Morre Gianfrancesco Guarnieri
Por Redação - 22/07/06 às 18:25
Morreu neste sábado, dia 22,
O boletim médico informa que Gianfrancesco morreu às 16h30 deste sábado. O velório será realizado no próprio hospital, a partir das 22h deste sábado, se estendendo até às 15h do domingo. Seu corpo será enterrado na cidade de Mairiporã, no cemitério Jardim da Serra, Grande São Paulo.
Gianfrancesco Sigfrido Nebedeto Martinenghi de Guarnieri era italiano, nasceu em Milão em 8 de agosto de 1934. Chegou ao Brasil com apenas 3 anos de idade, como um dos fugitivos do regime fascista.O ator estava no hospital desde o dia 2 de junho. Até os últimos momentos, o ator continuou recebendo a visita dos familiares e amigos.
Seu último trabalho na tevê foi na novela Belíssima, interpretando o personagem Peppe. Por motivos de saúde, Gianfrancesco não chegou ao fim da trama, mas recebeu, no último capítulo, uma homenagem do elenco, liderada pelos atores Lima Duarte e Irene Ravache.
Guarniere deixa cinco filhos: Flávio Eduardo e Paulo que são atores e fruto de seu primeiro casamento com a jornalista Cecília Thompson; e Cláudio, Fernando e Mariana, filhos de segundo casamento, com Vanya Sant’ana. Deixa também sete netos.
Uma vida e uma grande obra
Gianfrancesco Sigfrido Benedetto Marinenghi de Guarnieri nasceu em Milão, Itália, em 8 de agosto de 1934. Filho de imigrantes italianos, chegou ao Brasil, com apenas 3 anos e foi viver no Rio de Janeiro. Em 1954 mudou-se para São Paulo e passou a integrar o Teatro Paulista do Estudante, grupo amador que dois anos depois viria se unir ao Teatro de Arena. Foi ali que Gianfrancesco atuou como ator em peças como Escola de Maridos e Dias Felizes e Ratos e Homens.
Nos anos 60 e 70 seu trabalho foi fundamental para a cultura brasileira, numa época em que a repressão ditava as regras. Em 1956, quando tinha 23 anos, escreveu seu primeiro texto, o premiadissimo Eles não usam black-tie, montado pelo Teatro de Arena, em 1958, e que representou um marco, por seu o primeiro texto nacional a abordar a vida de operários em greve. Na década de 70 Eles não usam black tie foi adaptado para o cinema e recebeu, em 1981, cinco prêmios no Festival de Veneza, incluindo o Leão de Ouro de Especial do Júri. Além de autor, era também ator e diretor.
Como autor de teatro escreveu inúmeros textos e sua última montagem, em 2001, foi o épico musical A luta secreta de Maria da Encarnação, sobre fatos que mobilizaram politicamente o país no século 20.
A arte sempre fez parte de sua vida. Seu pai, Edoardo, era maestro e violoncelista e sua mãe, Elza, foi uma virtuosa tocadora de harpa. Como ator, ganhou muitos prêmios e o reconhecimento popular, graças a personagens densos como em Ratos e Homens, de John Steinbeck, em 1957; como o jovem Tião, de seu próprio texto Eles Não Usam Black-Tie, em 1958, premiado como autor revelação; O Filho do Cão, em 1964; A Mandrágora, de Maquiavel, em 1962; Tartufo, de Molière, em 1964; O Inspetor Geral, de Nikolai Gogol, em que é dirigido por Boal, em 1966; o Coringa de Arena Conta Tiradentes, em 1967; o protagonista de A Resistível Ascensão de Arturo Ui, de Bertolt Brecht, em 1968.
Guarnieri começou a trabalhar na televisão em 1967, na telenovela À Hora Marcada, da TV Tupi. Depois disso atuou em várias telenovelas, seriados e minisséries, grande parte deles na Rede Globo, com trabalhos como Meu pé de laranja lima, Mulheres de areia, O mapa da mina, Terra Nostra e mais recentemente Belíssima, numa participação especial como o personagem Pepe.
Filmografia
O grande momento – (ator)
Vozes do medo – (episódio Aquele dia 10) (direção e ator)
As três mortes de Solano – (ator)
O jogo da vida – (ator)
Diário da província – (ator)
Curumim – (ator)
Gaijin – caminhos da liberdade – (ator)
Asa Branca – um sonho brasileiro (ator)
Eles não usam black-tie – (ator e roteirista)
A próxima vítima (ator)
Por incrível que pareça – (ator)
Beijo 2.348/72 – (ator)
O quatrilho – (ator)
Música
Guarnieri também escreveu músicas. Foi parceiro de nomes como Toquinho e Edu Lobo este último na inesquecível Upa Neguinho, gravada por Elis Regina. Abaixo a letra:
Upa, neguinho na estrada/ upa, pra lá e pra cá
virge, que coisa mais linda! / upa, neguinho começando a andá
começando a andá, começando a andá / e já começa a apanhá
cresce, neguinho e me abraça /cresce e me ensina a cantá
eu vim de tanta desgraça /mas muito te posso ensiná
capoeira, posso ensiná /ziquizira, posso tirá
valentia, posso emprestá /mas liberdade só posso esperá
patá tá tri / tri tri tri / trá trá trá
Upa, neguinho
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