Nelson Motta traz memórias de Copacabana, em livro
Por Redação - 02/11/06 às 11:00
Tramas amorosas, suspense, erotismo e humor são os ingredientes adotados por Nelson Motta em seu novo romance Ao Som Do Mar E À Luz Do Céu Profundo (Ed Objetiva), lançado na terça-feira, 31. A noite de autógrafos aconteceu no bairro carioca de Copacabana, o qual o jornalista, escritor e produtor musical relembra em seu quarto livro, com histórias passadas em 1960.
A festa teve toques de revival. Um CD gravado pelo próprio Nelson Motta com composições da época, que iam da bossa nova ao rock, além de drinques como o Hi-fi e a Cuba-Libre, bebidas que molhavam o bico dos freqüentadores das glamurosas noites cariocas. Além do atual romance, ele é autor de Noites Tropicais (2000), Canto da Sereia (2002) e Bandidos e Mocinhas (2004).
Enquanto autografa os exemplares, Nelson Motta estabelece um paralelo entre a Copacabana relatada em Ao Som Mar E À Luz Do Céu Profundo e a atual. E, acredite se quiser, o autor vê pontos positivos e negativos nas duas.
“Copacabana do século XXI mudou para pior. Aumentou a violência, a sujeira e o caos urbano. Mas no tempo relatado no livro, faltava água no bairro, o que obrigava todos os moradores, ricos e pobres, a tomarem banho de cuia. Para se dar um telefonema, esperava-se até dez minutos, porque não tinha linha telefônica com a facilidade de hoje. Enfim, era tudo mais precário. As favelas eram mais pobres e sujas que atualmente, mas não tinham banditismo. Os garotos do asfalto subiam os morros para brincar com seus colegas de lá, que desciam para jogar bola com seus amigos da parte baixa. A cidade era menos partida. E existiam os televisinhos, porque, às vezes em um prédio somente uma família possuía aparelho de TV e todo mundo ia para lá assistir a programação. Em síntese, Copacabana era mais provinciana e mais inocente”, resume.
O autor explica ainda o motivo de dar ênfase ao tema Carnaval em seu romance: “No Carnaval neguinho (as pessoas) botavam para f… Naqueles quatro dias tudo era permitido. Pais de família saiam de casa no Sábado e só retornavam na Quarta-Feira de Cinzas. Era o momento de liberação geral, porque a época era totalmente careta, com as meninas virgens que, no máximo, trocavam um beijinho na boca com os namorados. Escolhi o ano de 1960 porque ele marca uma época de transição. Saímos da euforia dos anos dourados de Juscelino Kubstichek e entramos na época do urubu Jânio Quadros, que proibiu até desfile de miss e quando o Rio perde o status de capital federal. É o fim da era do rádio e o início da era da tevê, da bossa nova e do rock. Enfim, de muitas transições.”
Nelson Motta conta ainda que tinha de 16 para 17 anos e que não morava mais em Copacabana: “Nessa época, residia com meus pais, Nelson e Cecília na Rua Paissandu, no Flamengo. Mas quando garoto, morei no bairro Peixoto, que era uma cidade de interior encravada dentro de Copacabana. Escrevi o livro baseado nas minhas memórias afetivas, nos recortes de revistas e jornais e de pesquisas no Google. Não visitei os lugares citados. Acho que se tivesse feito isso, não teria escrito o livro. O bairro Peixoto, por exemplo, hoje, está horroroso, com as casas dando lugares a prédios, uma obra inacabada do Metrô.”
Além dos pais, Cecília e Nelson, o autor contou na festa com a presença da mulher, Adriana Pena, das filhas Joana e Nina Morena e dos netos Antônia e Joaquim. Também foram pegar um autógrafo de Nelson Motta amigos como a cantora Marina Lima, os cineastas Walter Salles e Arnaldo Jabour e a jogadora de vôlei Virna.
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