Juliana Paes sobre Gabriela: “Fui criticada, mas também elogiada”

Por - 18/08/12 às 16:02

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Protagonizar Gabriela é, de longe, o trabalho mais difícil da carreira de Juliana Paes. A complicação vai além da tão falada responsabilidade de  reviver um personagem icônico e  já defendido por Sônia Braga na primeira versão da trama, de 1975, e no filme de 1983. Juliana teve de abrir mão da vaidade e dos momentos com o pequeno Pedro, seu filho de um ano e meio de idade.

"É o tipo de personagem que não é só colocar o figurino e atuar. Houve uma intensa preparação. Entrega total mesmo. Gabriela é primitiva. Não se encaixa nos padrões. Tive de ir atrás disso", valoriza.

 Logo que soube que iria dar vida à personagem, a primeira atitude de Juliana foi deixar cabelos e sobrancelhas ao natural e tomar muitos banhos de sol. Já pensando nas inúmeras cenas sensuais coerentes com o papel, ela redobrou os cuidados com o corpo.

 "Queria ficar despreocupada. Afinal, em uma cena mais 'caliente', posso ser vista em ângulos que podem não favorecer muito se algo estiver fora do lugar", explica Juliana, às gargalhadas.

Enquanto se preparava fisicamente, intensificava cada vez mais as aulas de História – afinal, o romance no qual a novela é inspirada, "Gabriela Cravo e Canela", de Jorge Amado, retrata uma Ilhéus do início dos anos 1920 –, e prosódia, na busca de estofo e sotaque ideal para a personagem. Durante a pesquisa, o caráter instintivo e selvagem da personagem conquistaram Juliana.

"São detalhes que fizeram muita diferença e me ajudaram a ter mais segurança na hora de gravar", conta.

O resultado de toda a dedicação pode ser visto tanto na tevê quanto no cotidiano da atriz, natural de Rio Bonito, interior fluminense, mas criada em São Gonçalo, no Grande Rio. É sintomático que o sotaque e as gírias de Gabriela passem a fazer parte da vida de Juliana.

"Voltei para casa depois de 20 dias gravando no interior do Piauí e da Bahia. Comecei a estranhar meu jeito de falar perto do 'carioquês' habitual da minha família", destaca, aos risos.

Com uma personagem tão natural em mãos, Juliana confessa que também teve de quebrar a timidez e a vergonha em gravar cenas sensuais. Personagens como a periguete Jaqueline, de "Celebridade", ou a ambígua Creusa de América já tinham mostrado os atributos físicos da atriz, mas nenhuma com a exposição de Gabriela.

 "Aceitei o convite sabendo da liberdade de Gabriela. Por isso, deixo a vergonha em casa. Quando entro no estúdio, parece que baixa uma coisa em mim", entrega.

Para a atriz, muito de seu empenho para Gabriela foi na tentativa de fazer um trabalho que servisse de resposta aos que criticaram sua escalação dentro e fora da Globo. A começar pela idade avançada de Juliana, que tem 33 anos, em relação à personagem escrita por Jorge Amado.

"Não me abalei. Confiei no meu taco e segui em frente. Fui criticada, mas também elogiada. A própria Sônia Braga me mandou um recado supercarinhoso, me parabenizando", gaba-se.

Por orientação do autor, Walcyr Carrasco, e do diretor-geral da adaptação, Mauro Mendonça Filho, Juliana parou de assistir cenas do filme e da primeira versão da novela. Algo que não diminuiu sua inspiração.

 "De uma forma ou de outra, iriam comparar. Estou fazendo a Gabriela do meu jeito, mas não deixa de ser uma homenagem ao que a Sônia fez", admite.

 Certezas no caminho

Juliana Paes demorou a virar protagonista de produções globais. Seu primeiro personagem principal foi em 2009, na pele da destemida Maya, de Caminho das Índias. No entanto, desde sua estreia em novelas, na pele da provocante Ritinha, de "Laços de Família", de 2000, a atriz vem ganhando cada vez mais destaque na emissora. "Não ligo para o tamanho dos meus personagens. Quero apenas ter a possibilidade de mostrar meu trabalho. Não existe uma fórmula de sucesso, o papel simplesmente cai na boca do povo. Quando poderia adivinhar que a Ritinha mudaria minha carreira?", questiona a atriz.

 A repercussão como a sensual empregada na trama de Manoel Carlos, aliada ao tipo físico bem brasileiro da atriz, fizeram Juliana voltar sua carreira a papéis que evidenciaram seu apelo "sexy", em folhetins como "Celebridade", "América" e "Pé na Jaca". "Foram novelas gostosas de fazer, onde pude flertar com o humor e tornar meu nome mais conhecido", acredita. Em 2008, Juliana teve de sair antes do previsto da trama de "A Favorita" para descansar sua imagem e ressurgir no ano seguinte como a mocinha de "Caminho das Índias". "Fui paciente e soube aproveitar as oportunidades. As coisas não acontecem por acaso. Levei muitos 'nãos' e batalhei muito para construir minha trajetória", analisa.

Instantâneas

# Antes de atuar em "Laços de Família", Juliana Paes foi figurante na temporada de 1998 de "Malhação".

# O primeiro contato da atriz com a obra de Jorge Amado foi ainda nos tempos de escola. "Tive de ler 'Capitães de Areia' para fazer uma prova", relembra.

# Em 2010, Juliana mostrou sua porção apresentadora no "reality show" "Por Um Fio", do GNT. Ao lado do "hair stylist" Tiago Parente, ela comandava a disputa de superação e criatividade entre 12 cabeleireiros.

# Em "Caminho das Índias", o par romântico formado pelos personagens Maya e Bahuan, de Juliana e Márcio Garcia não deu certo. No entanto, a partir da amizade que nasceu nos bastidores, Márcio convidou a atriz para protagonizar Amor Por Acaso, de 2010, comédia romântica com produção americana e falada em inglês, que marcou a estreia do ator na direção.

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