Lidi Lisboa estreia peça com tema LGBT

Por - 23/10/16 às 19:00

Divulgação/Ronaldo Gutierrez/Märcio Rosário

Em novembro, uma peça promete agitar o mundo teatral. Trata-se de Bruta Flor, espetáculo com tema LGBT, que traz o ator Márcio Rosário na direção e produção.

No palco, a atriz Lidi Lisboa, que interpretou Gracinha em Cheias de Charme, Kelly, em Império, ambas da Globo, e atualmente está em cena em Escrava Mãe, da Record, no papel de Esméria, divide a cena com os atores Leo Rosa, intérprete de Áquila que também atua com a atriz na trama da Record e Pedro Lemos, que viveu Tobias em Chiquititas do SBT.

O texto polêmico de Vitor de Oliveira e do Carlos Fernando Barros trata da homofobia internalizada e sua possível consequência trágica. O tema não poderia ser mais atual: o Brasil vive uma onda de intolerância contra a diversidade sexual.

Sem grandes patrocinadores, a peça segue seus ensaios com apoios culturais.

A trilha sonora instrumental da peça é assinada por Cida Moreira, uma das maiores cantoras do nosso país.

“Estou elaborando a trilha com música instrumental já existente. Estou pesquisando e formatando”, contou Cida a OFuxico.

Em conversa com OFuxico, o ator e diretor Márcio Rosário, que na telinha sempre mostra personagens fortões e que metem medo, como o truculento Bazunga de I Love Paraisópolis (2015), ou o capanga Ramiro de Flor do Caribe (2013), na verdade tem um jeito tranquilo, mas firme ao falar sobre sua nova empreitada.

OFuxico –  Como você recebeu a negativa dos grandes patrocinadores, por conta do tema que a peça desenvolve?

Márcio Rosário – O que mais me surpreendeu foi que nem receber o projeto algumas empresas quiseram, pois quando explicamos os temas que o espetáculo menciona, disseram que não fazia parte da politica da empresa. Eu acredito que nenhuma empresa tem essa politica e esse julgamento foi feito pelo atendente ao telefone dos departamentos de marketing.

OF –  Acredita que com o sucesso da peça, patrocinadores podem voltar atrás em suas decisões?

MR – Acho muito difícil, ainda bem que nem todos tem essa opinião e estamos conseguindo muitos apoiadores culturais, o que em parte minimiza o dano de não ter um patrocínio cultural. Outro fator que esta me chamando a atenção: muitas empresas estão me dizendo que estão preferindo não usar algumas leis de incentivo, como a Rouanet devido a problemas envolvidos no passado como fraudes de algumas empresas. Alguma coisa precisa ser revista nas leis, pois com os valores para se iniciar um espetáculo, assim como a sua manutenção, somadas a lei de obrigatoriedade das carteirinhas de estudantes usadas sem menor critério, nos impossibilita  produzir um espetáculo com o mí.

OF – Ainda é muito difícil em nosso país quebrar o preconceito em relação ao LGBT?

MR – Não acredito que seja apenas no nosso país, o diferente pode causar estranhamento. Nosso espetáculo aborda vários temas de preconceito e não apenas o LGBT. Quando li o texto, um dos diferenciais que mais gostei, foi o processo de libertação e sua própria aceitação, que um dos personagens passa durante sua trajetória para poder se assumir diante de uma sociedade que precisa "rotular" todos os indivíduos que nela hoje estão presentes.

OF – O elenco escolhido topou de cara entrar no projeto? Mesmo sabendo da falta de patrocínio?

MR – Fui buscar atores que entendem o processo teatral. Quem iniciou sua carreira no teatro e tem amor por ele, tem o oficio teatral nas veias. Fazer teatro sempre foi um privilégio e ato de superação. Poder estar no palco com um texto bonito e com personagens marcantes e densos acaba se tornando um atrativo muito importante para a decisão de escolha de um bom ator que nem sempre visa o financeiro e sim a arte que tem dentro dele. Tenho a sorte de ter um elenco forte e de atores corajosos que escolhem bem seus trabalhos e que toparam de cara quando leram o texto do Vitor de Oliveira e do Carlos Fernando Barros.

OF – Li que você disse que o amor e coragem andam mesmo juntos, depois que você dirigiu este espetáculo. Por que chegou nessa conclusão?

MR – Essa frase tem a ver com nosso personagem central, o Miguel interpretado pelo Léo Rosa. O personagem dele tem tantas nuances e tanta complexidade que cada dia descobrimos algo mais sobre sua trajetória no espetáculo. Um presente para o verdadeiro ator. Temos 3 personagens muito diferentes, com seus amores e frustrações, suas convicções e suas perdas durante o processo narrativo. Um verdadeiro trabalho de entrega para todos. Muito feliz de ter atores corajosos como o Pedro Lemos e a Lidi Lisboa fazendo parte de Bruta Flor. O público vai poder ver a versatilidade desses três atores que entendem e tem o oficio teatral dentro de si.

Serviço:
Bruta Flor
Direção: Márcio Rosário
Elenco: Lidi Lisboa, Leo Rosa e Pedro Lemos
Temporada: de 11 de novembro a 18 de dezembro
Local: Teatro Raposo Shopping – Rodovia Raposo Tavares, km 14,5 – São Paulo
Horários: Sextas às 21h30, Sábados ás 22h e Domingos às 20h30
Telefone de informações: 11 3732-5000

 


 


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