Paolla Oliveira sobre cenas de abuso: ‘Muito difíceis’
Por Redação - 25/10/19 às 15:00
A Dona do Pedaço, novela da Rede Globo, já está entrando em sua reta final e se tem uma personagem que deixará saudades, essa personagem é Vivi Guedes, interpretada por Paolla Oliveira.
Na trama, a digital influencer vive um relacionamento abusivo com Camilo (Lee Taylor) que a obrigou a se casar com ele. Caso contrário, ele colocaria Chcilete (Sérgio Guizé), o verdadeiro amor da musa, na cadeia.
Em uma entrevista para a Revista Quem, a atriz comentou sobre a situação.
"A gente sai da realidade das blogueiras e chega nessa realidade tão brutal do machismo, da falta de poder de fala. É uma situação bem triste que começa sempre de algo pequeno. Tudo que as pessoas chamam de discussão, que são bolas que a internet e a novela levantam, eu acho que são discussões bem-vindas. Servem para a gente, às vezes, botar a mão na consciência e falar: Opa, já passei por isso, nem sabia que era abusivo, não sabia que não podia falar para eu trocar a roupa", disse ela.
Paolla também afirmou que já conheceu mulheres que viveram esse pesadelo.
"Você fica naquela situação de se comenta ou não comenta, mas me coloquei, por muitas vezes, solícita: O que você precisa?", disse.
Além disso, a artista também afirmou que muitas pessoas não sabem como se livrar de uma situação como essa.
"Percebo que as pessoas se submetem porque acham que vão salvar o casamento, ou porque vão cuidar dos filhos ou vão manter uma família, ou por vergonha, ou por medo. Não é muito distante da novela. No Instagram falam: Deixa o Chiclete ser preso, fala logo e sai disso. Mas quem está nessa situação, às vezes, não sai porque acha que vai conseguir dominar. A Vivi, em um primeiro momento, tinha uma empáfia e dizia: Imagina, está tudo sob controle. Eu acho que essas pessoas sempre acham que têm o controle da situação. Até a hora que já não têm mais nada e não tem nem voz para sair mais dela", afirmou.
Na novela, Paolla Oliveira e Lee Taylor protagonizam diversas cenas de abuso.
"São muito difíceis. São cenas pesadíssimas, com arma no meio da cara, é muito pesado. Eu e Lee conversamos antes de gravar. Depois, o estúdio dá uma silenciada. A gente trabalha com energia, quando tem essas cenas mais pesadas as pessoas ficam mais pesadas e a gente também. É um trabalho de confiança entre nós", contou.
Em contrapartida, a atriz grava cenas quentes ao lado de Sérgio Guizé.
"Você se expor, ficar relaxada para fazer uma cena de romance, é tão difícil quanto as cenas de abuso. É a mesma coisa. Não faço distinção, não", disse.
Vivi Guedes ganhou uma conta no Instagram, que já conta com mais de dois milhões de seguidores e Paolla Oliveira revelou que o trabalho é muito cansativo.
"Olha para mim, estou exausta. É cansativo, não vou negar. Mas quando você não sabe o quanto algo vai dar de trabalho, só percebe quando está dando trabalho. Então, você só embarca", disse.
A atriz também comentou sobre o aprendizado que teve com a tão querida personagem.
"O que eu levo dela é que tudo pode. Já era um pensamento meu, mas ficou muito claro. Eu dou sempre um exemplo: quando eu chego no set para gravar com a roupa da Vivi, estão os câmeras, e a técnica, eles perguntam: Nossa, e pode sair assim? Pode. Está tudo certo", disse.
E a artista deixou bem claro que não se importa em aparecer com roupas mais ousadas na TV e nas redes sociais.
"Estou exposta à crítica do meu corpo, à crítica se eu sou a mesma ou não, se isso serve para o personagem. Se você está na chuva, eventualmente você vai se molhar. O quanto eu me previno para que não fique chateada com essas coisas é que eu posso fazer. O resto não tem como fazer nada. Vivemos em uma época onde julgar está muito maior que ouvir, compreender, se identificar. A empatia é uma palavra bastante intensa e importante hoje. Se colocar no lugar do outro é um exercício constante para regular nossas emoções e nosso pré-julgamento. Isso é mais potente ainda quando é designada a nossos semelhantes", disse.
Aos 37 anos, Paolla garantiu que não quer mais atender às expectativas dos outros.
"A gente não cria expectativa, as pessoas é que criam, e você tenta atender. E eu parei de atender às expectativas dos outros. É ser livre para tudo, inclusive para errar, para não estar em um determinado padrão, para não ser quem as pessoas esperam que você seja. O aprendizado, para mim, foi esse. Foi aos 37? Talvez eu já tenha chutado o pau da barraca. Por que eu estou me sentindo melhor agora? Foi uma organização de pensamento", afirmou.
Apesar de ser um dos maiores símbolos de beleza do Brasil, Paolla também já enfrentou pressão para se encaixar nos padrões estéticos.
"Tem várias declarações minhas, que eu queria ter a perna mais fina, que meu cabelo tinha que ser de outro jeito, que eu queria ser mais alta. Hoje se você perguntar, vou falar: Não, eu queria ser assim mesmo como sou. Querer ser totalmente outra pessoa e assumir uma expectativa do outro, não mais", disse.
Durante a conversa, Paolla Oliveira também comentou sobre o grande carinho dos fãs.
"Eu fico assustada. Tem fã dormindo na porta dos lugares onde eu estou. Pensa, eu fico nervosa. Claro, tem gente que passa do ponto. Já tive situações desagradáveis, mas nunca ninguém me botou a mão, por exemplo. É um carinho muito bem-vindo. É um carinho que eu nunca esperei ter", falou.
Recentemente, a atriz tomou a decisão de congelar seus óvulos.
"Quando você congela óvulos é porque você não tem uma opinião formada ainda. Como o corpo dá um limite, eu tenho óvulos congelados. Então, é assim: eu não sei se vou ser mãe. Mas congelei exatamente por não saber e não querer gerar algum tipo de frustração, porque optar em não ter é uma coisa, e não poder é outra", concluiu.
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