Marcelo Mansfield redescobre o prazer de trabalhar na tevê
Por Redação - 06/01/13 às 10:08
A televisão sempre teve um papel periférico na carreira de Marcelo Mansfield. Influenciado na mesma medida pela verve cômica de humoristas brasileiros – como Chico Anísio e Jô Soares , e pela postura simples de craques do stand-upcomedy americano como Steve Martin e Bill Cosby , Mansfield, no ar como comediante do Agora É Tarde, da Band, até encarou pequenos papéis em novelas como Mulheres de Areia e Desejos de Mulher. Mas sempre esteve focado em seu trabalho no circuito teatral de São Paulo. Para ele, o grande trunfo de fazer comédia sem muita produção é a possibilidade de evidenciar a qualidade do texto.
"Não é uma questão de bordão ou figurino, mas sim de uma abordagem exagerada do cotidiano. A grande inspiração de qualquer humorista que dá a cara a tapa em um show de stand-up são suas vivências e observações", analisa.
Natural de São Paulo, aos 56 anos, Mansfield enxerga a atração comandada por Danilo Gentili como um encontro de seu humor com o público da tevê aberta.
"Pela primeira vez, estou realmente feliz na tevê. Precisei adaptar a linguagem do meu humor e deixá-lo mais abrangente. Como consequência, é bom mostrar meu trabalho a um público bem maior", garante.
O Fuxico: Você iniciou sua carreira como ator de teatro e em comerciais de tevê. Como se descobriu comediante?
Marcelo Mansfield: A comédia faz parte de mim desde sempre. Eu era aquela criança irritante e engraçadinha da família. E meus pais sempre me incentivaram a seguir por esse lado, a desenvolver essa veia artística que se revelou pelo humor. Esse lado de usar a comédia como profissão foi surgindo aos poucos e a publicidade dos anos 1980 me influenciou bastante.
OF: Como assim?
MM: Nos anos 1980, os comerciais eram carregados de humor e ironia. Era muito divertido fazer parte daquilo. Eu exercitava no teatro o tom das piadas e levava para a propaganda algumas boas ideias. Hoje, se você fizer um comercial que fuja do habitual humor chapa branca, é possível que alguém o processe. Isso não é só na publicidade. Um simples comentário na internet pode ofender muitas pessoas com sensibilidade ao humor. A atual patrulha do politicamente correto arrasou com a produção de comerciais do Brasil. E atinge todos os âmbitos da tevê também.
OF: Mas o Agora é Tarde tem um tom de humor bem corrosivo. Você toma algum cuidado com o que fala durante as gravações do programa?
MM: O programa vai ao ar em um horário em que se tem alguma liberdade. No entanto, ao longo da minha carreira e depois de algumas experiências, decidi não fazer mais piadas escatológicas ou com doenças graves (risos). É uma autocrítica minha. Acho que o humor não precisa de limite, mas sim de bom senso. Já falei coisas absurdas no programa e, pelo meu senso crítico, pedi para a produção cortar as cenas na edição.
OF: Sua função no Agora É Tarde é interferir nas entrevistas e criar situações de humor. Suas intervenções são improvisadas ou seguem apenas o roteiro?
MM: A gente não trabalha de forma travada. É claro que existe um roteiro e respeitamos isso. Só que, se ocorre alguma coisa que cabe uma piada, o microfone está ligado e eu vou fazer. Hoje, estou completamente à vontade com a minha função no programa. Ao longo do tempo, consegui chegar a um equilíbrio sobre o que funciona na tevê ou não.
OF: Você trabalhou como ator em novelas como Mulheres de Areia e A Lua Me Disse. Gostaria de ter investido mais em teledramaturgia?
MM: Acho que foi um momento e um meio de pagar as contas (risos). Eu não gosto de fazer novela. É muito difícil um comediante ter um papel consistente em um folhetim. Quando tem um papel extremamente cômico, os diretores preferem entregar essa responsabilidade aos grandes atores. Por exemplo, acho fantástico o que o Tony Ramos faz em Guerra dos Sexos. Gosto de assistir, mas não me vejo mais na rotina cansativa de uma novela.
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