliz e acaba por revelar o racismo estrutural.
"No texto, Lilia, que é uma pessoa branca, problematiza a nova obra de Beyoncé na tentativa de determinar como a cantora, que é negra, deveria retratar a África de onde vieram seus antepassados escravizados. Isso sem falar em tudo que o mundo discutiu — e protestou nas ruas — sobre racismo nos últimos meses. E não custa lembrar que negros e negras são as grandes vítimas desta pandemia, que vem acelerando o genocídio que já estava em curso desta população. E poucos parecem se importar, de fato, com isso", explicou.
O jornalista ressaltou mais pontos em sua análise:
"E é para estes negros e negras que Beyoncé mira seu trabalho, neste tempo tão delicado, ciente do espelho positivo que é para essas milhões de pessoas. Querer bater em Beyoncé neste momento da história da humanidade por conta de seu figurino é inacreditável", concluiu.
Adele elogia Beyoncé e seu novo álbum Black is King
Beyoncé lança trailer poderoso de Black is King
Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.