Manuela Dias sobre escrever Amor de Mãe: ‘Um enorme desafio’

Por - 25/11/19 às 08:10

Divulgação/Amor de Mãe/TV Globo/Estevam Avellar

Manuela Dias é a autora da novela Amor de Mãe, nova novela das 21h da Globo.

Aos sete anos, Manuela ganhou uma enciclopédia sobre mitologia grega. Foi o estopim para o início de sua carreira na dramaturgia. O interesse de criança a levou a estudar grego e a aproximou do escritor Geraldinho Carneiro. Ela viu pela primeira vez, na prática, como era o trabalho de um autor e descobriu ser essa também sua vocação.

Na Bahia, onde nasceu, cursou a faculdade de jornalismo. E, já morando no Rio de Janeiro, entrou para o curso de cinema. A partir de sua estreia como autora de teatro, foi convidada para atuar como pesquisadora do programa Sandy e Junior, na Globo. E não parou mais. Foi roteirista do seriado A Grande Família (2001-2014) e do programa Fama (2002), além de ter sido colaboradora de novelas de sucesso como Cordel Encantado (2011) e Joia Rara (2014). No início de 2016, foi destaque com a adaptação do clássico de Choderlos de Laclos, Ligações Perigosas.

Manuela teve aulas de roteiro com o Prêmio Nobel de Literatura Gabriel García Márquez, em Cuba, e tem trabalhos premiados no cinema. Em Love Film Festival, que ela assina o roteiro, atuou pela primeira vez como diretora. Antes de estrear sua primeira novela, escreveu a minissérie Justiça, exibida pela Globo em 2016 e que concorreu ao Emmy Internacional em duas categorias no ano seguinte. Justiça foi sua primeira parceria com o diretor José Luiz Villamarim, com quem divide novamente o trabalho em Amor de Mãe.

Para ela, escrever novelas sempre foi um grande desejo.

“Eu encaro escrever uma novela das nove, sobretudo como primeira experiência de autoria no gênero, como um enorme desafio. Não só pessoal, no sentido de emocional, físico, afetivo, mas também um desafio social que envolve muita responsabilidade. Estamos em um momento de ruptura social, polarização de formas de ver o mundo. É preciso criar laços de reconexão social. E eu acredito que toda reconexão passa pelo afeto. Meu desejo é fazer uma novela que fala sobre o maior amor do mundo, que é o amor de mãe”.

A autora explica o motivo de ter escolhido a maternidade como tema central.

“Quero criar os relevos da figura materna nesse Brasil tão diverso, muitas vezes injusto, e ao mesmo tempo tão vivo e sedutor. O Brasil sobrevive do suor e do leite das mães que mantém as crianças vivas. Nossa pátria é uma mátria. Tenho profunda admiração pelas mulheres brasileiras e quero fazer a elas uma louvação. Apesar da sociedade extremamente estratificada em que vivemos, a figura da mãe é um corte vertical que une todas as classes. Todo mundo tem mãe. Mesmo morta ou ausente. Todos fomos gerados pelo corpo de uma mulher que, de alguma forma, molda a semente no berço. Somos um país sustentado por mulheres que criam seus filhos sozinhas, apesar de tudo e contra todos. É como dizem… só quem é mãe sabe do que eu estou falando. Eu tenho uma mãe que é uma dessas leoas que desbravam o mundo abrindo um caminho de flores à sua frente, apesar do mundo inconstante. Eu lutei muito para ter um bebê e essa novela nasce junto com Helena, minha filha de três anos”.

Ela define sua história.

“Amor de Mãe conta a história de famílias que se amam. Irmãos que se amam. Mães que, apesar de suas imperfeições, imaginam estar fazendo o melhor por seus filhos e que, por eles, são capazes de tudo. O que leva a narrativa é sempre a batida do coração dos personagens. A novela é sobre o amor e as escolhas que fazemos em momentos de desespero. Pessoas muito boas podem chegar a fazer coisas extremas em uma situação-limite. Na verdade, eu acredito que todos somos capazes de tudo. As circunstâncias têm uma força bruta, capazes de forçar nosso caráter ao máximo. A novela é sobre esse limite dentro do amor de uma mãe por seus filhos. É claro que também existem pais que experimentam esse amor transcendental pelos filhos, na novela temos pais assim.

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