Paulinho da Viola sai em defesa de Martinho da Vila

Por - 05/03/06 às 14:01

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Embora Martinho da Vila já tenha declarado na tevê que não ficou nenhuma mágoa entre ele e a direção da escola de samba Vila Isabel, parece que essa história ainda vai longe. Este ano, o sambista não saiu pela escola que leva o seu nome artístico e sempre foi a sua paixão.

Na coluna de Ancelmo Góis, do Jornal O Globo, Paulinho da Viola, que já teve no passado desavenças com a Portela, saiu em defesa do compadre Martinho da Vila. Segundo ele, os incidentes devem ser superados na própria Vila, que deveria ter mais carinho pelo sambista:

“Martinho é tão importante para a escola que, se houve desrespeito, tem de ser superado. Mas, a Vila deveria ter mais carinho com ele. Grande parte da história da escola é a história do próprio Martinho. Ele está para a Vila assim como Candeia está para a Portela e Nelson Sargento para a Mangueira”.

Ainda segundo disse Paulinho à coluna, o sambista tradicional é desrespeitado nas escolas.

“Essa gente merece todo o respeito. A velha guarda deveria ter outro tipo de abordagem, de apoio e respeito na escola. Senão, não sobra nada. É uma gente que tem história saudada, no mundo inteiro. E os enredos estão tão éticos e politizados"…

Para entender a rusga de Martinho x Vila

A paixão de anos entre Martinho da Vila e a escola de samba carioca Vila Isabel foi rompida, por causa de uma dívida de R$ 22 mil. A agremiação deve ao compositor a quantia relativa a 45 fantasias da ala Adoração à Divina Deusa Ísis, a Mãe Suprema, presidida e montada pela mulher de Martinho, Cleo Ferreira.
 
O problema começou, quando o então superintendente da escola, Wilson Alves Moreira, o Moisés, que hoje ocupa a presidência, teria distribuído as fantasias na comunidade. O presidente, no entanto, nega a informação. E rebateu, dizendo que a Vila tem o direito de distribuir as alegorias sempre que alguma ala não consegue vendê-las, para evitar desfilar com componentes a menos.

A mulher de Martinho admitiu que o relacionamento com a escola desandou, logo depois do Carnaval do ano passado.
 
“Para ajudar a escola, decidi criar uma ala bem rica. A Vila vinha recebendo notas muito baixas em alegorias, e eu achei que essa era a minha maneira de colaborar. Investi R$ 58.500 numa ala com 120 fantasias. Na época, o Moisés, que era superintendente da escola, pegou comigo 45 fantasias a preço de custo, e me garantiu que pagaria depois. Só que até hoje eu não recebi esse dinheiro. Até desisti de cobrar”, contou Cleo.
 
Na época, ela também disse estar chateada pela maneira como a escola tratou Martinho da Vila. “Ele sempre lutou pela Vila, investiu muito na escola, inclusive dinheiro, mas falta reconhecimento. Martinho faz tudo pela escola”.

A dívida seria apenas um dos capítulos da crise entre Martinho e Vila Isabel. Há tempos, já se comentava nos barracões e na quadra que, após ter seu samba-enredo derrotado em outubro do ano passado, Martinho, que é presidente de honra da escola, teria ficado magoado com a direção da Vila Isabel, decidindo não mais desfilar na agremiação. 


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