O corajoso depoimento de Xuxa sobre João de Deus: ‘é um monstro!’
Por Redação - 25/06/20 às 22:28
É comum no mundo das celebridades ver pessoas não querendo se posicionar sobre este ou aquele caso mais sério. A verdade é que a maioria prefere se calar, fingir que não viu, não tem nada com o caso. No caso dos escândalos envolvendo João Teixeira de Faria, popular como João de Deus, não foi diferente. Mas ao assistir o documentário João de Deus, da Globoplay, me surpreendi com o depoimento maduro e consciente dado por Xuxa.
Conheço a Xuxa há muitos anos, não sou íntima, nem amiga próxima, mas esta não é a primeira vez que ela surpreende por sua coragem. Mas neste caso ela passou dos limites, no melhor sentido. Colocou seu rosto no vídeo e falou como simples mortal, e eu adoro ver alguém tão famoso se comportar assim. É preciso ter coragem para pedir desculpas publicamente, sem meias palavras ou argumentos vazios. Xuxa fez isso brilhantemente, com elegância, olhos fixos na câmera, sem desviar nos momentos mais complicados. Ela mostrou que com o passar dos anos, a Rainha dos Baixinhos cresceu, e cresceu muito. Isso é bom de se ver.
“Eu tô vindo aqui pra pedir desculpas a vocês […] Me sinto na obrigação de dizer a todos vocês que eu tô envergonhada com tudo isso. Infelizmente eu me enganei, e me enganei feio”, desabafou Xuxa logo no início de seu depoimento, se colocando no lugar das mulheres abusadas e certamente sofrendo por elas. Abriu detalhes de sua vida intima e da sofrida doença de sua mãe, Alda Meneghel.
Tudo por minha mãe
Ao explicar o motivo que a aproximou de João de Deus, ela contou que ele esteve muito presente nos anos que dona Alda lutava conta o mal de Parkinson. “A minha mãe teve Parkinson e ele a conheceu quando ela estava no estágio 3. Ela morreu no estágio 5. Ele acompanhou ela e depois que fez umas coisas, ela melhorou. Depois ela parou de andar, de falar, parou de se mexer, mas ele acompanhou os piores estágios. Qualquer alento, qualquer coisa que ele pudesse oferecer pra minha mãe, pra mim era “uau!”. E ele vinha, oferecia, minha mãe se sentia melhor, e eu acreditava que era ele”.
Hoje sabendo das atrocidades cometidas pelo curandeiro de Abadiânia, em Goiás, A apresentadora foi direta ao defini-lo. “Existe gratidão, uma gratidão vestida de vergonha, porque a gente não pode ser grato a um monstro, e ele é um monstro, isso é fato”.
Leia o depoimento de Xuxa, na íntegra:
“Quero dizer pra vocês que eu o conheci, fui lá fazer uma gravação – que não foi ao ar na Rede Globo. Conheci e tive um carinho muito especial por ele. Gostei daquela pessoa que eu conheci lá”, contou Xuxa. Infelizmente eu me enganei, e me enganei feio. Então, eu tô vindo aqui pra pedir desculpas a vocês. Eu divulguei o documentário dele, falei que era uma pessoa legal e tudo. Me sinto na obrigação de dizer a todos vocês que eu tô envergonhada com tudo isso. Eu dizia pras pessoas, eu amo o seu João… É um amor e o amor cega a gente e você se apaixona, ele é uma pessoa apaixonante.
A minha mãe teve Parkinson e ele a conheceu quando ela estava no estágio 3. Ela morreu no estágio 5. Ele acompanhou ela e depois que fez umas coisas, ela melhorou. Depois ela parou de andar, de falar, parou de se mexer, mas ele acompanhou os piores estágios. Qualquer alento, qualquer coisa que ele pudesse oferecer pra minha mãe, pra mim era “uau!”. E ele vinha, oferecia, minha mãe se sentia melhor, e eu acreditava que era ele.
Existe gratidão, uma gratidão vestida de vergonha, porque a gente não pode ser grato a um monstro, e ele é um monstro, isso é fato. Mas existiam coisas, eu vi ele operando, eu vi pessoas falando ‘eu não tenho um joelho e ele me fez andar’.
Se salva algum ente querido teu, um ente querido se sente melhor, o que você quer fazer pra essa pessoa? Se quer a minha calça, então toma. Quer minha roupa, toma. Assim era a relação e a gente via as relações que as pessoas tinham com ele. Ele tinha um fã clube enorme e esse fã clube ficou muito forte do lado dele. Muitas pessoas ligaram pra ele dizendo ‘o que você quer que eu faça pra te ajudar?’. Eu sei disso porque muita gente, estavam fazendo um documentário e um filme, e tinha médicos, empresários, muitos amigos, muitos artistas, todo mundo enlouquecido por ele. E ele realmente tinha, não só a proteção dos maiores, como também de quem estava embaixo, os soldadinhos dele estavam todos em guarda.
O lance da dúvida pra passar pra certeza foi a quantidade de pessoas. Sem dúvida nenhuma, foram muitas pessoas então, não dá pra boce ter dúvidas. E isso não foi só pra mim, foi pra todo mundo. A minha certeza foi quando a quantidade de pessoas cresceu e falavam são 30, são 50, 100, 120, 300 casos! As pessoas que estavam esbravejando, se calaram. Aí eu disse, então chega! E isso foi muito rápido.
E como eu tenho uma história de abusos na minha vida, quando as pessoas começaram a contar, eu não tive dúvida.Os relatos das pessoas, a sensação, a demora delas não quererem falar, se expor. Por isso eu acreditei, mas a princípio, quando só aquela primeira menina falou, ela foi xingada de tudo, de prostituta pra baixo, por várias pessoas que eu conheci. Ela é prostituta, quer aparecer, definiram ela assim.
Eu me lembro que foi uma das vezes que eu fui lá pra visita-lo, e na salinha tem várias pedras e ele pegou uma pedra que era dele pra me dar. Ele disse ‘eu quero que a minha energia fique com você’. Eu me lembrei daquela coisa de energia e falei, não quero essa energia aqui dentro de casa. Eu ia quebrar ela, jogar fora. Mas deixei aqui fora pra tomar chuva, limpar e se ela tem alguma energia ruim, que saia porque de onde ela veio, não deve ter boa energia pois ela ficava naquela sala, que era a sala que ele recebia as mulheres”.
Desabafo no Instagram
Não é a primeira vez que Xuxa fala sobre esse tema tão delicado. Em dezembro de 2018, quando as acusações vieram à tona, ela rapidamente usou suas redes sociais para se posicionar. Isso em um momento que quase a totalidade dos artistas, empresários e políticos que desfrutavam da intimidade de João simplesmente se calaram.
A série documental
Lançada recentemente pela Globoplay, plataforma de streaming da Rede Globo, a série documental João de Deus surpreende em todos os sentidos. Ela mostra em minúcias o trabalho brilhante da equipe de reportagem de Pedro Bial e faz o espectador sentir-se dentro das investigações que revelaram que por traz de um dos médiums mais famosos do Brasil, existia uma história medonha de centenas de abusos sexuais e outros crimes.
Tudo contado em seis episódios que mostram João desde sua infância na pequena cidade de Itapaci, em Goiás, até sua prisão e a recente conquista da prisão domiciliar por conta da pandemia da covid-19. A maneira como as histórias são relatadas consegue passar perfeitamente o sentimento das sete mulheres que tiveram coragem de fazer as denuncias publicamente e, finalmente, revelar a verdadeira face dsse homem.
Tudo começou quando a coreógrafa holandesa Zahira Mous concordou em se entrevistada em rede nacional no programa Conversa com Bial ao lado da americana Amy Biank, outra vítima. Daí pra frente, uma advogada, uma atriz, uma fisioterapeuta, uma professora, a própria filha de João e uma costureira contam suas historias em uma roda de conversa realizada em um estúdio. A participação da roteirista e jornalista Camila Appel, narrando todos os passos da reportagem, pode ser definida com uma cereja no bolo, assim como o roteiro bem estruturado por Monica Almeida e Ricardo Calil.
Eu digo com absoluta certeza que esta série é obrigatória. Além de dar voz a mulheres torturadas pelo monstro, ela coloca João de Deus no lugar de onde ele jamais deveria ter saído, uma sela de prisão pagando pelos seus crimes.
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Posicionamento do Movimento Espírita
Quando o escândalo envolvendo João de Abadiânia veio à tona, a Federação Espírita Brasileira rapidamente emitiu um comunicado esclarecendo o que nós, seguidores da doutrina, já sabiamos há muito tempo. Esse homem jamais teve qualquer envolvimento ou aprovação do movimento espírita.
Diz o comunicado: “A Doutrina Espírita atua com o trabalho de caridade material e espiritual desinteressada, sem nenhum propósito a não ser o de auxiliar os necessitados.
Toda a prática espírita é gratuita, como orienta o princípio moral do Evangelho: Dai de graça o que de graça recebestes” (O evangelho segundo o Espiritismo, cap. 26).
O Espiritismo orienta que o serviço espiritual não deve ocorrer isoladamente, apenas com a presença do médium e da pessoa assistida. Não recomenda, portanto, a atividade de médiuns que atuem em trabalho individual, por conta própria. Estes não estão vinculados ao Movimento Espírita, nem seguindo sua orientação.
A Federação Espírita Brasileira, junto ao Movimento Espírita, fundamentada na tríade Deus, Cristo e Caridade, pratica o bem, levando consolo e esclarecimento à humanidade".
Não é a mediunidade que te distingue. É aquilo que fazes dela.
(Emmanuel, em Seara dos Médiuns, cap. 12, psicografado por Chico Xavier).
Veja o vídeo no Instagram da apresentadora
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