Jair Rodrigues chora durante homenagem no Prêmio Tim

Por - 26/07/06 às 16:22

Felipe Panfili

 

Jair Rodrigues, o grande homenageado da quarta edição do Prêmio Tim, entrou no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro com a segurança de um profissional que tem 45 anos de carreira. Mas ao caminhar pela passarela que saía do palco e ia até uma parte da platéia e de onde ele viu de perto, em uma frisa do lado direito a mulher, Clodini, a filha Luciana Mello, o filho Jair Oliveira e a nora, Thânia Kalil, o intérprete de Deixa Isso Pra Lá, não conteve as lágrimas. Da frisa, Luciana também se debulhava em lágrimas.

Mas esse não foi o único momento em que a emoção falou mais alto para Jair Rodrigues na noite de 25 de julho. A última música do show que apresentou no evento que premiou 35 artistas em 16 categorias musicais, o hit Upa Neguinho, também arrancou lágrimas do grande homenageado. Graças aos recursos tecnológicos, Jair fez um dueto com Elis Regina, cuja imagem apareceu em um telão. Com a voz embargada o cantor desabafou:

“Deixa comigo, Elis! Eu sabia que você não deixaria de estar aqui para me prestar essa homenagem”.

Nesse momento, uma outra artista também ia às lágrimas na platéia: a cantora Maria Rita, filha de Elis e do maestro César Camargo Mariano. Terminada a apresentação, nos corredores da mais tradicional casa de espetáculos do Rio, Maria Rita falou de sua emoção.

“Não tinha como não chorar diante daquela forma pueril, ingênua e humilde como o Jair Rodrigues referenciou minha mãe. A humildade do Jair é exemplar, diante de muitos artistas que têm por aí. Ele foi uma pessoa muito próxima da minha mãe e continuou nosso amigo depois da morte dela. Eu só posso estar feliz com a justa homenagem prestada a ele”, resume Maria Rita, que não foi à festa realizada nos salões do Clube Ginástico Português, no Castelo, centro do Rio, porque iria participar da gravação de um disco que, por não ser dela, preferiu não dizer o nome do artista.

Escolha de Jair Rodrigues

Foi a primeira vez que o Prêmio Tim homenageou um intérprete. Nos anos anteriores os homenageados foram os compositores Ary Barroso (2003), Lulu Santos (2004) e Baden Powell (2005). O nome de Jair Rodrigues foi escolhido por um conselho formado por notáveis como Gilberto Gil, João Bosco, Zuza Homem de Mello e Paulo Moura, entre outros.

Jair, como Martinho da Vila, Zizi Possi e Adriana Calcanhoto lembraram é um dos mais versáteis cantores da música brasileira. Transita com igual desenvoltura pelo samba, bossa nova, sertanejo e pop. Intérprete de sucessos como Deixa Isso Pra Lá (considerado um precursor do rap brasileiro), Tristeza e Disparada, que empatou em 1º lugar com A Banda, de Chico Buarque, no Festival da Record, em 1966, Jair iniciou profissionalmente a carreira de cantor após vencer um programa de calouros da Rádio Cultura, em 1961. Antes disso, na cidade natal de Igarapava, no interior paulista, chegou a trabalhar como engraxate, mecânico e pedreiro.

“Estou saindo do Municipal cantarolando Disparada porque foi uma música que marcou muito a minha juventude. O Jair é bárbaro”, comenta a atriz Lu Grimaldi.

Ao lado de Elis Regina, Jair gravou em 1965 três discos ao vivo – Dois na Bossa I, II e III – cujo enorme sucesso deu origem ao programa O Fino da Bossa, na TV Record, comandado pela dupla e até hoje considerado um dos grandes musicais da história da televisão no país.

“O Fino da Bossa apresentava o que havia de melhor na MPB. Se caracterizou por mostrar o que havia de conteúdo, numa época totalmente diferente da atual em que o interesse do mercado fonográfico fala mais alto”, observa Zizi Possi, fazendo questão de dizer o motivo de não ter participado da atração comandada por Jair e Elis: “Eu era pequititinha”.

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