Nostalgia: Saiba por onde anda a Pipoca da TV Cruj

Por - 19/06/11 às 10:08

Reprodução

Ana Paula, que estuda na mesma sala de Guelé (Leonardo Monteiro) na escola, é convidada para fazer um trabalho  dele e descobre – por acaso – o esconderijo de uma tevê pirata na hora da transmissão. Encantada, ela acaba mostrando a cara para a câmera, enquanto os apresentadores estão todos mascarados para evitar que sejam descobertos. Sem saber o que fazer, a menina põe um nariz de palhaço vermelho e se apresenta como Pipoca.

Não, esta não é uma história real. É apenas a maneira como Danny Lima entrava na TV Cruj, programa diário que encantava as crianças e adolescentes nas tardes do SBT. A menina, que virou mulher (casada!), hoje tem 21 anos, uma linda filha nos braços e continua seguindo sua carreira de atriz, pela qual sempre foi apaixonada. Na época, com 9 anos, Danny amava assistir ao grupo formado por Caju/Juca (Diego Ramiro), Chicle/Guelé (Leonardo Monteiro), Macaco/Macarrão (Caíque Benigno) e Malu/Maluca (Jussara Marques) e foi ao céu quando foi escolhida para integrar o grupo.

“Foi incrível. Quando eu entrei no programa eu já era fã deles, então, estava vivendo um sonho”, conta.

A ex-ruivinha do Cruj também acredita que falte programação específica para os ultrajovens de hoje (maneira como chamavam os ‘pré-adolescentes’) que não têm uma boa  opção na tevê.

Confira por onde andou nestes anos a Pipoca, da TV Cruj.

 

O Fuxico: Acredita que tenha começado a trabalhar muito nova?

Danny Lima: Não, a escolha sempre foi minha. Não escolheria outra vida se pudesse.

 

OF: A Ana P. foi bem intrometida ao invadir o espaço da casa do Guelé ao ir lá somente para fazer um trabalho e descobriu um novo mundo. A Danny já descobriu algo surpreendente também na vida pessoal?

DL: Pergunta difícil essa… (risos) Não sei, a vida é surpreendente, espero sempre me surpreender com algo, senão a vida fica sem graça.

 

OF: A Pipoca entrou somente um mês antes do Macaco sair e recebeu dele a função de dar o play. Como foi ganhar o presente?

DL: Foi incrível. Quando eu entrei no programa eu já era fã deles, então, estava vivendo um sonho. 

 

OF: Você assistia Cruj antes de entrar?

DL: Assistia sempre! Cheguei através da agência da qual fazia parte. E não foi fácil, quase um ano de testes até receber a notícia de que faria parte do grupo.

 

OF: Achava que era um programa meio machista, antes da entrada da Maluca?

DL: Com certeza, a Maluca era a voz feminina lá dentro.

 

OF: A Pipoca foi quase a última a entrar na TV Cruj e depois, quando acabou, você deu uma sumidinha da tevê. O que fez neste tempo?

DL: Assim que saí do Cruj, entrei para uma companhia teatral, onde fiquei em turnê com o espetáculo A Caminho de Oz, no papel de Dorothy. Junto com esse trabalho, fiz Turma do Gueto e Metamorphoses, Record. Depois estive na Vila Maluca, com a personagem antagonista Morgane. Fiquei um tempo afastada da vida artística, voltei a fazer publicidade e entrei para uma produtora, na qual participava dos espetáculos Alice no País das Maravilhas, como Alice, João e Maria, no papel de Maria. Este ano, de 2011, continuei com esses espetáculos e também entrei em cartaz no teatro Ruth Escobar e Eva Vilma com  Aladdin e o Gênio Maluco.

 

OF: Você acredita já ter alcançado o sucesso profissional depois de sair do programa?

DL: Não sei como julgar sucesso profissional. Faço o que gosto e vivo disso, o resto é consequência. Quero aprender muito e sempre, hoje me sinto madura para encarar minha carreira de uma forma mais adulta, porém sem perder a doçura e a beleza da profissão.

 

OF: A Danny Lima de hoje tem alguma característica da Pipoca? Ou você emprestou alguma sua para o personagem?

DL: Quando comecei a interpretar a Pipoca, simplesmente era eu mesma. Com o tempo cada uma foi criando sua personalidade, mas o jeito moleca e desastrada sempre pertenceu às duas. (risos)

 

OF: Qual a maior herança que os tempos do programa te deixou?

DL: Além de aprendizado e experiência, me trouxe amigos leais que levarei para o resto da minha vida.

 

OF: Você é reconhecida como a Pipoca nas ruas ainda?

DL: Ainda, as pessoas falam "te conheço de algum lugar…", até perceberem que eu era a Pipoca.

 

OF: O Comitê Revolucionário UltraJovem era meio 'rebelde' pelo nome. Acredita que a fórmula do programa pudesse ter criado uma certa rebeldia nos adolescentes daquela época?

DL: De uma maneira positiva, muitos criaram coragem de defender seus pontos de vistas e de não aceitar tudo o que era imposto. Mas sempre mostramos isso de uma forma responsável, dizendo que todo ato tinha uma consequência e que todos os direitos deviam ser respeitados, e não só o dos ultrajovens.

 

OF: Nas mensagens do programa vocês diziam frases de incentivo para que os as crianças ou adolescentes enfrentassem os adultos. Isso pode ter criado uma geração de 'mal-educados'?

DL: Não, nunca apoiamos que eles "enfrentassem" de maneira agressiva ou desrespeitosa os adultos, pelo contrário, no programa as personagens tinham pais e os obedeciam e respeitavam muito. Aliás esses eram temas no programa, dizíamos que toda liberdade tinha um limite. Apenas incentivamos os "ultrajovens" a questionar, entender, conhecer, e não apenas aceitar.

 

OF: Durante sua carreira qual foi o pior momento? E o melhor?

DL: Todos os momentos foram ótimos! Sou muito jovem para definir um melhor e um pior momento.

 

OF: A TV Cruj era uma tevê pirata que roubava o sinal de outra emissora. Isso é um crime, mas que era levado com humor pelo programa. Como encara isso?

DL: Era uma dramaturgia, uma ficção, não era para ser algo politicamente correto.

 

OF: Quando houve uma renovação no elenco, com a saída do Macaco, chegou a ter medo que você fosse a próxima, como foi a rápida passagem do Rico, o último personagem a entrar para o grupo?

DL: Não, era uma criança e estava fazendo minha parte e me divertindo. Não fazia planos ou temia o futuro.

 

OF: Na sua opinião, qual a mensagem mais positiva que o Cruj tenha passado para os telespectadores?

DL: Dignidade, respeito e acima de tudo se permitir ser criança, e aproveitar essa fase.

 

OF: Conseguia ter uma vida normal na escola, por exemplo, mesmo sendo famosa em todo Brasil?

DL: Mais ou menos. Eu tentava ser o mais normal possível, mas ser conhecida te restringe em algumas coisas. Tudo tem seu lado bom e seu lado ruim.

 

OF: Ainda tem contato com o elenco da época?

DL: Claro, com quase todos. Mas principalmente com a Jussara Marques [a Maluca], criamos uma relação de irmãs, que continua até hoje.

 

OF: O que você faria de novo? E o que não faria?

DL: Faria TUDO de novo, tudo o que vivi me faz ser quem sou, e cada coisa que fiz, me trouxe momentos e pessoas inesquecíveis. Não quero passar a vida só acertando. Errar faz parte.

 

OF: Você sente vergonha de algo do seu passado?

DL: Não, não sinto vergonha de nada.

 

OF: O que a Pipoca representou em sua vida?

DL: Uma linda fase.

 

OF: Acredita que falte programação para os ultra-jovens de hoje?

DL: Muito. Hoje, ou se trata os ultrajovens como "seres" limitados, ou com piadas adultas e conotações sexuais totalmente desnecessárias. Falta tratá-los de igual para igual, respeitando suas opiniões e limitações.

 

OF: Se tivesse oportunidade, voltaria à tevê? Em que tipo de programa?

DL: Claro, fazer tevê novamente seria ótimo e hoje me sinto pronta para isso. Gostaria de fazer algo que me desafiasse, de preferência.

 

Nome completo: Danielle Cristine Lima Merseguel

Apelido: Dani

Casada ou​ solteira: Casada

Mulher bonita: Nathalie Portman

Homem bonito: Meu marido (risos)

Família é: Tudo

Fama é: Ilusão para alguns, resultado para outros

Um livro: Ninguém É De Ninguém, de Zíbia Gasparetto

Um herói: Meu pai

Uma mania: roer o canto da unha

Deus é: Amor

Uma Frase: A arte é alimento para a alma, e a alma alimenta a arte

Quem é Danny Lima: Gosto das coisas mais simples e de estar rodeada pelas pessoas que amo. Sou moleca, desastrada, desencanada. Amo o que faço, o que tenho e o que sou. Busco aprender com tudo e todos e acredito que a vida é feita para ser feliz.

 

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