Luis Melo: “O Atílio é um prato cheio para qualquer ator”

Por - 24/08/13 às 10:11

Jorge Rodrigues Jorge/ Carta Z Notícias.

Desde que estreou na televisão – em Cara & Coroa, de 1995 , Luis Melo se especializou em personagens de forte apelo dramático ou de época, em minisséries como Hilda Furação e A Muralha, ou novelas como A Padroeira. Na busca por diversificação e papéis mais leves, Melo viu na ambiguidade do desmemoriado Atílio, de Amor à Vida, uma chance de aparecer na tevê de forma totalmente diferente.

"O Atílio é um prato cheio para qualquer ator. Ele me dá possibilidades de provocar o riso, ao mesmo tempo em que está no centro nervoso da novela", vibra o ator de 55 anos.

Natural do Paraná, Melo se descobriu na atuação ainda adolescente. Nos anos 1980, morando em São Paulo e sob a batuta do diretor Antunes Filho, se tornou o nome principal dos prestigiados Grupo Macunaíma e Centro de Pesquisa Teatral. O tom mais alternativo de sua formação não o atrapalhou na hora de ir para a televisão. E mesmo a contragosto de seus parceiros teatrais, encarou um dos papéis centrais de Cara & Coroa, sob a direção de Wolf 
Maya.

"Eu tive total apoio da direção e de toda a equipe técnica para este trabalho. Não sabia nem 
para onde olhar", diverte-se. Até hoje, Melo tenta conciliar trabalhos de caráter mais comercial da tevê com peças Luis Melo: de pegadacontemporânea.

"Me alimento de muitas referências e gosto de estar sempre atento aos convites que me estimulem como ator", entrega.

O Fuxico: O Atílio alterna momentos dramáticos e cômicos de acordo com o estado mental do personagem. Qual das versões mais o agrada?

Luia Melo  – Depende muito. Eu gosto de fazer comédia e tinha um tempo que ninguém me chamava para nada 
leve na tevê. Muito disso vem do fato de minha atuação ter uma forte carga teatral. Isso acaba me aproximando de personagens mais densos. Em seu estado mental perfeito, o Atílio é um tipo dramático e parecido com algumas coisas que já fiz. Então, fico na minha zona de conforto. Por outro lado, quando ele assume a identidade do Gentil, é mais divertido e complexo, pois me coloco em uma área de risco. Já fiz cenas hilárias com a (Elizabeth) Savalla e a Tatá 
(Werneck), coisas que me agregam como ator. O mais engraçado é que, dependendo do personagem, o clima nas gravações muda muito, mas é possível me divertir com o melhor desses mundos.

OF: Personagens de tintas mais simples têm um apelo mais forte com o telespectador. Você sente uma aproximação maior do público nas ruas?

LM: – Sem dúvida. O Atílio é um dos tipos mais populares da minha carreira. Acho que ele só rivaliza com meus personagens em Cobras & Lagartos, ou com o banqueiro Batista de O Cravo e a Rosa. A repercussão não poderia ser das melhores. É meu primeiro tipo pegador em novelas (risos). Então, as brincadeiras de quem me para na rua ou nos aeroportos são sempre no sentido dele estar flertando com a Marcia (Elizabeth Savalla), a Gigi (Françoise Forton) e 
a Vega (Christiane Tricerri) ao mesmo tempo.

OF: Na pele do Batista, de O Cravo e a Rosa, que é a atual reprise do Vale a Pena Ver de Novo, você trabalhou pela primeira vez sob o texto do Walcyr Carrasco. O que você sente ao rever esse trabalho?

LM: Sempre que posso, dou uma olhadinha. Era uma época em que o humor parecia tão distante de mim na tevê. Aí recebi o convite do Walcyr e do saudoso Walter Avancini (diretor) para um tipo bem diferente. Acho o tom de comédia impagável e bem caprichado. Batista era um sujeito de vida dupla que morria de medo da filha, Catarina. Essa 
premissa me rendeu muitas risadas com a Adriana Esteves. Toda vez que vejo minhas cenas, lembro do Walter e de como ele sabia muito bem o que queria de cada sequência.

OF: Atualmente, você concilia as gravações de Amor à Vida com a turnê nacional do espetáculo Ausência. Você solicita à Globo algum esquema de gravação diferenciado para dar conta dos dois trabalhos?

LM: Já deixei de acertar minha participação em alguma produção da Globo pelos horários serem bem complicados. Então, antes de fazer qualquer coisa, preciso saber se é possível respeitar meus compromissos com o teatro. Eu respeito muito meu contrato com a Globo. Em contrapartida, a emissora valoriza meu interesse pelo teatro. No caso de Amor à Vida, não gravo aos sábados e domingo, dias de apresentação de Ausência.

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