Neusa Borges espanta boatos de que estaria passando fome e na miséria
Por Redação - 23/11/22 às 15:14
“Não aguento mais!”. Foi dessa forma que Neusa Borges, de 80 anos, afastou boatos de que estaria passando fome e na miséria.
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Em entrevista ao F5, a veterana disse estar revoltada com as fake news que envolvem seu nome e vida financeira. Ela negou qualquer dificuldade, afirmou que, além de aposentada, ainda na ativa recebendo pelos trabalhos que faz e que não precisa da ajuda de ninguém.
“Não aguento mais. Odeio essa coisa de que ‘a Neusa está passando fome’, ‘a Neusa está na miséria’, porque não é verdade. Sou aposentada, tenho uma pensão, vivo em um belíssimo apartamento em Salvador e passo anualmente temporadas de meses no Rio”, comentou.
Na entrevista, a atriz explicou de onde os boatos poderiam estra vindo. “Sofri dois acidentes vasculares cerebrais e fiquei uns cinco anos sem trabalhar direito. Claro que faltava dinheiro para comprar remédios, porque as medicações são caras neste país. Porém, nunca estive na miséria”, disse.
NEUSA BORGES FALA SOBRE RACISMO NO BRASIL: “CANSEI!”
Não é fácil ser Neusa Borges no Brasil. “Cansei”, diz a atriz em entrevista exclusiva para OFuxico realizada pelo jornalista Miguel Arcanjo Prado. Afinal, apesar do farto talento e do jeitão despachado que a faz conquistar de cara qualquer telespectador, a atriz de 79 anos e mais de 50 de carreira nunca foi tratada com o respeito que merece.
Neusa se sente desvalorizada, e com razão, não só pelas novelas, mas pela mídia como um todo, a quem acusa de só fazer sensacionalismo com seu nome. “Resolvi me aposentar das entrevistas”, avisa, já a contragosto de ter mais uma conversa com a imprensa. “Cansei de tudo que eu falo virar polêmica, que em nada ajudou na minha vida”, conclui.
Sobre o mundo da televisão e seus bastidores, não guarda boas lembranças. “Com mais de 50 anos de carreira, só conheci a falsidade, a injustiça, a ingratidão e o desrespeito”, explica.
Atualmente sobrevivendo sabe-se lá Deus como, recebendo uma mísera aposentadoria e com a impossibilidade de tocar seu brechó, Canto de la Borges, em Salvador, a atriz revela que se sente muito cansada.
“Continuo trabalhando de dia para comer de noite”, desabafa, antes de emendar: “E isso quando uma alma santa se lembra de mim”, pontua.
Não fosse a autora Gloria Perez lhe presentear com personagens como a Dalva de O Clone, a Cema de Caminho das Índias ou a Diva de Salve Jorge, Neusa não teria tido muitas oportunidades recentes de seguir se comunicando com o grande público.Os outros autores e diretores da Globo parecem ter o sórdido prazer em ignorar seu nome ao escalarem os personagens de suas novelas.
Após dois anos distante das telas, Neusa estreia dia 8 de junho na série Auto Posto, seu primeiro trabalho na TV paga, no canal Comedy Central, na pele da frentista Bernadete. Entretanto, ela reforça que, assim como costuma ser quando trabalha na TV aberta, recebeu apenas um cachê pela participação.
Afinal, em sua carreira de cinco décadas, a grande atriz desconhece as regalias de um contrato longo. Mesmo com tanta pedrada da vida, Neusa aprendeu, na marra, a se dar valor. Afinal, currículo não lhe falta.
Pioneira na TV, mas sem contrato longo
Além de ter atuado em novelas emblemáticas para a história da televisão, como Beto Rockefeller na TV Tupi, entre 1968 e 1969, ela esteve na histórica montagem do musical Hair no Brasil, em cartaz entre 1969 e 1972, na qual dividiu elenco com nomes como Sonia Braga, Antonio Fagundes, Ney Latorraca, Zezé Motta e Araci Balabanian.”Fui a primeira atriz negra a usar o cabelo black power”, ela recorda.
Após a glória no teatro, foi na Globo, onde entrou como a escrava Rita em Escrava Isaura, em 1976, que ela conheceu o sucesso junto ao grande público. E isso foi graças a seu esforço e carisma, que sempre fizeram suas personagens, por menores que fossem, se destacarem nos folhetins.
Mesmo tendo demonstrado este farto talento nas dezenas de novelas e series que participou, Neusa jamais foi tratada como uma estrela global.
E ela sabe que isso é fruto do racismo estrutural que vigora no Brasil e que não costuma deixar negros irem muito longe em suas carreiras, sobretudo na televisão, ainda submersa em um modelo racista de beleza.
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