Para Eduardo Martini, ceia de Natal teria apenas uma guloseima. Descubra!

Por - 19/12/21 às 05:00 - Última Atualização: 18 dezembro 2021

Eduardo MartiniFoto: Reprodução Instagram @eduardomartini

Nesta época de festas, as mesas dos artistas ficam fartas de delícias. Mas, para Eduardo Martini, na ceia de Natal poderia haver apenas uma guloseima.

“Eu amo, mas amoooooo rabanada. Por mim, a ceia toda podia ser só rabanada!”, disse o ator e diretor a OFuxico.

ARRASANDO COMO CLODOVIL HERNANDES NO TEATRO

O terceiro sinal toca, abrem-se as cortinas. O arrepio na pele permanece do começo ao fim. Numa interpretação impecável e extraordinária, Eduardo Martini , na minha humilde opinião, um dos atores mais completos e radiantes do mundo do teatro, envolve a plateia com a fala, os trejeitos, maneiras e manias de Clodovil Hernandes na peça Simplesmente Clo, em cartaz no teatro União Cultural, em São Paulo.

O local, aliás, é coordenado por Eduardo Martini, que com todo cuidado, reabriu as portas do local para receber o público com total cuidado, obedecendo todas as exigências da Organização Mundial da Saúde para impedir a circulação do novo coronavírus.

Com o texto de Bruno Cavalcanti, jornalista e autor, e direção de Viviane Alfano, que também é uma atriz e cantora espetacular, Simplesmente Clô prende a atenção do público, num misto de encanto, riso e admiração a este estilista, cantor, pintor, apresentador, enfim, um homem multifacetado, que adorava as mulheres e, por consequência, amava costurar roupas belíssimas para que as mesmas pudessem se sobressair com elegância.

No palco, o espetáculo traz três vestidos originais, desenhados pelo estilista.

OFuxico conferiu o espetáculo e entrevistou Eduardo Martini, que contou um pouco mais desse trabalho lindo. Confira!

Eduardo Martini revela como surgiu a ideia de levar a vida de Clodovil aos palcos.

“Eu tinha muita vontade de fazer essa peça e de fazer essa homenagem pra o Clodovil, com Luiz Carlos Góis. Mas ele faleceu também e não deu tempo da gente fazer. Surgiu o texto maravilhoso do Bruno Cavalcanti e estamos aí, no palco, mostrando um pouco do Clo.”

A peça não é sobre o personagem Clodovil, mas sim, sobre o ser humano Clodovil.

“Estou fazendo um inventário da vida dele. Um inventario o que é? A pessoa fez isso, fez aquilo, sem julgar, sem defender, sem atacar, sem nada. Mostramos ele nu e cru, a vida dele, do jeito dele; a história dele da maneira que mais sinto, que eu mais vejo. Eu entendi que era uma pessoa que foi rejeitada por mãe biológica e por mãe adotiva. Clodovil foi um ser humano complexo, que tinha altos e baixos na vida. Inteligentérrimo, chiquérrimo, um cara que era multi: desenhava, pintava, cantava, fazia teatro, fazia televisão, apresentava programa de TV, enfim, um cara que tinha uma vida muito rica.”

No palco, três modelos exclusivos desenhados por Clodovil Hernandes
Foto: Claudia Martini

Martini ressalta o sentimento de solidão vivido por Clodovil.

“E a mesmo tempo, com todos esses talentos, ele não tinha ninguém, vivia sem nenhum acompanhamento, sem nenhuma historia de alguém pra dar uma orientação. Se ele tivesse um pouco mais de cabeça aberta e tivesse ido a uma terapia, alguém que ajudasse ele a entender essa multiplicidade dele, porque tinha vários homens dentro de um só, acho que ele teria se dado muito bem. Aliás, teria se dado melhor, porque ele sempre foi uma pessoa importante.”

Atuar interpretanto Clodovil Hernandes tem trazido um lado espiritual mais aflorado para Eduardo Martini.

“Espiritualmente pra mim é uma coisa louca, porque aprendo a cada dia a não julgar as pessoas. Primeiro porque a gente não deve julgar nada e, segundo, porque a gente não sabe o que acontece ao redor das pessoas, o que elas realmente vivem e sentem.”

O trabalho de caracterização e o “produto” final.

“Tomei um susto na verdade com a proximidade da foto que minha irmã, a fotógrafa Claudia Martini fez. Da caracterização que é muito simples, mas que se aproximou tanto do Clodovil. Temos tudo muito simples: a maquiagem, a boca, o estilo do óculos que ele usava e os jeitos, as histórias da vida dele. A gente se assustou bastante ao ver o resultado.”

Sobre a diretora, Viviane Alfano, que há anos mantem uma amizade enorme com Martini, onde, inclusive, ele é padrinho de batismo da netinha da atriz, ele se declara:

“Conheço a Vivi há muitos anos. Ela tem uma percepção impressionante, uma lógica na direção que me deixou muito feliz. Ela tem pulso firme pra discernir as coisas, onde colocar as piadas, as músicas, quais músicas colocar, todas as marcações. O espetáculo é muito simples mas muito difícil de fazer. Talvez um dos mais difíceis que fiz até hoje. Porque não estou fazendo um personagem, mas sim, fazendo um ser humano que todo mundo conhece, todo mundo viu;que muitos amam ou odeiam. E ele existiu, então não dá pra você inventar. A Viviane nesta condução, teve um papel primordial, maravilhoso.”

As flores lilás que Clô prometeu entregar à mãe, quando se reencontrasse com ela
Foto: Claudia Martini

Bruno Cavalcanti acertou em cheio na delicadeza do texto, na percepção de quem era Clodovil Hernandes.

“Bruno Cavalcante acertou num texto apartidário, porque ele não julgou o Clodovil, nem atacou. Em nenhum momento não tem nada que a gente pudesse abonar ou desabonar na conduta que ele teve nas coisas. Ele faz um mea culpa e isso é muito propicio para os dias de hoje”, falou Martini.

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