Paulo Figueiredo não vive de nostalgias e exalta futuro das novelas

Por - 13/04/13 às 16:35

Jorge Rodrigues Jorge/ Carta Z Noticias

Na tevê desde 1965 – ano em que participou de A Outra, da extinta Tupi , Paulo Figueiredo respeita seu passado. Mas não quer viver de saudosismo. No ar como o simpático Adamastor de Balacobaco, da Record, o ator de 73 anos se empolga com o avanço tecnológico que viu ser desenvolvido nos estúdios de tevê ao longo das suas mais de quatro décadas de carreira.

"É impressionante o que a tecnologia faz nos bastidores das produções. Além da imagem ser melhor e da alta qualidade dos efeitos visuais, hoje o ator pode errar o texto sem ter de fazer todos os seus colegas repetirem tudo de novo", brinca, lembrando da época em que não existia videotape.

Natural de São Paulo, além de ator, Paulo é conhecido por suas atividades como autor e diretor. Sem conseguir escolher qual trabalho mais o agrada, ele se mostra realizado com o que construiu em cada uma dessas áreas.

"São responsabilidades diferentes. Mas tudo relacionado ao universo artístico me complementa. Estou sempre me dividindo", ressalta.

Curtindo a reta final de Balacobaco, Paulo já aguarda a estreia de um novo texto de sua autoria, ainda sem nome definido e que deve ser dirigido por Elias Andreato –, e espera o chamado da próxima minissérie bíblica da Record, baseada na história dos 10 Mandamentos.

"Gosto dos épicos bíblicos e existe uma conversa para este novo trabalho. E é uma perspectiva que me agrada muito, pois será uma grande produção", valoriza.


O Fuxico: Seu mais recente trabalho na Record foi Rei Davi, minissérie épica exibida no ano passado. Como você encara a experiência de estar em uma trama colorida e exageradamente cômica como Balacobaco?

Paulo Figueiredo: É impactante. Afinal, em termos de ambientação, entre as tramas existe um salto de três mil anos (risos). Saí de uma situação bíblica para algo moderno e popular. Variar e ter possibilidades diferentes ao longo da carreira é algo que eu gosto e que sempre agrega. Mas, apesar de estar adorando fazer Balacobaco, não posso negar que a estética e o conteúdo das produções bíblicas que a Record vem lançando me agradam mais.

OF: Por quê?

PF: São várias razões. Basta perguntar para qualquer ator que tenha participado de produções bíblicas. A resposta sempre terá o prazer profissional e a força das histórias abordadas como pontos de destaque. Atualmente, acho que falta na televisão algo que vá além do puro e simples entretenimento. Independentemente de religiões ou crenças, vejo nas minisséries bíblicas uma mensagem de paz. Além disso, o processo de preparação é riquíssimo, com aulas de história, gestual, exercícios físicos. É um trabalho que realmente instiga e anima qualquer ator.

OF: Este ano, você completa 48 anos de televisão. O que o leva a aceitar ou recusar novos personagens?

PF: Não paro muito para pensar nas escolhas da minha carreira. O que acontece é que a grande maioria dos atores da televisão não tem muito o que questionar ou discutir. São, simplesmente, chamados e tomam conhecimento do tipo de personagem e do desenvolvimento da trama dentro do folhetim. Existe um contrato e é preciso manter e respeitar esse acordo de trabalho.

OF: Na maioria dos casos, a produção de novela demanda quase um ano de trabalho. E quando o personagem não é tão bom quanto o ator gostaria que fosse?

PF: É preciso ser disciplinado e criativo. Quando o personagem não se revela tão prazeroso, cabe ao ator, através das suas ideias e do seu trabalho, procurar influir um pouco naquele papel, colaborar para o crescimento da trama como um todo. Moldar o personagem ao seu jeito é uma maneira eficaz do ator se aproximar do trabalho e acabar gostando. O que se costuma dizer no meio artístico é que o ator nunca deve brigar com o personagem (risos).

OF: Felicidade, folhetim exibido pela Globo em 1991, está sendo reprisado pelo canal pago Viva. Você já parou para reassistir a alguma cena sua nessa novela?

PF: Não sou muito saudosista. Mas dei algumas olhadas, sim. É engraçado, estou nessa profissão há muito tempo, mas ainda não consigo me livrar de uma forte autocrítica que me acompanha desde novo. Eu sempre acho que poderia ter feito melhor. Não só Felicidade, mas outras tramas que eu, de vez em quando, vejo no Youtube. Toda vez que vejo, fico me sentindo meio estranho. Aí, prefiro relembrar uma frase que o saudoso Mario Lago me disse certa vez. Elogiei as músicas e os personagens que ele criou no passado e ele rebateu: "Paulo, eu só costumo olhar para frente". Estar focado no agora é uma ótima maneira de viver mais leve.

Perfil dos personagens – Balacobaco

Paulo Figueiredo não vive de nostalgias e exalta futuro das novelas


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