Presidente da Pestalozzi do Pará fala da importância do leilão do Calypso
Por Redação - 23/01/06 às 19:01
Muita gente pensa que só é válido fazer o bem para pessoas de nosso convívio, como amigos e parentes. Mas, não é bem assim: há muita coisa a fazer por pessoas tão especiais que não encontramos no dia-a-dia, nem sequer sabemos o nome ou condição de vida. Com esse pensamento, a Fundação Pestalozzi do Pará abriu suas portas, há 50 anos, a fim de cuidar e dar uma expectativa de vida mais leve às crianças e adultos especiais, atuando como verdadeiros anjos-da-guarda.
A reportagem de OFuxico conversou com a Sra. Maria Irecê Santiago Mendes, presidente da Pestalozzi do Pará, que, entre outras coisas, falou sobre o leilão da roupa doada pela banda Calypso, que beneficiará o local, e sobre os lances falsos que o mesmo recebeu.
OFuxico – Quando foi inaugurada a Pestalozzi do Pará?
Maria Irecê Santiago Mendes – Inauguramos em 15 de outubro de 1955. Foi a partir da iniciativa da professora Blandina Alves Torres e de uma das mães, dona Palmira Pureza, que tem dois filhos com necessidades especiais, que se uniram e formaram a Pestalozzi Pará. Muitas mães tinham de se deslocar até São Paulo, para realizar o tratamento de suas crianças. A profª. Blandina fez um curso especializado, no Rio de Janeiro, e voltou pronta para abrir a unidade.
OF – Como funciona a Fundação?
MISM – Ela é uma ONG filantrópica, sem fins lucrativos, que atende a pouco mais de 800 crianças e adultos, com idades entre três e 52 anos. Temos duas escolas: a Professor Lourenço Filho, em Belém, que atende a 435 alunos, e o anexo, que fica no distrito de Icoaraci e atende a 371 crianças com deficiência mental, algumas com Síndrome de Down e outras com lesão cerebral e problemas neuromotores.
OF – O que o lugar oferece a essas pessoas?
MISM – Oferecemos educação, através do ensino especial. Desde a educação infantil até a profissional, com profissionais especializados. As pessoas com mais de 18 anos, conseguimos colocar no mercado de trabalho.
OF – Quais são os cursos profissionalizantes?
MISM – Cursos de jardinagem, horticultura, higienização de ambientes e atividades de artesanato, onde eles fabricam e vendem suas peças.
OF – Como vocês se mantêm?
MISM – A Fundação sobrevive de convênios, parcerias, acordos e ajuda da sociedade.
OF – O que a senhora tem a dizer das crianças que fazem parte da Pestalozzi Pará?
MISM – O que posso dizer é que são carentes financeiramente e, às vezes, até de afeto. Elas possuem um potencial enorme, dentro de suas limitações, e merecem uma oportunidade na vida. Quem propicia essa oportunidade é a própria sociedade, participando, conhecendo e reconhecendo o trabalho de cada um e deixando de lado o preconceito, pois cada um tem seus talento próprio e capacidade. Só precisam de oportunidades.
OF – E sobre a atitude do Calypso doar algo para ser leiloado, com a renda revertida à Fundação?
MISM – É uma atitude muito nobre. Ainda mais saber da parceria entre a banda e o Gugu Liberato, que abriu espaço em seu programa para essa ação tão nobre. Não me surpreendo com essa atitude, pois conhecemos o trabalho deles, através de outras ações sociais nas quais se engajaram diversas vezes. Sobre o Calypso, temos um enorme vínculo, pois eles são aqui do Pará e as crianças já participaram de shows da banda e se conheceram. Isso só fez com que se estreitasse o vínculo entre os músicos e as crianças. Sobre Gugu, ele é um apresentador, na minha opinião, de grande relevância e seriedade. Mesmo com tantas coisas que conquistou na vida, continua seguindo seu caminho de forma humilde e de coração aberto. Ele nunca se esquece dos menos favorecidos, e é um ser de grande luz e humanidade.
OF – Ocorreram muitos lances falsos no leilão da roupa de Joelma. O que a senhora pode dizer sobre isso?
MISM – Gostaria de pedir às pessoas que não hajam assim. Cada lance cria expectativa nas crianças. Instituto cuida de pessoas carentes com necessidades especiais. Cada lance falso é uma alegria falsa e uma tristeza muito grande, uma desesperança para as crianças que estão acompanhando o leilão. Ninguém pode brincar com esse sentimento, principalmente pelo fato de que os mesmos já são desprivilegiados pela sorte. As pessoas deveriam olhar dentro de seu coração e agradecer a Deus pela saúde e pela condição perfeita de vida de cada um.
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