Malu Mader troca perfil de mulher chique por popular na TV
Por Redação - 20/04/13 às 09:04
Malu Mader costuma interpretar mulheres elegantes. Principalmente, em seus últimos trabalhos na tevê. Em Ti-Ti-Ti, de 2010, sua mais recente novela, ela deu vida a uma editora de revista de moda, a Suzana, e encarnou a pianista Eva Sullivan em Eterna Magia, de 2007, a vilã da trama de Elizabeth Jhin. Além disso, protagonizou Celebridade, em 2003, como a requintada Maria Clara Diniz, uma empresária bem-sucedida do show business.
Mas, em Sangue Bom, que estreia dia 29, Malu vai mostrar uma faceta bem diferente. Na pele da garçonete Rosemere, a atriz terá de extravasar um lado mais destemperado, o que a tem divertido bastante durante as gravações.
"É uma personagem deliciosa e engraçada. Mas não por fazer graça e sim pelo jeito irritado que tem. A Rosemere é muito apaixonante", derrama-se.
Mas Malu não exalta o fato de voltar a viver um papel de pegada popular. Ela fez uma prostituta em Labirinto, exibida pela Globo em 1998. O que conta para a atriz é gostar da personagem que interpreta. E foi justamente o que aconteceu assim que leu a sinopse de Rosemere.
"Acho que quando você tem uma personagem legal, naturalmente você se sente confortável nela", avalia.
Perto do coração
Depois de 27 anos do sucesso de Anos Dourados, Malu Mader e Felipe Camargo repetem a parceria em Sangue Bom. Os dois viveram um casal apaixonado na minissérie de Gilberto Braga e, agora, interpretam Rosemere e Terácio, que se reencontram após 20 anos separados. Para Malu, é emocionante voltar a trabalhar com o amigo.
"Eu fui ser atriz porque vi Capitães de Areia. E o Felipe era do grupo. Não é que estou ficando velha e, por isso, estou ficando emotiva, mas é inevitável, faz parte", reconhece.
O trabalho em Anos Dourados traz outras recordações afetivas para a atriz. Isso porque, na adolescência, ela costumava escutar os pais contando sobre como se conheceram nos bailes. E as msicas que faziam parte da trilha sonora eram as mesmas que gostava de ouvir.
"Quando eu fui fazer, parecia que aquilo já estava em mim e não que era uma coisa contada e de ficção, era meio real", revela.
Dobradinha afiada
Outra parceria que Malu tem a chance de repetir em Sangue Bom é com Dennis Carvalho, diretor de núcleo. Foi ele que a chamou para a primeira novela de sua carreira, Eu Prometo exibida pela Globo em 1983. Depois, sob a direção de Dennis, Malu atuou em Corpo a Corpo, de 1984, O Dono do Mundo, de 1991, Anos Rebeldes, de 1992, e Celebridade exibida entre 2003 e 2004, entre outras.
"Fizemos grandes trabalhos juntos. A gente não trabalhava há algum tempo e, realmente, tem sido um prazer", empolga-se.
O Fuxico: Ao longo de sua carreira, você acumulou papéis de mulheres elegantes. Que referências buscou para compor uma personagem de caráter popular como a Rosemere?
Malu Mader: É curioso isso. Em alguns trabalhos, você busca referências. E há outros trabalhos que, instantaneamente, quando você lê, elas vêm. Há, sem dúvida nenhuma, coisas minhas nela que não são aparentes e que agora eu não saberia dizer exatamente o quê. E nem contaria para não me entregar (risos). Mas há muito da minha mãe, que era intensa na questão da maternidade. E tem uma amiga minha paulista que também é muito Rosemere sob um determinado ponto de vista. São coisas subjetivas. Toda hora que eu vou decorar o texto, me vem essa amiga minha.
OF: Chegou a ser uma surpresa para você essa escalação?
MM: Não. Eu não me vejo assim, como uma pessoa dessa elegância toda. Eu já fui sem dinheiro. Sou de classe média. Acho que uma pessoa, ao longo de uma vida, pode oscilar entre ganhar dinheiro e perder. Obviamente, o figurino ajuda a compor, é o lado de fora. Mas o que faz um personagem ficar marcante para as pessoas é a alma dele, é a maneira como o ator sente aquele personagem. É o sentimento que faz as pessoas gostarem, acreditarem que a personagem está ali.
OF: Sua trajetória é marcada por heroínas e papéis de destaque, sem muitas nuances. Manter-se nessa zona de conforto é uma preferência sua?
MM: Eu nunca fui muito de buscar papéis diferentes um do outro. Claro que ninguém gosta de estigma, mesmo que seja um bom estigma, que seja uma mulher bonita ou elegante ou sexy. Mas eu nunca fui muito preocupada também em fugir de estigmas, do tipo: "Ah, não quero fazer a mesma coisa". Eu fazia o que vinha para mim, tentava fazer da melhor maneira possível.
OF: Ultimamente, sua presença nas novelas tem sido bissexta. Foi uma escolha sua?
MM: Foi acaso total. Eu fiz muita novela. Emendei desde 16 anos até quando os meninos nasceram. Quando o João nasceu, foi o primeiro ano em que não fiz nada. Fui morar em Nova Iorque, foi a primeira vez também que o Tony (Beloto, dos Titãs, marido da atriz) deu um brake para escrever livro. Isso foi em 1995. Logo depois eu voltei e comecei a fazer programas especiais. Veio A Vida como Ela É, A Justiceira, A Comédia da Vida Privada. Engravidei do Antônio quando eu estava fazendo A Justiceira. No ano dele, só fiz um episódio do Mulher. Quando eu tinha filho, parava um ano.
OF: Mas os intervalos maiores começaram a partir de Força de Um Desejo, de 1999. Por quê?
MM: Desde Força de Um Desejo, eu comecei realmente a dar uns brakes. Já tinha os dois filhos, tive problemas de saúde também (a atriz recebeu o diagnóstico de um cisto benigno na cabeça). Aí, dei uma diminuída, talvez por ter feito bastante uma vida inteira. E, de repente, eu tenha feito um processo inverso. As pessoas começam devagar e depois dão uma acelerada. Eu tive uma adolescência de bastante trabalho e, depois que tive meus filhos e alguns problemas de saúde, eu, talvez, tenha tido vontade de ter uma vida de meia-idade, dar uma desacelerada.
OF: E como fez isso?
MM: Depois de Força de Um Desejo, fiz alguns filmes. Depois que tive a coisa na cabeça, fiz Eterna Magia, Ti-Ti-Ti e entre essas dei espaço de dois anos. Mas, depois de Ti-Ti-Ti, não foi uma decisão assim: "Ah, agora só trabalho de dois em dois anos".
OF: Mas chegou a receber algum convite para a tevê entre Ti-Ti-Ti e Sangue Bom?
MM: Não gosto muito de falar assim, sobre que tipo de convite eu tive, porque, normalmente, quando você recusa um convite, alguém faz. Acho meio indelicado. Mas eu tive um convite nesse meio tempo que eu achei por bem não fazer. Precisava organizar minha vida. E, na verdade, esse convite que eu recebi era um bom convite, de uma pessoa que eu gosto. Mas a personagem não era para mim, era para quem fez. Eu achei até que foi legal terem me chamado, que pensaram em mim até por uma continuidade de uma outra coisa, de outros tempos, uma coisa que tinha sido feliz e acho que foi para a mão certa.
OF: Desde Celebridade, de 2003, você não atua em uma trama das 21 horas. Isso também se deve a essa desacelerada da qual você se refere?
MM: Não. As coisas acontecem do jeito que acontecem. Evidentemente que a gente sabe que novela das nove é um lugar de maior projeção. Mas não foi de forma alguma uma administração de carreira. Tudo o que eu quero é um papel gostoso.
OF: O canal Viva vai reprisar Anos Dourados e Anos Rebeldes, dois sucessos em sua carreira. Como é para você se assistir em trabalhos passados?
MM: Adoro. Tem gente que fala que não gosta, mas eu adoro. Tenho cinco sobrinhas e acho que a gente se parece muito. E, em cada cena, eu vejo um pouco de cada uma delas. Às vezes, uma delas me liga e fala: "Tia, você está vendo?". E eu sei que elas estão ligando porque estão se achando parecidas. A sensação não é nem que eu estou mais jovem, é de que é outra pessoa, parece que é outro ser. Porque é uma vida já tão distante, tantas coisas aconteceram naquele tempo, que parece que é outra pessoa ali. Juro. Quando você é atriz, realmente, é uma vida cheia de personagens, de histórias, que parece que foi em outro século aquilo.
Trajetória Televisiva
# "Eu Prometo" (Globo, 1983) – Dóris.
# "Corpo a Corpo" (Globo, 1984) – Beatriz.
# "Ti-Ti-Ti" (Globo, 1985) – Walkíria.
# "Anos Dourados" (Globo, 1986) – Lourdinha.
# "O Outro" (Globo, 1987) – Glorinha.
# "Fera Radical" (Globo, 1988) – Cláudia.
# "Top Model" (Globo, 1989) – Duda.
# "O Dono do Mundo" (Globo, 1991) – Márcia.
# "Anos Rebeldes" (Globo, 1992) – Maria Lúcia.
# "O Mapa da Mina" (Globo, 1993) – Wanda.
# "A Comédia da Vida Privada" (Globo, 1996) – Beatriz / Clara.
# "A Vida Como Ela É" (Globo, 1996) – Vários personagens.
# "A Justiceira" (Globo, 1997) – Diana.
# "Labirinto" (Globo, 1998) – Paula Lee (Ângela).
# "Força de Um Desejo" (Globo, 1999) – Ester.
# "Brava Gente" (Globo, 2000) – De Lourdes / Patsy.
# "Sítio do Picapau Amarelo" (Globo, 2001) – Cuca.
# "Os Normais" (Globo, 2001) – Paula.
# "Celebridade" (Globo, 2003) – Maria Clara.
# "Eterna Magia" (Globo, 2007) – Eva.
# "Guerra e Paz" (Globo, 2008) – Sônia.
# "Ti-Ti-Ti" (Globo, 2010) – Suzana.
# "Sangue Bom" (Globo, 2013) – Rosemere.
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