Marcelo Tas: “O jovem quer um jornalismo que não o trate como idiota”

Por - 27/04/13 às 09:35

Paulo Figueiredo / Carta Z Notícias

Prestes a completar 30 anos de carreira na televisão, Marcelo Tas fez parte do cotidiano de diferentes gerações. Entretanto, foi com o CQC, da Band, que o apresentador, de fato, alcançou a notoriedade entre o grande público. Isso porque, no comando do jornalístico desde 2008, ele conseguiu, com ajuda de uma formato bem-humorado, aproximar os jovens a assuntos como política, economia e problemas sociais. Tal façanha só foi possível, de acordo com Tas, pela linguagem usada no programa.

"Eu sempre tive certeza que o jovem brasileiro gostaria de ter um jornalismo que não o tratasse como idiota. Muitas vezes, quando se tenta fazer um programa para jovem, se usa uma linguagem diferente, como 'E aí, galera'. E isso não dá certo", garante.

Mas esse flerte com o público jovem não é de hoje. Tas chama atenção desse nicho desde 1983, quando estreou na tevê com seu primeiro personagem, Ernesto Varela, na TV Gazeta. A maneira irreverente com que ironizava personalidades políticas da época era sua marca registrada. Em 1990, descobriu que também tinha facilidade para se comunicar com a faixa etária infantojuvenil.

Foi quando entrou para o elenco do programa educativo Castelo Rá-Tim-Bum, onde interpretou dois personagens, o Professor Tibúrcio e o Telekid, conhecido por seu bordão "'porque sim' não é resposta". Além de trabalhar como apresentador e ator, Tas tem, em sua trajetória, passagens pelas áreas de direção e roteiro televisivo, como nos programas Netos do Amaral, exibido pela MTV Brasil em 1991, Telecurso 2000, produzido pela Globo em 1995, e Oficinas Culturais, transmitido pela TV Cultura em 1998.

"Minha conexão com o público infantil nasceu com o Rá-Tim-Bum nos anos 1990 e hoje eu não consigo recusar um projeto infantil", confessa.

O Fuxico: O CQC brasileiro é o mais assistido entre as suas versões pelo mundo. Inclusive, chegou a ultrapassar a audiência do formato argentino, onde o programa foi criado. Qual você acha que é o diferencial do jornalístico nacional?

Marcelo Tas: Eu creio que o CQC do Brasil conseguiu trazer uma contribuição criativa para um formato que era muito engessado. Antes, o programa tinha um formato muito rigoroso e isso é muito legal, até o ponto em que você percebe que pode inovar. Então, o crescimento da nossa versão nacional deu confiança aos caras que criaram o programa para irem assimilando contribuições criativas que nós fizemos aqui. 

OF: Por trabalhar com pautas voltadas para a área política, o CQC já teve alguns problemas para produzir e realizar sua matérias, como ter seus integrantes proibidos de entrar no Congresso Nacional, em Brasília. Como você encara esses contratempos?

MT: Nós começamos esse ano com uma tentativa da Câmara dos Deputados de impedir nosso trabalho lá dentro, isso foi debatido com a mesa diretora da Casa e resolvido. Infelizmente, no Brasil, nós ainda temos um fantasma de um controle, que pode chegar até em censura. São mecanismos que, muitas vezes, impedem os jornalistas de trabalhar e os comunicadores de emitir suas opiniões. E isso é algo que nós não podemos aceitar. Então, o CQC luta com humor pela liberdade de expressão e pela livre crítica. 

OF: Além da atuar como comunicador através da televisão, você também usa muito a internet como plataforma de comunicação direta com o seu público. Qual é a utilidade principal da web para você?

MT: O blog que eu mantenho no Terra é a minha plataforma principal de comunicação. Lá, obtenho muitas pautas para o CQC, e às vezes, quando não consigo falar tudo o que gostaria na bancada do programa, utilizo o blog para me expressar. 

OF: E esse contato direto e constante com os internautas, em geral, agregou alguma experiência significativa a você como comunicador?

MT: Ao longo desses anos, eu aprendi a fazer uma coisa que é muito difícil quando se está no papel de comunicador, que é ouvir o outro. Esse é um grande desafio para quem trabalha nessa área hoje, especialmente para os jornalistas. Porque a gente foi criado dentro de um laboratório onde ninguém nos avisou que precisávamos ouvir o nosso leitor, o nosso ouvinte ou o nosso telespectador. E a era que a gente vive agora é voltada para a interação e para isso você precisa ouvir. 

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Marcelo Tas:

Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.