Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari falam sobre a criação de Sangue Bom

Por - 28/04/13 às 18:00

Pedro Paulo Figueiredo / Carta Z Noticias

Apesar da parceria entre Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari ser antiga – eles já trabalham juntos há cerca de 15 anos –, Sangue Bom é a estreia dos dois como coautores de uma trama. Quando saiu da Oficina de Autores da Globo, Vincent, hoje com 34 anos, foi convidado pela autora para ser colaborador no remake de Anjo Mau.

"Ele tinha 17 anos e já era um talento", valoriza, orgulhosa.

De lá para cá, foram cinco trabalhos como colaborador até ter a chance de dividir a autoria da nova novela das sete. "Este momento é uma consequência natural e justa da trajetória que trilhamos juntos", avalia Maria Adelaide, que completa 71 anos em 2013.Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari falam sobre a criação de Sangue Bom

Nascida em Portugal, a autora se considera brasileira e, acima de tudo, paulista. Esse foi um dos motivos para eleger São Paulo como cenário da comédia urbana. O bairro da Casa Verde, escolhido para ser pano de fundo da trama protagonizada por Bento, Amora, Fabinho, Malu, Giane e Maurício, interpretados respectivamente, por Marco Pigossi, Sophie Charlotte, Humberto Carrão, Fernanda Vasconcellos, Isabelle Drummond e Jayme Matarazzo, foi ideia de Vincent.

"Cresci em um bairro vizinho. As ruas, as casas sem muro, a afinidade entre os moradores são parte das lembranças da minha infância", explica o autor.

O Fuxico: Como nasceu a ideia de escrever Sangue Bom? 

Maria Adelaide Amaral: A ideia surgiu a partir de personagens. Quando a atriz Elizabeth Taylor faleceu, em 2011, fiquei pensando na importância da figura dela. Uma mulher forte, emblemática, que casou diversas vezes. Fiquei com isso na cabeça. E depois me ocorreu o tema da adoção. Desses dois assuntos, surgiu a primeira personagem, a Bárbara Ellen, que será interpretada pela Giulia Gam. 

OF: A novela tem seis protagonistas, todos jovens. Como é trabalhar com tantos personagens centrais?

Vincent: Não foi algo programado. A história foi se desenvolvendo e, quando vimos, tínhamos seis personagens muito fortes e bem traçados. A ideia inicial era focar no Bento, Amora e Fabinho, que cresceram no lar de adoção. Mas Malu, Maurício e Giane eram tão essenciais à trama que também deveriam estar à frente da novela.     

OF: A novela trata de adoção, tem uma ONG voltada para a recreação infantil e aborda a questão do "ter ou ser". É importante inserir algum tipo de merchandising social na trama?

Maria Adelaide: A adoção é pano de fundo da história, já que o orfanato onde alguns personagens cresceram não existe mais. É a parte do folhetim. O nosso merchandising social que é, sim, importante é o trabalho social desempenhado pela Malu. Nossa missão mostrando isso é ressaltar a importância que essas casas têm, já que as mães saem para trabalhar e deixam seus filhos lá.

OF: Apesar da parceria entre vocês existir há cerca de 15 anos, houve alguma discordância durante o processo de construção de algum personagem? 

Maria Adelaide: A Amora é o único personagem que nos faz discordar. O Vincent acha ela ótima e eu acredito que Amora está em uma linha tênue para se tornar vilã. Ela não tem limites nem escrúpulos. Fará qualquer coisa para atingir seus objetivos.

Vincent: Eu defendo porque entendo que ela teve uma infância muito difícil. E esse trauma a define. Não chega a justificar as atitudes que ela tem ao longo da novela, mas explica a maioria delas. No entanto, concordo que ela seja muito polêmica.

OF: Juntos, vocês já escreveram tramas para os horários das seis e das sete. Existe algum plano de produzir tramas para outros horários?

Vincent: Nossa primeira novela juntos foi Anjo Mau, transmitida no horário das sete em 1997. Mas acredito que, hoje em dia, ela não seria exibida nem às onze. Era uma novela muito ousada. E, como não tinha classificação indicativa, tínhamos uma liberdade muito grande. O horário das sete possibilita fazer uma história jovem e divertida, mas não tenho preferência. O importante é o contedo.

Maria Adelaide: O Vincent ainda vai fazer uma novela das oito, eu tenho certeza. Eu não tenho mais idade para isso, é um volume muito grande. Em 2015, já estou reservada para escrever para o horário das onze. Só ainda não sei se será uma releitura ou uma trama original.

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