Lúcia Veríssimo faz sucesso como diretora de cinema
Por Redação - 15/10/18 às 13:20
Presenca marcante no show business nos anos 1980 e 1990, Lúcia Veríssimo agora saboreia o sucesso como diretora. De acordo com o jornal O Globo, o documentário Eu, Meu Pai e os Cariocas, que marca sua estreia no cinema, foi eleito o melhor filme no In-Edit Brasil – Festival Internacional do Documentário Musical, em 2017, e levou o prêmio na edição deste ano do Festival Internacional de Cinema Brasileiro, em Milão.
O filme também abriu o festival É Tudo Verdade, ano passado, no Brasil. Já passou pelo Chile, pela Espanha, por Portugal, pela Itália, pela Dinamarca, pelos Estados Unidos e pelo Canadá. E está indo para a Inglaterra.
O documentário conta a história da MPB desde os tempos da Rádio Nacional até os dias atuais, tendo como fio condutor a carreira do maestro Severino Filho, pai de Lúcia e fundador do grupo Os Cariocas, responsável pelo lançamento da Bossa Nova no país. Apesar da alegria pelo bem-sucedido projeto, Lúcia, que vive na Europa há dois anos, reclama da falta de reconhecimento no Brasil.
"O trabalho que eu faço tem muito mais chance de dar certo aqui. Grande parte do investimento para esse filme saiu do meu bolso porque não consegui apoio. Sabe por que não lanço no Brasil? Porque preciso do restante do dinheiro. É pouquíssimo, mas ninguém no Brasil quer dar. O dinheiro sai sempre dos mesmos lugares e vai para as mãos das mesmas pessoas. Até que uma hora você cansa, enche o saco por não ser prestigiada. Fiquei em cartaz com um espetáculo durante cinco anos e ninguém me dava bola. Não tenho espaço no meu país. Se estou em Milão, apareço em todos os jornais. Em Portugal, em todas as TVs. O Brasil não está nem aí para mim", disse ao jornal.
Lúcia, que fundou a produtora Canela em 1982, contou ao jornal O Globo que tem outros três roteiros novos para o cinema, mas só colocará em prática ano que vem, pois, até o fim de 2018, ainda estará viajando para promover o filme em festivais.
A artista, que nos últimos anos se dividiu entre Itália e Portugal, passará a viver definitivamente em Portugal. Os fãs da atriz, de 60 anos, poderão revê-la na TV a partir do ano que vem, quando o canal Viva exibirá a reprise de Roda de Fogo, em que ela interpretou Laís Brandão.
"Foi um projeto superbacana, mas saí na metade da novela. Houve uma briga na época por causa de uma entrevista que eu dei e meti o cacete em tudo. Eu e Paulinho (Ubiratan, diretor da novela) tínhamos uma relação de amor e ódio. Ele mandou eu sair da novela, ir para Paris. Não fiz até o final, mas foi muito legal. Eu e Bruna (Lombardi) éramos irmãs, somos muito amigas. Na época mais ainda. A gente se divertia muito fazendo aquilo. Tarcísio (Meira) também foi um colega maravilhoso. Era a primeira novela do Felipe (Camargo). Um elenco incrível, escolhido a dedo. Todo mundo muito amigo. Isso nos dava prazer de ir trabalhar. Ríamos desde o momento em que chegávamos até a hora de sair. Por mais que as cenas fossem complicadas, a gente terminava às gargalhadas. Essa parte da briga foi chatíssima. Os atores foram incansáveis, fizeram abaixo-assinado pedindo para eu ficar. A Isabela Garcia fez uma confusão danada lá, Tarcísio e Renata (Sorrah) também. Todo mundo ficou comovido com aquela história. Acabou que voltei muito melhor em seguida – relembra ela, que depois fez "Mandala" e o "Salvador da Pátria", trama em que interpretou Bárbara e que considera uma das mais lembradas pelo público, além de "Despedida de solteiro".
Lúcia contou à publicação que não gosta de rever antigos trabalhos.
"Nunca gosto de nada do que eu faço. Sempre acho que poderia ser diferente e melhor. Acho que é essa minha visão de diretora. Acredito que não tive nenhum trabalho maravilhoso".
A artista, cuja ultima atuação em novelas foi em Amor à Vida, em 2013, disse que não abandonou completamente a carreira de atriz.
"Mas só se receber um convite impossível de negar porque não é meu foco agora. Há muito tempo o foco tem sido dirigir, mas ninguém me dava espaço. Tive que fazer um filme para provar do que eu sou capaz, para ser premiada e, então, todo mundo me respeitar. Pelo menos fora do país".
Lúcia se dedicou ao cinema justamente após Amor à Vida.
"Logo que terminei, comecei a rodar o filme. E não surgiu nenhum convite para atuar. Eu também não procuro. Já me perguntaram por que não procuro fulano ou beltrano. Nunca fiz isso durante toda a minha vida. Sou tão operária quanto meu pai. Ele, da música, e eu, da televisão. Não sou uma celebridade. Se me chamarem, eu vou. Durante muito tempo, fiz uma novela atrás da outra. Me ligavam, eu ia lá e gravava. Não existia essa história de ser amigo do autor ou do diretor. Não existiam as patotinhas. Sou de uma outra época. Mas também não estou preocupada. Sempre me virei, produzi minhas peças de teatro. Não fico parada, tampouco fico caçando as pessoas para pedir papéis".
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