Maria Mariana relembra com emoção seu último encontro com o pai, Domingos Oliveira, que morreu em casa no dia 23 de março de 2019. Diretor e ator, o criador da série "Todas as mulheres do mundo" tinha 82 anos quando partiu.
Por Redação - 26/04/20 às 18:33
Nova produção original da Globoplay, Todas As Mulheres Do Mundo, protagonizada por Sophie Charlotte e Emilio Dantas, foi inspirada na obra de Domingos Oliveira e já ganhou um filme, mas agora segue em formato de série.
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A atriz Maria Mariana, de 47 anos, filha do diretor, relembrou o seu último encontro com o pai em entrevista à colunista Patrícia Kogut. Domingos morreu em casa no dia 23 de março de 2019, aos 82 anos
"Ele só conseguia falar da morte comigo. Creio que porque acredito em reencarnação, tenho uma religião espírita… O nosso último encontro foi lindo. Ele estava bem, sabe? Tem sempre uma melhora antes de a pessoa ir. E eu estava lá neste momento" relatou ela, com emoção. "Passamos a noite juntos vendo um filme, era uma obra francesa tão bonita….."
"É que as opiniões que eu dava realmente traduziam o que ele estava fazendo. Ele desencarnou como ele queria. Ele escreveu um texto, registrou em cartório um documento que dizia que ele não poderia ir para o hospital sem que estivesse lúcido. Ele tinha muito medo. Ficou em casa, contra tudo e contra todos", contou.
Após dez anos longe da TV, a artista retornou como a terapeuta Clarissa, justamente no seriado que tem na essência o trabalho de Domingos. Seu último trabalho foi em As Cariocas (2010).
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"Achei bom ter voltado nesta condição tão especial. Meu pai tinha desencarnado há pouco tempo. No set, recebi mutio afeto das pessoas. Fazer série é diferente do que seria qualquer outro trabalho. Fico feliz. Mais uma vez, é meu pai me abençoando", afirmou. "Por um tempo, me distanciei um pouco da televisão, fui me encaminhando para os bastidores, tive quatro filhos (Clara, de 20 anos, Laura, de 18, Gabriel, de 16, e Isabel, de 13). Agora estou morando em Petrópolis [Rio de Janeiro]. Hoje sou professora de ioga, tenho formação em Antroposofia (ciência espiritual fundada pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner), Constelação Familiar… Tenho formação como terapeuta, mas agora curso também a gradução em Psicologia. E tem tudo a ver com o papel", detalhou ela.
Conhecida por ter protagonizado o seriado Confissões de Adolescente e também escrever as primeiras temporadas de Malhação, Maria relatou o processo de abandonar um pouco as câmeras e como é lidar com isso até hoje.
"Nunca é cem por cento [a isenção de culpa]. A gente está sempre em processo, né?! Tive uma vida profissional muito intensa. Sempre que um filho meu nascia, meu pai dizia: "Filha, você vai parar sua vida…?". Não vou dizer que é completamente resolvido em mim."
Para ela, a condição médica pela qual passou a fez exergar o mundo de outra maneira.
"Agora estou podendo trabalhar melhor, buscando realizações. Tive um tumor cerebral em 2015, fiquei dois anos em recuperação. Não sentia dores de cabeça, não sentia nada. Até que tive uma superconvulsão. Me levaram para o hospital, tive que fazer cirurgia, fiquei 21 dias em coma e depois fiquei dois anos fora do ar para me restabelecer. Então, estou indo devagarinho, aos poucos. Eu praticamente renasci. Mas o processo foi bem intenso. Graças a Deus agora estou me sentindo bem intelectual, física e emocionalmente. Não estou com pressa. Tudo tem seu tempo de acontecer."
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"Tive que reaprender tudo: de andar a entender, agradecer… Mudou tudo. Me sinto totalmente renovada, vendo a vida de outro lugar. Sinto que isso que aconteceu pode ter sido uma preparação para lidar com a morte do meu pai. Eu estava bem mais forte."
Hoje recuperada, Maria Mariana se diz orgulhosa da herança artística e celebrou o sucesso de Todas As Mulheres Do Mundo, adaptada por Jorge Furtado e Janaína Fischer.
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"Eles escreveram um texto que parecia psicografado. Parecia que meu pai que tinha escrito! Patrícia Pedrosa [diretora] também tem tudo a ver com o jeito dele dirigir. Sempre trazendo harmonia, sem impor convicções, trazendo o ator para chegar por si mesmo aonde ele queria ir, deixando cada um livre para se divertir. Meu pai era bem assim mesmo. Ele me mostrou um texto que tinha acabado de escrever, dei minha opinião… Antes de dormir, disse: "Filha, obrigado por me aproximar da minha obra", finalizou, feliz.
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