Marcos Pasquim prefere fazer vilões a mocinhos

Por - 02/09/13 às 19:02

Pedro Paulo Figueiredo/ Carta Z Noticias

O orgulho que Marcos Pasquim tem de seu passado descamisado é visível. Mas a experiência longa em interpretar os heróis aventureiros típicos das novelas de Carlos Lombardi com quem Pasquim trabalhou seis vezes fez com que o ator sentisse falta de encarnar tipos de caráter duvidoso, como o inescrupuloso Carlito de Saramandaia. Tanto que, agora, é justamente esse desvio sua maior motivação nas cenas que grava na trama de Ricardo Linhares.

"Vilão nos dá mais opções para seguir. Mocinhos são mais difíceis, ainda mais quando você faz muitos, porque têm sempre uma trajetória muito reta. Já os malvados podem ser irônicos, ranzinzas, enfim, 'ene' coisas", avalia. 

 Marcos Pasquim: Na história, Carlito é afilhado e principal aliado do truculento Zico Rosado, vivido por José Mayer. Funciona como um marqueteiro na vida política de Zico, adotando inclusive um vocabulário que destoa completamente do "saramandês" que se destaca na novela. Essa talvez seja a única característica que Pasquim lamenta e, assume, sua maior dificuldade nas sequências.

"Na primeira versão, Carlito era malandrão carioca. Agora, a orientação que recebi foi de manter um tom de mistério nele. Acho que cai bem no papel, mas é completamente diferente do clima dos outros personagens. Eu ia adorar falar como um bole-bolense", diz, referindo-se à cidade fictícia da obra de Dias Gomes. Na versão original, Carlito foi vivido por Milton Moraes.

Ao contrário de quando interpretava mocinhos, Marcos precisou emagrecer para começar a gravar Saramandaia. A orientação veio em função do figurino escolhido para Carlito, que ficava sempre justo demais no ator.

"Era diminuir ou ficar parecendo segurança, com as camisas quase explodindo", brinca ele, que não chegou a ter grande êxito nessa tarefa.

Pasquim deixou de lado sua rotina de exercícios físicos ao longo de um mês e conseguiu reduzir seu peso de 84 para 81 quilos.

"Não acho que hoje em dia eu consiga perder muito mais. O metabolismo desacelera com a idade, o corpo não funciona da mesma forma. Meu biotipo é esse, mais forte mesmo. Só não podia estar com o músculo tão inchado", explica o ator, que tem 44 anos. 

Na pele de seu terceiro vilão na tevê – o primeiro veio em Chiquititas, em 1998, enquanto o segundo foi em A Lua Me Disse, em 2005 , Marcos garante que, quando sai nas ruas, a repercussão é exatamente como esperava.

"Eu queria que me odiassem e consegui", atesta.

Mas confessa que, mesmo depois de cinco anos de seu ltimo trabalho com o tórax descoberto, ainda ouve uma ou outra brincadeira sobre o passado.

"Tem sempre um para dizer que não me reconheceu porque estava com camisa. Acho que tem gente que pensa que essa foi uma trajetória escolhida por mim. Não foi, mas me orgulho bastante dela", defende.

Além de interpretar tipos de caráter menos reto, Pasquim tem outro desejo para seu futuro próximo na televisão. Enquanto foi o ator favorito de Carlos Lombardi que se prepara para estrear Pecado Mortal em breve, na Record para estrelar suas novelas, seus papéis sempre tinham uma carga forte de humor. Um traço que quer voltar a experimentar. Enquanto não consegue isso nos folhetins, o ator se prepara para atuar na comédia E Aí, Comeu?, versão para os palcos do filme estrelado por Marcos Palmeira, Bruno Mazzeo e Emílio Orciollo Netto, que deve estrear em novembro.

"Até fiz um pouco de humor em Morde & Assopra e Caras & Bocas, ambas do Walcyr Carrasco. Mas espero por algo em que esse gênero esteja mais presente no meu núcleo", torce.    

Ator por acaso
Marcos Pasquim trabalhava como programador  na área de Tecnologia da Informação quando iniciou a carreira de modelo. Na época, começou a ser inserido em testes de publicidade com texto e seu êxito fez com que apostassem no jovem paulistano para a seleção do elenco da montagem do espetáculo Blue Jeans, de Wolf Maya, em 1992. Logo foi escolhido e três anos depois já estreava em novelas, na pele do delegado Cosme de Cara & Coroa.

"Eu não tinha muita noção da responsabilidade que era aquele trabalho. A ficha não caiu de primeira. Acho que eu poderia ter me dedicado mais desde o início, mas só me toquei disso no decorrer da trama", assume.

Depois, passou pela Manchete, onde atuou em Mandacaru, voltando para a Globo em seguida, em Malhação. Mas a carreira na tevê só decolou mesmo depois de integrar o elenco de Chiquititas. Com o sucesso da trama infantil do SBT, Pasquim conseguiu uma vaga, em 2000, para Uga Uga. Caiu no gosto de Carlos Lombardi e, dali, passou a ser quase que exclusivo do autor, atuando em O Quinto dos Infernos, Kubanacan e Pé na Jaca, entre outros trabalhos.

"Outros até me procuravam, demonstravam interesse em trabalhar comigo. Mas o Lombardi me reservava sempre e com papéis centrais. Foi uma fase bem produtiva", lembra.

Instantâneas
# O convite para fazer Saramandaia surgiu depois que Marcos Pasquim fez uma participação na reta final de Cheias de Charme. Ali, trabalhou com Denise Saraceni, diretora da atual novela das 23 horas da Globo.

# Quando gravou Chiquititas, o ator morou na Argentina. Eram lá os estúdios da novela.

# Marcos já participou de três montagens diferentes do espetáculo Blue Jeans, que marcou sua estreia como ator.

# O ltimo descamisado que interpretou foi no seriado Guerra & Paz, na pele dos aventureiros Pedro Guerra e Tony Tijuana.

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