Neguinho da Beija-Flor e Carlinhos Brown falam sobre Emílio Santiago

Amigos, fãs e admiradores deram adeus nesta quinta-feira (21) a Emílio Santiago. O cantor morreu na manhã de quarta-feira (20), aos 66 anos, após passar 13 dias internado no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio de Janeiro, com quadro de AVC. A saúde do intérprete se complicou por conta do acidente vascular cerebral e ele não resistiu.

O corpo do cantor foi velado na Câmara dos Vereadores do Rio e o enterro aconteceu no final da manhã desta quinta-feira no Memorial do Carmo.

Amigos famosos estiveram no local para se despedir de Emílio, considerado uma das grandes vozes da música brasileira. Todos lamentaram profundamente a perda do talento e da elegância do intérprete.

O produtor Luís Carlos Miele era um dos mais emocionados. Ele lembrou-se que apresentou um festival em que Emílio venceu, em 1982, com a canção Pelo Amor de Deus.

“É uma perda irreparável. Ontem vi uma coisa em um dos telejornais que não me lembrava. Quando ele ganhou o festival, fui em que apresentei. Falei o nome dele pela primeira vez. Me emocionei muito quando vi o vídeo. Não me lembrava mais disso”, explicou Miele.

A jornalista Leda Nagle também prestou sua última homenagem ao cantor.

“A palavra que pode definir o Emílio é delicadeza. Ele tinha delicadeza nos gestos, em tudo na vida dele. O Brasil não perde só uma grande voz, perde um grande caráter, uma pessoa do bem, solidária, atenciosa. O Emílio estava sempre presente, era um amigo”, disse Leda, lamentando muito a perda.

Carlinhos Brown foi outro artista que chegou ao Memorial do Carmo lamentando muito a perda de Emílio Santiago. O músico contou que há dias estava com vontade de visita-lo no hospital, mas só na quarta-feira conseguiu chegar ao Rio e infelizmente com a notícia da morte do intérprete.

“ Lembro muito dos nossos almoços na Bahia, das visitas que ele fazia às comunidades. O Emílio era um homem que fazia a diferença, era um homem de propósitos. Quanto ao lado da música ele está entre as maiores vozes do mundo. O brasileiro precisa entender o tamanho da perda desse talento”, disse Carlinhos.

O músico ainda ressaltou outra qualidade de Emílio, o fato dele ter aproximado às pessoas da boa poesia e da boa música com seu tom de voz marcante.

“Ele fez com que as pessoas compreendessem a melodia, aproximou a melodia do público. A perda de Emílio não é só para a MPB, é para o Jazz, o Samba. Ele era órfão, mas a família dele era a voz. Era muito difícil entrar no palco depois dele. O Emílio tinha um carisma incrível e deixava uma atmosfera especial no palco”, finalizou Carlinhos.

Neguinho da Beija-Flor foi outra personalidade a comparecer no cemitério para prestar sua homenagem ao amigo. E lembrou da força que Emílio deu a ele durante sua luta contra o câncer.

“O Emílio era uma pessoa sensacional. Quando eu passei pelo câncer ele me ligava todo dia e me dizia que não ia até minha casa para não incomodar, mas fazia questão de frisar que estava junto comigo para o que quer que fosse. Tenho uma lembrança linda dele quando puxou o samba da Mangueira, sucedendo o Jamelão. Acredito que daqui há 200, 300 anos o Brasil ainda vai se lembrar e comentar sobre a voz do Emílio. No meu ver ele era uma pessoa tímida, falava pouco e nunca, quando abria a boca, era para falar mal de alguém. Era muito elegante”, afirmou Neguinho.

Tony Tornado tinha uma amizade de anos com Emílio Santiago e contou como toda a história entre eles começou.

“É tanta coisa para lembrar do Emílio. Mas tudo começou quando eu sai do grupo musical do qual fazia parte para participar de um Festival e precisava de alguém para me substituir. Na hora pensei no Emílio. E daí começou nossa amizade que é pra vida toda”, afirmou Tornado, emocionado.

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