Menina que vive Clara em Páginas da Vida já atuou na Globo

Com a passagem de tempo de cinco anos em Páginas da Vida, a pequena Clara, adotada por Helena (Regina Duarte), depois de ser abandonada no hospital pela avó Marta (Lilia Cabral), devido ao fato de ser portadora da Síndrome de Down, é interpretada por Joana Morcazel. Mas engana-se quem pensa que a menina é marinheira de primeira viagem em novela.  Joana foi uma das entrevistadas do fictício programa É Preciso Saber Viver, que Dudu Braga apresentava na novela América, de Glória Perez, exibida em 2005, no qual eram entrevistadas pessoas portadoras de diversas deficiências.

Pioneira na utilização de campanhas sociais em telenovelas, Glória Perez está feliz com a oportunidade que Manoel Carlos está dando à atriz-mirim, que ela conhece e gosta muito. Ela aposta que Joana – ou Joaninha, como é tratada carinhosamente pela novelista – vai dar conta do recado e muito bem.

“Realmente fico feliz e muito orgulhosa de ver os frutos da minha campanha de inclusão social se multiplicando. Na verdade, a primeira vez que usei esse recurso, ou seja, o de utilizar uma novela para fazer uma campanha e de trazer depoimentos reais para a ficção, foi em 1986, na novela Carmem, da Manchete. Fiz a primeira campanha de esclarecimento sobre Aids na tevê brasileira. E quem estrelou essa inovação? Nada mais, nada menos que o Betinho”, relembra Glória Perez, referindo-se ao sociólogo Herbert de Souza, morto em 1997, que era hemofílico e contraiu o vírus HIV numa transfusão de sangue.

Joana Morcazel 

Na vida real, Joana Morcazel é um ano mais velha que Clara, a filha de Nanda (Fernanda Vasconcellos) e Léo (Thiago Rodrigues). A atriz de sete anos leva uma vida normal, como Helena cansou de insistir com Marta, ainda quando a menina era recém-nascida.

Filha do cineasta niteroiense radicado em São Paulo, Evaldo Morcazel, a menina estuda em um dos colégios mais tradicionais da capital paulista, o Dante Alighieri, onde tem várias amigas e, como qualquer criança de sua idade, adora dormir na casa das coleguinhas.

Joana Morcazel participou do documentário Do Luto à Luta, de 2005, dirigido por seu pai, que foi assistido por Manoel Carlos e serviu para a escolha dela para a personagem Clara. Mocarzel fez seu documentário para exorcizar o preconceito que a Síndrome de Down, por desconhecimento ou ignorância, ainda provoca. No documentário, os downianos dançam, praticam esportes, namoram, dirigem carros e até filmes, apesar de possuírem um desenvolvimento mais lento, conforme o próprio documentário atesta.

Recentemente, Letícia Morcazel, mãe da atriz-mirim, contou à Agência Estado que Joana está freqüentando a pré-escola pela segunda vez. "Nosso primeiro objetivo é que ela seja alfabetizada. Se isso levar dois anos, três anos, não importa. O que importa é que ela cumpra etapas com qualidade e prazer. A Joana tem limitações, mas consegue superá-las de uma maneira muito bacana. Os amigos têm uma relação positiva e são solidários. Como acontece com todas as crianças, têm curiosidade de saber por que ela não fala tão corretamente, por exemplo. Mas isso gera uma união entre eles".