Miguel Falabella: ‘Não posso ver meus amigos desempregados’

Por - 02/06/15 às 20:35

Ag News

Ator, diretor, apresentador, autor, roteirista, escritor, produtor. Se tem uma coisa que Miguel Falabella não abre mão é de trabalho. E trabalhar para ele, envolve também o bem estar de seus amigos.

"Não posso vê-los desempregados, não acho que seja esse o certo. É o único bem que valorizo efetivamente, do fundo do meu coração. Quando me perguntam por que trabalho tanto, digo que é para ficar inventando ocupações para todo mundo", comentou o convidado do Grandes Atores deste sábado (06), exibido pelo canal pago Viva.

"Meu coração não é um quarto e sala, é um castelo”, brincou ele.

Ele também admite fazer questão de que seu ambiente de trabalho seja regido por um clima bom.

"Acho que precisamos disso. Dou piti? Dou, sim. Não sou uma pessoa fácil, não. Nada fácil. Mas sou uma pessoa de dificuldade breve. O que quero efetivamente é que aquilo se resolva da melhor maneira possível, e da forma como conceituei e idealizei. Caso contrário, fico furioso. Mas, também, passa da mesma maneira, por que não consigo sustentar por muito tempo o mau humor", contou, rindo.

No entanto, ressalva: "Também, se for demais, viro as costas e vou embora.".

Nascido no Rio de Janeiro e criado entre a Ilha do Governador e São Cristovão, bairros cariocas, Falabella credita a seus pais o seu envolvimento com a arte.

"Sempre gostei da palavra. Lia compulsivamente quando menino. Tivemos (ele e os irmãos) uma infância muito rica culturalmente, intelectualmente. Eles não davam brinquedos, davam livros. Isso não tem preço.".

Um dos primeiros passos para a carreira aconteceu com sua mudança para Botafogo. Na época, morou com os tios para frequentar um novo colégio, aonde conheceu a atriz Bia Nunnes, que o levou para o Tablado, renomada escola de teatro.

"Era tudo o que eu queria na vida, né?", resume Falabella.

A entrada na televisão, ele contou que deve a um inusitado encontro com Roberto Talma.

"Durante uma festa, fiquei conversando com ele enquanto fumava no jardim da casa. Lembro que ele ria muito das minhas histórias, umas maluquices. No fim do papo, se apresentou como diretor de TV e me convidou para Sol de Verão (1982)”, disse.

Depois, em 1984, Miguel fez Amor Com Amor se Paga e Livre Para Voar.

"A Globo insistiu na tentativa de me lançar como galãzinho, mas não aconteceu", comentou.

Em 1986, viveu Miro, da segunda versão de Selva de Pedra, papel responsável por sua guinada profissional.

"Foi uma alavancada de vida e popularidade. De repente, fiquei um nome nacionalmente conhecido. Foi meu primeiro grande personagem.".

Miguel também fala sobre os quinze anos no comando do Vídeo Show, programa que estreitou ainda mais a sua relação com o público.

"As pessoas 'almoçavam comigo'. Deixo de ser uma celebridade de TV e viro um amigo do telespectador."

Caco Antibes é mais um capítulo a parte na sua trajetória. Durante sete anos, o ator encarnou o famoso 171 de Sai de Baixo, papel que, segundo ele, acompanha sua imagem.

"Se até hoje sou o Caco, imagina logo depois. É difícil você sair de um sucesso muito grande e longevo”.

Em 2013, ele interpretou novamente o personagem nos episódios especiais gravados pelo VIVA. "Foi muito emocionante voltar ao [teatro] Procópio Ferreira. O canal fez uma coisa muito simpática, não só chamou o elenco, como toda a equipe da época".

Como escritor, outra aptidão de Falabella, lembra-se do sucesso de A Partilha.

"Foi uma loucura. Isso que acho fabuloso na vida, escrevi sem a menor pretensão. Ficamos cinco anos em cartaz e tivemos 1 milhão e 200 mil espectadores. Já foi montada em doze países".

Outro motivo de orgulho é falar das novelas de sua autoria. Porém, sobre a carreira de autor, admite:

"Não tenho fôlego para elas, prefiro meus seriados, projetos menores. Fico muito preocupado com o texto. Isso acaba me roubando um tempo e uma energia brutal. Então, novela nunca mais. Já encerrei feliz esse ciclo.", explica.

"Quero ser bem sucedido. Quero que as pessoas me amem e gostem do meu trabalho. Com certeza, trabalho para isso. Vim de uma geração que pregava que fazer sucesso era horrível, por que se partia da premissa que tinha algum pacto com o diabo.". Para Falabella, é a prática que incentiva a evolução. "Não é cagando regra, falando besteira. Aprendi que precisava empreender para ajudar as pessoas, e é isso que eu sou e gosto de fazer. Estou pouco me lixando para o resto. Gosto de ver gente trabalhando, criando, bem, feliz. Gente de todos os credos, raças, sexualidades. A vida é assim, é para frente que vamos. O que hoje parece absurdo, amanhã será perfeitamente aceitável”, finalizou.

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