Karol Conka dá sua opinião sobre assuntos polêmicos

Por - 27/02/18 às 19:30

Cassia Tabatini

Tabu está fora do vocabulário de Karol Conka. A rainha do tombamento mostra que não tem tema que ela se recuse a falar e muito menos que se prive de dar sua opinião.

“Quero mostrar que as mulheres podem falar. Não podemos nos calar”, disse a cantora em uma entrevista à Revista Glamour, onde será capa em março, e revelou: “Eu sou uma mulher bem resolvida com todos os temas da minha vida.”

Karol está prestes a lançar um novo álbum e, depois da polêmica Lalá, sobre sexo oral, a musa promete mais músicas assim.

“Não entendo quando me falam que eu não deveria cantar uma música como “Lalá” porque é feio. Minha mãe foi a primeira a dizer isso, falou que era baixaria. Mas sempre falei sobre esse assunto com as minhas amigas. Era ‘lalá no clicli’, de clitóris. Minha mãe achou um absurdo quando ouviu. Achou pesada. Aí botei “meu p.. te ama” para ela ouvir e ficou tudo bem. Até meu filho acha que a música é ok”, opinou.

Ela cria o filho Jorge, de 12 anos, de uma maneira bem aberta, falando sobre sexo e sobre tudo, e cuidando para ele não reproduzir machismos.

“Hoje com a internet as crianças sabem tudo. Mas tento mostrar um lado mais poético. Converso de um jeito leve, descontraído. Não falo “pênis na vagina é sexo”. Mas ele sabe o que é. Sexo oral, por exemplo, ele falou que era um carinho dos adultos. E é mesmo. Quando ele deu um selinho numa amiga, me contou. Achei fantástico. Ele não me esconde nada”, explicou Conká.

O garoto estuda em um colégio onde se fala muito sobre representatividade e feminismo, o que deixa a rapper menos preocupada. Inclusive, conversa naturalmente sobre maconha com ele.

“Falo para o meu filho que quando ele quiser fumar, para me avisar, que eu que vou botar para ele. Ele responde que nunca vai fumar. Respondo: ‘Arrasou!’. Filho de maconheiro não fuma”, disse Karol, que revelou gostar de fumar, mas não demais, por achar que tudo em excesso atrapalha.

 Sobre a forma que ela própria foi criada, a cantora vê inspiração na mãe e na avó materna, que sempre cuidaram dela.

“Meu pai ficou em casa até meus 11 anos, mas era alcóolatra. Sempre vi os homens como frágeis. Não tem uma história de um homem incrível na minha família. Meu avô maternoespancava a minha avó. Ela costumava dizer que o homem sempre olharia a mulher de cima, então, desde o início devíamos nos impor. Ele só parou de agredi-la quando ela revidou. Meu radicalismo vem daí. Lembro de ter visto meu pai erguer a mão uma vez para minha mãe. Ela disse: ‘Bate, me arrebenta, mas consiga me deixar no chão, porque se eu levantar eu vou quebrar a casa inteira, você inclusive’”, relembrou.

Karol Conká deixou sua marca no empoderamento, principalmente das mulheres negras, e revelou que rola muito preconceito com isso.

“Tem um restaurante que almoço sempre e, um dia, o dono veio falar comigo, dizendo que viu minha entrevista no programa Conversa com Bial e me achou culta, inteligente, que não esperava. Perguntei: ‘Por que não esperava? ’ Ele: ‘Não sei, essa galera do empoderamento é meio louca’. Retruquei: ‘Querido, você não sabe de nada. Meio louca é a sua galera, que tem muito o que aprender com a gente’. Existe uma grande marca aí, internacional, que está incomodada com o tanto de negros bem-sucedidos que gostam e usam suas peças. As pessoas ainda têm preconceito com o rap, que foi considerado em 2017 o estilo musical mais ouvido do mundo. A moda depende do universo negro. Essa coisa do colorido vem do negro. A maquiagem surgiu no Egito, com os negros. Mas a galera continua achando que não”, contou a rapper.

Karol sofre algumas críticas por falarem que ela não é humilde, mas rebateu: “Sou capricorniana e gosto de dinheiro, mas tenho um lado roots também. Gosto de comer bem, de conforto, mas não ostento. Quando mostro, tem uma função. Dia desses, postei meu Mercedes-Benz. ‘Para tudo! Olha eu! Uma negra em um Mercedes! ’ Se você é da periferia, do rap, é feio ter dinheiro. E não é. Por que o negro, no Brasil, tem que ficar naquele conceito, sempre como um pé de chinelo? Se você botou Miu Miu ou um terno de 3 mil não é mais humilde. Mas todo mundo pode. Quero ser milionária para dividir, abrir ONGs, doar o que puder…”

A cantora também arrasou em uma sessão de fotos para a Revista Glamour e conversou ainda sobre casamento, fama, Tinder e relacionamento.

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