Paulo Betti recebe aplausos em sua estréia como diretor de cinema
Por Redação - 30/09/05 às 09:12
A considerar a reação da platéia do Cine Odeon Br, onde o filme Cafundó foi apresentado na mostra competitiva do Festival do Rio, na noite de quinta-feira, dia 29, valeu a pena Paulo Betti ter mudado de posição. Em vez de atuar, ele estreou como diretor em um longa que demorou sete anos para ser realizado e que, durante a fase de captação de recursos, Betti brincava que tinha se tornado lobista, por causa do número de vezes que foi para Brasília à procura de patrocínio. Ele e seu colega de direção, Clóvis Bueno, bem como o elenco no qual se destacam Lázaro Ramos e Flávio Bauraqui, foram muito aplaudidos no final da exibição.
“Adoro ver o filme junto com a platéia. Tudo que gera debate é muito bom, independente de quem assiste gostar ou não do que viu. Aliás, por falar no que viu, ou melhor, do que não viu, estou muito chateado por não poder estar assistindo a todos os filmes nacionais que estão sendo apresentados na mostra competitiva do Festival do Rio. Como estou fazendo televisão, fica difícil vir diariamente ao evento”, disse Paulo Betti.
Cafundó chegou ao Rio com uma bagagem de prêmios de causar inveja. No último Festival de Gramado (RS), o longa inspirado em um personagem real do século XIX, o Preto Velho João de Camargo, faturou quatro Kikitos: fotografia, arte, prêmio especial do júri e melhor ator, para Lázaro Ramos, que vive o personagem principal.
“Este filme é a realização de um sonho de menino. Quando era criança, minha mãe mostrava álbuns de família e contava uma história sobre as fotos. Naqueles momentos, era como se um filme estivesse rodando pela minha cabeça”, disse Betti, que fez questão de dividir os elogios com toda a equipe, em especial com Clóvis Bueno.
Lázaro Ramos, muito bem acompanhado da namorada, Taís Araújo, disse estar feliz pelo reconhecimento grande que Cafundó está obtendo onde vem sendo exibido.
“Foi muito legal essa experiência de ser dirigido pelo Paulo Betti. O fato de ele ser um ator propiciou uma direção muito emocional. Foi uma bela parceria o estreante Betti com o experiente Clóvis Bueno. Gosto muito da história, da fotografia, da paisagem, enfim de toda a beleza do filme. Quem tiver a oportunidade, como eu tive, de ir a Bauru (interior de São Paulo) não pode deixar de ir à igreja construída pelo João de Camargo. Além de ter uma arquitetura única, a mistura do sincretismo religioso que a mesma contém, com imagens de santos do catolicismo, Iemanjá e até Buda, já demonstra o quanto esse Preto Velho foi uma figura fantástica. Ele levava conforto ao povo. Foi uma espécie de psicólogo dos desamparados”, ressalta Lázaro, considerado a estrela da atual edição do Festival do Rio, por participar de três longas-metragens da mostra competitiva: A Máquina, de João Falcão; Cidade Baixa, de Sérgio Machado; e Cafundó, de Paulo Betti.
Sinopse
Cafundó, ou melhor João de Camargo, era um tropeiro, saído das senzalas, deslumbrado com o mundo em transformação e desesperado para viver nele. Este choque leva o ex-escravo ao fundo do poço. Abandonado nos braços da inspiração, ele se alucina, se ilumina e é capaz de ver Deus. Uma visão em que se misturam a magia de suas raízes negras com a glória da civilização judaico-cristã.
Sua missão é ajudar o próximo. Ele crê que é capaz de curar, e acaba curando. É o triunfo da loucura da fé. Sua morte, na década de 40, transforma-o numa das lendas que formam a alma brasileira. Até hoje, nas lojas de produtos religiosos, sua imagem é encontrada.
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