Kaysar sobre a Síria: ‘Tem gente que acha que por ser de lá é terrorista. Ignorância total’

Por - 21/01/21 às 08:00 - Última Atualização: 6 abril 2021

Divulgação/Mike Bonfim

São poucos os participantes do Big Brother Brasil que conseguem manter uma carreira artística na televisão, mas com o sírio Kaysar Dadour foi diferente.

Carismático, ele conquistou o público e também diretores como Belmonte (José Eduardo), que o convidou para participar da produção Carcereiros, que está no ar na Rede Globo. Durante entrevista ao OFuxico, o ex-BBB comentou sobre os benefícios de ter participado do reality em 2018, a preparação para o seu primeiro trabalho, sua terra natal, e os projetos que finalmente estão acontecendo este ano.

Big Brother Brasil

“Depois que eu participei do programa, foi a maior mudança que aconteceu na minha vida. O BBB abriu várias portas, sem ele eu não teria chegado aonde cheguei. Lógico que teve o meu esforço, mérito, mas a porta mais importante foi o programa que abriu.  Por isso, nenhum de nós tem que ter vergonha de ter participado. Eu tenho orgulho”, disse Kaysar, que se recebesse o convite para participar do reality outra vez, não pensaria duas vezes e aceitaria. 

Pronto para mais um capítulo em sua vida, logo após a saída da casa, Kaysar focou em seu futuro e engatou em um novo projeto, atuar. “Depois que eu saí da casa, comecei a estudar e trabalhar, fiz muitas presenças vips, tive uma visibilidade muito boa, graças a Deus, e quando chegou Carcereiros foi uma loucura, fiquei muito preocupado. Quando fiz o teste eu estava muito nervoso. Foi emocionante. Meu primeiro trabalho. Comecei a fazer fono, fiz alguns cursos de atuação. Eu liguei pra minha mãe para avisar que eu tinha sido aprovado para fazer cinema no Brasil, ela disse: “Vai com tudo meu filho” (risos)”, comentou empolgado.

Carcereiros

Interpretando um terrorista em Carcereiros, Kaysar tirou de letra as dificuldades que encontrou para dar vida a Abdel Mussa, e fez questão de ressaltar que não sofreu nenhum tipo de preconceito no set durante as filmagens, mas fora, ouviu alguns comentários sobre o seu personagem.

“Eu tive apoio total, tanto do diretor, da produção, quanto dos atores, eles me empurraram pra frente, sabe? Explicaram as posições das câmeras. Mas algumas pessoas de fora falaram pra mim: “Poxa Kaysar, você é da Síria e vai interpretar um terrorista? Não acha que pode ser ruim pra sua imagem?” Não faz nenhum sentido ter medo porque é um personagem, mesmo eu sendo da Síria não significa que eu seja terrorista, sabe? Não pode ter mente pequena, porque eu estou fazendo arte, um trabalho, um personagem, mas tem gente que acha que por ser de lá é terrorista. Ignorância total. Quando um ator brasileiro interpreta um traficante, significa que ele é traficante? Não. As pessoas acham que na Síria só tem guerra e terroristas, mas na verdade, a guerra começou em 2011, antes não existia guerra, estávamos vivendo muito bem, mas existem pessoas ignorantes. Eu não levo para o lado pessoal, simplesmente a vida continua, não posso parar por causa disso”, falou em tom de indignação. 

Kaysar chegou no Brasil em 2014, e deixou pra trás uma vida difícil, e apesar de Carcereiros ser ficção, o ator usou o drama vivido em seu país para dar veracidade ao personagem. 

“Eu fiquei com medo, na verdade, eu tive várias lembranças do passado, eu vivi na Síria e na Ucrânia, não vou entrar em detalhes, mas eu precisava lembrar um pouco do meu passado, mas é algo que eu não gosto muito de falar. As pessoas não sabem nem 10% do meu passado, porque até agora eu não me sinto bem para abrir, eu nem quero voltar ao passado, tive várias cenas na minha cabeça pra poder conseguir fazer esse personagem com ódio, com raiva, porque ele fugia dos bandidos com medo, mas também com muito ódio deles. É difícil explicar essa palavra, mas eu sentia o cheiro do medo”, relatou.

Poesias

E apesar da pouca idade, 31, Kaysar é um homem maduro e como ele mesmo relata, já passou por muitas situações na vida, mas a depressão é um sentimento que não tem lugar. “Não deixo a depressão entrar”, afirmou. Consciente sobre a morte, ele procura exorcizar seus medos em forma de poema. “Eu acho meio louco falar isso, mas já que você perguntou, eu escrevi um poema recente sobre a morte. Escrevi que a vida é uma ilusão. Quando morremos, vamos acordar e entender que era tudo ilusão. Eu escrevo muito sobre amor, sofrimento e sobre a vida. Eu sempre falo sobre poesia, mas não mostro. As poesias sobre a vida são pesadas, algumas são reais, outras são da minha cabeça, da minha imaginação. Eu gosto de escrever”, disse Kaysar que, não pensa em publicar os poemas.

Projetos 2021

O ano mal começou, mas o ator acabou de rodar um filme, Me Tira da Mira, que tem como protagonista Cleo, ela divide a cena com, Fábio Jr., Mel Maia e Silvero Pereira. “O Silvero é o meu chefe no filme. O meu personagem se chama Xavier, ele é um capanga. Eu gosto de fazer esse tipo de personagem porque dá trabalho ter que buscá-lo dentro de mim. Cada um tem um lado bom e ruim, certo? Nenhum de nós tem apenas um lado, a gente tenta fingir que não tem, mas não adianta” disse Kaysar, que também filmou uma série chamada Panelinha, que será exibido pelo canal fechado Warner, mas por enquanto não pode falar sobre o assunto. Além destes dois projetos previstos para serem lançados este ano, Kaysar já está reservado para uma série da Rede Globo. “Mas não posso falar”, finalizou o ator, que está solteiro no momento “Eu me apaixono todos os dias”, brincou.

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