Nelson Xavier pediu para ser cremado com terno que ganhou de Chico Xavier

Por - 10/05/17 às 13:46

Divulgação/TV Globo

Nelson Xavier, morto na terça-feira (9), aos 75 anos, por insuficiência respiratória, sempre disse que, depois de interpretar Chico Xavier no cinema, sentiu uma "invasão de amor" dentro dele e tudo se transformou.

Ao Jornal Hoje, da Globo, a médica que o acompanhou no tratamento paliativo, Clarissa Aires de Oliveira, a espiritualidade dele transcendia e um dos últimos pedidos foi com que ele pudesse ser velado e enterrado com um terno que ganhou do próprio médium mineiro.

“Ele falava que foi tocado quando fez o filme do Chico. Ontem, quando eu acompanhava a Via [esposa do ator] nos momentos finais, ela falou assim: 'eu preciso atender uma vontade dele. Ele quer ser vestido com um terno que ele ganhou do Chico'. O Chico foi pra ele um ídolo, um grande amigo também. Ele disse para mim que aprendeu com a humildade e esta coisa bonita. Para mim foi um privilégio ter visto esta construção da espiritualidade dele”, relatou.

Nelson lutava contra um câncer que começou na próstata e depois avançou, em Uberlândia, local que escolheu para "se despedir deste planeta".

"A gente sabe que Deus que sabe a hora. Eu sinto muita paz nesta passagem do Nelson. Sinto que ele estava extremamente preparado, se espiritualizou bastante. Tinha uma luz muito grande e realmente foi em paz”, comentou a médica com o jornal.

O corpo do ator será cremado no Rio de Janeiro.

Trajetória

Nelson Xavier nasceu em São Paulo, cursou direito, mas deixou seu amor pelas artes fluir em sua vida. Fez peças de teatro como Eles Não Usam Black-tie (1958), de Gianfrancesco Guarnieri, Chapetuba Futebol Clube (1959), de Oduvaldo Vianna Filho, Gente como a Gente (1959), de Roberto Freire, e Julgamento em Novo Sol (1962), de Augusto Boal.

No cinema, esteve em O ABC do Amor (1967), Os Deuses e os Mortos (1970), É Simonal (1970), Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), e A Queda (1978), de Ruy Guerra, que lhe rendeu um Urso de Prata no Festival de Berlim.

Sua primeira participação na TV foi pequena, com o personagem Zorba, na novela Sangue e Areia (1967), de Janete Clair. Seu primeiro grande papel veio seis anos depois, em João da Silva (1973), novela de Jairo Bezerra, produzida pela TV Rio, e exibida pela TV Cultura, TVE e Globo, onde ele viveu um retirante nordestino, que se muda para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Daí, o ator passou a ser reconhecido nas ruas e adorado pelo público.

Em 1982, Nelson protagonizou outro sucesso: a minissérie Lampião e Maria Bonita, com direção de Paulo Afonso Grisolli, baseada nos últimos seis meses de vida de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro mais temido do sertão, nos idos dos anos 1930. Os heróis – vividos por Xavier e Tânia Alves – foram muito bem recebidos pelo público, assim como o novo formato de dramaturgia.

Esteve também em A Tenda dos Milagres (1985), O Pagador de Promessas, (1988), Hipertensão (1986), Pedra Sobre Pedra (1992), Renascer (1993), Irmãos Coragem (1995), Joia Rara (2013) entre outras. Nelsom Xavier pode ser visto na reprise de Senhora do Destino (2004) no Vale a Pena Ver de Novo, da Globo.

 

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