Justiça tenta suspender venda de livro do dono da Record

O livro Orixás, Caboclos & Guias: Deuses ou Demônios?, de autoria do bispo Edir Macedo, dono da Rede Record e ainda autoridade máxima da Igreja Universal do Reino de Deus, deve sair de circulação. A intenção é do Ministério Público Federal da Bahia, que entrou com Ação Civil Pública para pedir a suspensão da venda dessa obra.

Segundo o Consultor Jurídico, para os Procuradores da República Sidney Madruga e Cláudio Gusmão, o livro, além de preconceituoso e discriminatório, “dedica quase que a totalidade de suas páginas a promover ofensas às religiões afro-brasileiras”.

Orixás, Caboclos & Guias: Deuses ou Demônios? pode ser encontrado nas igrejas, livrarias evangélicas e ainda pelo sistema de entrega em domicílio.

Segundo o MPF, trechos da publicação tratam as religiões de origem africana como “seitas demoníacas”, “modo pelo qual o demônio age na Terra” ou “canais de atuação dos demônios”.

Os Procuradores afirmam que o bispo responsabiliza a Umbanda, o Candomblé e a Quimbanda pela destruição do ser humano e pelo uso de entorpecentes.

Ainda de acordo com o site, o Ministério Público quer demonstrar que a diversidade religiosa deve ser “respeitada, acolhida e prestigiada, levando-se em consideração a sua influência na formação cultural do povo brasileiro”.

Se forem condenados, Edir Macedo, a Gráfica Universal e a própria Igreja Universal do Reino de Deus serão obrigados a suspender a venda e a circulação do livro em todo o Brasil e a recolher todos os exemplares disponíveis em estoque, sob pena de multa diária de R$ 100 mil.

A página da Igreja Universal do Reino de Deus, na Internet, faz o seguinte relato sobre o livro:

“O livro ‘Orixás, Caboclos & Guias: Deuses ou Demônios?’, do bispo Edir Macedo, denuncia quais são as verdadeiras intenções diabólicas ocultas em trabalhos de macumba e feitiçaria. Este exemplar é, sem dúvida, o campeão de tiragem de todos os livros evangélicos já publicados no Brasil, visto que já alcançou a marca dos três milhões de exemplares. Vale ressaltar que todas as publicações da Igreja Universal têm o propósito de edificar, resgatar e salvar almas, estimulando o hábito da leitura por meio de obras que falam sobre o amor e o poder de Deus”.

Polêmica

Essa não é a primeira vez que a Igreja Universal do Reino de Deus é acusada de preconceito religioso.

Em 12 de outubro de 1995, dia de Nossa Senhora Aparecida, o bispo Sérgio Von Helder, da Igreja Universal do Reino de Deus, chutou uma imagem da santa, durante a exibição de dois programas da Record  — Despertar a Fé e Palavra da Vida. Tal fato desencadeou movimento de revolta de muitos católicos, por todo o país, e estampou capas de revistas e jornais, além de ter grande espaço em telejornais da época.

Diante da confusão, quatro dias depois, o próprio líder da Universal, o bispo Edir Macedo, fez um pronunciamento reconhecendo publicamente o erro e pedindo desculpas aos católicos.