Mariana Ferrão comenta sobre as vítimas de Brumadinho: ‘Ainda vamos chorar muito’
Por Redação - 01/02/19 às 18:46
Correspondente do programa Bem-Estar em Minas Gerais, Mariana Ferrão usou as redes sociais para falar a respeito do que viu em Brumadinho.
"As camadas de dor são tantas e, muitas ainda estão escondidas sobre toneladas de lama. No sábado, havia uma angústia esperançosa no ar: centenas de pessoas achavam que iam encontrar seus parentes e amigos vivos. No céu a lua começava a minguar. E foi minguando, assim como a esperança de cada um, a cada dia. Os olhares atentos a qualquer movimentação foram dando lugar às pálpebras quase fechadas mirando o chão. Gente querendo desviar da própria dor. Mas a dor veio em enxurrada, em avalanche. A lama em lava de vulcão queimando sonhos, destruindo famílias inteiras. O que dizer numa hora desta? Dei abraços, troquei olhares. Gravei entrevistas. E outras não tive coragem de gravar porque, pra mim, naquele sofrimento, não cabia câmera. Só registro no coração", disse.
A jornalista ainda continuou: "Ontem conheci o seu Edson. Engenheiro geólogo que trabalhou muito tempo na Vale: “o que eu construí em 30 anos com a ajuda da empresa, a própria empresa me tirou em um segundo.” O Edson estava com roupa emprestada. A única coisa que sobrou da casa em que ele morava foram 11 corpos entre os escombros. Um era o da esposa. Ela avisou o jardineiro, que conseguiu fugir junto com a cozinheira, mas a esposa do Edson voltou para pegar o cachorro. Seu corpo foi encontrado com o cão nos braços. “História. Foi tudo que restou.”, ele me disse. E eu disse pra muita gente que um jeito de não deixar ninguém morrer é carregar pra sempre estas histórias no coração. "A [dor] do Leo também vai comigo. A esposa dele, Daiana, voltou de licença maternidade no dia do rompimento da barragem. Na hora do almoço fez uma ligação de vídeo para o filhinho de 4 meses, o Heitor: “espera a mamãe pra te dar banho”. Conheci o Heitor dois dias depois na porta do IML coletando DNA para ajudar na identificação do corpo da mãe. Enquanto conversava com o Leo, caí no choro e uma enfermeira voluntária que também trabalhou no desastre da Samarco, veio me dizer: “A tragédia me ensinou que mais importante do que identificar sinais vitais é a gente perceber o quanto está doente quem não sente a dor do outro. Então chora, chora que faz bem. Ainda vamos chorar muito. Mas o grande esforço é amar mais. Mais e mais. Os que ficaram e os que foram. Porque saudade é alguém que mora dentro da gente. E eu já tô com saudade de um bocado de gente de Brumadinho", finalizou.
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