Morre, aos 88 anos, Millôr Fernandes

Por - 28/03/12 às 11:49

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Millôr Fernandes morreu na noite de terça-feira (27), em sua casa em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro, aos 88 anos. A causa da morte foi falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca. 

De acordo com Ivan Fernandes, filho do escritor, o velório vai acontecer na quinta-feira (29), das 10 às 15 horas, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária do Rio de Janeiro. Após o velório, o corpo de Millôr será cremado.

Aos 14 anos, ele começou a trabalhar como jornalista. Aos 19, foi contratado pela revista O Cruzeiro. Millôr era cartunista, jornalista, escritor e dramaturgo.

 

Biografia:

Millôr Fernandes nasceu no Rio de Janeiro no dia 16 de agosto de 1923, mas, como acontecia muito antigamente, só foi registrado em 27 de maio do ano seguinte como Milton Viola Fernandes. Foi só na adolescência que o então Milton descobriu que devido a uma caligrafia bem duvidosa tinha, na verdade, sido registrado como Millôr, nome que adotou e com o qual fez sucesso durante toda sua longa e bem sucedida carreira.

Filho de Maria Viola Fernandes e de Francisco Fernandes, Millôr fiou órfão de pai com apenas 2 anos de idade. Para sustentar os 4 filhos dona Maria virou costureira e trabalhava dia e noite.

Apesar de ter tido uma infância bem humilde e com restrições, o escritor sempre dizia que foi uma criança feliz e curtiu a fase ao lado dos tios, dos primos e da avó italiana.

Millôr estudou na escola pública Ennes de Souza entre os anos de 1931 e 1935.

Nos tempos de colégio o menino adorava ler histórias em quadrinhos principalmente os gibis de seu herói favorito, Flash Gordon. É nessa época que Millôr começa a fazer seus primeiros desenhos e cria suas próprias histórias em quadrinhos. Ainda bem novo e incentivado pelo tio o garoto consegue que seu trabalho seja publicado em O Jornal e recebe o primeiro dinheiro com seu trabalho, cerca de dez mil réis.

Aos 13 anos o jovem escritor perde a mãe e vai com os irmãos morar com o tio. Em 1938, aos 15 anos Millôr começa a trabalhar como entregador de remédios e pouco depois vira contínuo (office-boy) de uma pequena editora que na época publicava a então pequena revista O Cruzeiro. Com o tempo o jovem vira repaginador e certo dia escreve uma crônica, usando um pseudônimo, ganha o concurso e é promovido para a revista A Cigarra com o cargo de arquivista.

Não demora muito e Millôr tem sua grande oportunidade. Com a falta de uma publicidade na revista o proprietário chama Millôr para escrever uma matéria e preencher o espaço vazio. O texto é um sucesso e o escritor ganha mais espaço na publicação, ganhando um lugar fixo e logo assume a direção da Cigarra e de outras publicações da emissora.

No início da década de 40 Millôr volta a estudar e faz sua primeira tradução, transformando-se num tradutor autodidata. Em 1946 ele escreve seu primeiro livro, Eva sem Costela – Um Livro em Defesa do Homem, em que assina como Adão Júnior.

Em 1948 Millôr faz sua primeira viagem aos Estados Unidos e lá conhece personalidades renomadas como Vinícius de Moraes, Walt Disney e Carmem Miranda. Também nessa época se casa com Wanda Rubino.

Um ano depois, em 1949, Millôr Fernandes escreve seu primeiro roteiro para o cinema e ganha 5 prêmios importantes. Em 1951, ao lado de Fernando Sabino, lança a revista Voga, que durou apenas cinco edições.

O final da década de 50 é de muito trabalho para Millôr e ele escreve para a revista, lança livros, traduz peças de teatro, cria espetáculos, e faz exposições de seus desenhos, já mostrando que seria, para sempre, um intelectual multitalentos.

Millôr escreveu para as mais diversas e renomadas publicações e em 1969 funda o famoso e revolucionário jornal O Pasquim, junto com companheiros como Ziraldo, Jaguar, Tarso de Castro, entre outros. O grupo, atazana a vida dos militares, que por sua vez, passam a persegui-los durante o regime ditatorial.

Millôr não para nunca. Continua com os trabalhos em jornais e revistas, escreve peças, pinta quadros, faz desenhos e participa de Salões de Humor.

Non início dos anos 2 mil, Millôr chega à Folha de S. Paulo como colaborador e seguindo a tendência da comunicação de massa e das novas tecnologias, cria seu site, além de lançar novos livros e retomar sua coluna na Revista Veja.

O sempre incansável Millôr Fernandes deixa para o Brasil e para a cultura do país um legado sem fim de obras, traduções e textos memoráveis, que, mesmo com sua morte, servirão de base e de lição para muitas e futuras gerações.

“O cadáver é que é o produto final. Nós somos apenas a matéria prima”  (Millôr Fernandes  / 1923 – 2012)

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