Mano Brown: ‘Não existe lugar mais racista que São Paulo’

Por - 09/12/16 às 17:03

Reprodução/Youtube

Nesta sexta-feira (9), Mano Brown lança, aos 46 anos, seu primeiro disco solo, Boogie Naipe, com músicas sobre o amor. As 22 faixas contam com participações de nomes como Carlos Dafé e Leon Ware, ex-parceiro de Marvin Gaye, Quincy Jones e Michael Jackson.

Em conversa com ao Trip TV, o rapper mais importante do Brasil fezz um balanço de sua trajetória de 28 anos a frente do grupo Racionais MC's e falou sobre diversas fases da carreira. Ele contou que, quando era mais novo, parecia um “cachorro louco”.

“Eu vi um a entrevista do Ice T, que ele disse que, quando ele era mais jovem, ele era igual um cachorro louco. Quando ‘soltavam’ ele, saía ‘mordendo’ tudo. Eu era assim também. Hoje, a gente tem que ser mais estrategista, o mundo hoje exige mais inteligência, mais reflexão”, disse.

Sobre a fase ‘gangsta’ da juventude, Mano Brown contou que a ostentação, que está em alta hoje em dia, já faz tempo que existe. "A gente colocava os pacotes de dinheiro na mesa junto com as armas e tirava foto. Essa onda gangsta de hoje, de ostentar, a gente já fazia em 1993", disse.

O rapper ainda revelou que, no início, a banda se comportava como um gangue de verdade. “O Racionais se comportava que nem gangue no início. O dinheiro era repartido igual em assalto, cada um sumia com seu dinheiro, ninguém investia em nada”, disse.

Sempre morador da periferia de São Paulo, Mano Brown revelou que já usou armas várias, mas nunca matou ninguém. “A gente andava com 6 ou 7 revólveres, às vezes. Os três vocalistas, cada um com uma… a gente cantava armado. Já usei bastante, mas nunca matei ninguém, não… espero que não. A gente foi assaltado uma vez. O motorista foi no banheiro e ficou assistindo ao show. Aí, alguém foi lá, arrombou a van e roubou tudo que a gente tinha, documentos, todas as roupas. Aí quando nós fomos buscar, os caras já foram dando tiro na gente”, contou.

Sobre as diferenças sociais existentes no mundo de hoje, Mano Brown acredita que não existe lugar mais racista que São Paulo. “Todo mundo fala de racismo, mas lugar mais racista que São Paulo não existe. Eu moro em qualquer lugar do mundo. Até em Berlim eu moro. Aqui é pior que lá”, afirmou.

Em um mundo cada vez mais dominado pelas mulheres, Mano Brown revelou que se considera machista. “Eu me considero machista, a gente é criado num sistema machista. É difícil para a gente admitir todos os direitos iguais. É difícil para um homem admitir um casamento aberto, por exemplo. Não dá para admitir sua mulher com outro homem”, afirmou.

Lançando um novo trabalho solo com “músicas românticas”, Mano Brown revela que “sempre foi romântico”. “Para bagunçar, eu falo que hoje eu estou romântico. Mas aí eu paro para pensar e vejo que sempre fui romântico, sempre acreditei em coisas impossíveis”, afirmou.

Confira o vídeo da entrevista para a Trip TV!

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