Mônica Iozzi: ‘As redes estavam matando a minha esperança’

Por - 13/07/17 às 13:35

Conversa com Bial/TV Globo

No Conversa com Bial da quarta-feira (12), Monica Iozzi revelou o motivo de ter deixado as redes. Ela começou explicando sobre a postagem que fez sobre um ministro, que a processou. Depois contou que uma seguiroda lhe abriu os olhos quanto à sua alegria.

Questionada por Bial sobre o caso, ela dasabafou:

“Foi um post sobre o ministro Gilmar Mendes. Ele deu habeas corpus para um médico chamado Roger Abdelmassih, condenado a mais ou menos 100, 200 anos de prisão por 40 estupros comprovados. O ministro, não sei por que razão, deu habeas pra esse cidadão. Eu como mulher, aquilo me indignou de uma tal maneira, que vendo as mulheres passando por tantas coisas, todas que foram naquela clínica buscar tratamento pra realizar sonho de ser mãe e foram estupradas… e o ministro vai lá e dá habeas com uma justifica q não entendi. Eu não me contive e postei  ‘Se o ministro do supremo age dessa maneira, não sei o que esperar da justiça’. Ele me processou por calunia e difamação, pediu em 100 mil reais, eu perdi em 38 mil, e no meio do processo ele propôs acordos: que eu tirasse o post que fiz e fizesse um novo de retratação, me desculpando e que desse 15 mil pra instituições de caridade de Brasília. Eu falei não. Não sou rica, R$ 38 mil não é pouco dinheiro pra mim. Mas tem algumas coisas que se você tem certeza, vai até o fim. Parece piegas, mas tenho a sensação real de saber que não falei nada de errado. Vendo meu apartamento, mas não faço acordo com esse homem. Tenho direito, como cidadã, de questionar o ministro. O juiz que me julgou disse que ‘tenho de usar liberdade de expressão com responsabilidade’. A palavra liberdade já não deixa claro que se pode expressar como quiser, a menos que seja preconceituoso, racista…  Agora saí de tudo. A internet dá uma liberdade onde a tela serve como escudo. Sempre pensei nas redes como um meio de lutar por temas como politica, justiça social, direito das mulheres, dos negros. Tem gente que diverge, não tem problema. Quando você cometa que uma menina de 15 anos sofreu um estupro coletivo e as pessoas questionam que ‘ela não devia estar ali aquela hora’, usando isso como justificativa, ou que uma travesti foi assassinada, espancada em frente aos celulares e dizem ‘ela vivia em pecado, foi pouco’, isso me assusta. (…) Chegou num momento que uma seguidora disse: ‘entendo e concordo com você, mas cuidado que você está perdendo a alegria’. Eu concordei. Tava me afetando e pra gente continuar lutando, porque  encaro minhas posições como uma luta, tem que ter alegria, esperança no fundo do coração e as redes estavam  matando a minha esperança”.

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