Projota sobre a filha: ‘Que futuro vai conhecer?’

Na adolescência, mais exatamente aos 14 anos, incentivado pela turma do bairro, Projota começou a frequentar uma igreja evangélica. E a partir dali, passou a conhecer a fundo muitos salmos bíblicos. Hoje, prestes a fazer 34 anos, batizado José Thiago, como os apóstolos, o rapper recorre à fé e aos olhos da pequena Marieva, a filha nascida há dois meses, para entender o momento que o mundo atravessa.

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"Não tenho uma religião definida porque acredito que quando você assume isso na vida tem que concordar com tudo o que pregam, assina um tipo de contrato. E eu não fiz isso. Então, tenho muita fé em Deus e na maneira como converso com Ele e oro. E, como todo mundo, não sei o que pensar sobre o futuro que, espero, minha filha tenha", avaliou ele em entrevista ao jornal Extra. 

Na sexta-feira (10) o rapper lança seu novo trabalho que, por coincidência tem tudo a ver com os sentimentos despertados durante o isolamento do mundo por conta do coronavírus. Baseado no salmo 23 ("O Senhor é meu pastor, nada me faltará"), que ele sempre entoa antes de entrar no palco, o cantor escreveu a letra do rap homônimo.

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"Foi em setembro, outubro. Nem havia a doença ainda, que só descobriram em dezembro. E assim mesmo era algo tão distante da gente… A música fala das angústias, da depressão, do que a gente passa para sair de uma fase e transmutar o negativo em positivo", explicou.

Em janeiro ele gravou o clipe da música, numa pedreira em Paulínia, no interior de São Paulo.

 "A estética é totalmente pós-apocalíptica. Fomos para uma pedreira em Paulínia, no interior de São Paulo, e nos baseamos em filmes como O Livro de Eli e Mad Max."

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Ao jornal, Projota destacou que o rap não corrobora com a onda de pessimismo que tomou conta de muitos.

"Pelo contrário. A mensagem é que vamos sair dessa para algo melhor. Temos que confiar".

Tudo por Marieva

Com serenidade, o artista mantém o otimismo durante a quarentena. Desde que sua filha, Marieva, nasceu, há dois meses, a rotina dele já havia mudado.

"Eu já tinha travado a agenda nesse início e estava meio que numa quarentena também. Só fazia shows no fim de semana", contou.

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Com tempo de sobra, Projota tem ajudado a mulher, Tâmara Contro, neste início de vida com Marieva. 

"A gente faz um pouco de tudo. Lava a louça, cuida, arruma casa. Somos só nós três nesse pequeno mundo que se tornou a casa. A minha positividade vem de saber que somos privilegiados diante de tudo isso. Fico pensando em quem não tem emprego, casa, comida, quem não sabe como vai pagar as contas, se vai ter como dar de comer aos filhos. Isso é difícil. Minha quarentena, não. Por mais que eu não saiba quando vou voltar a trabalhar, tenho o mínimo sob controle." 

O nó na garganta apareceu quando Projota falou da filha. Afinal, Marieva nasceu pouco antes do primeiro caso no Brasil ser registrado.

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"Outro dia, eu e a mãe dela falávamos sobre isso. Não sei quando vou poder levá-la para passear de carrinho, que seja num shopping. Isso é angustiante. Não saber que futuro ela vai conhecer é quase assustador."

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O artista venceu a depressão há alguns anos e se preocupa com os amigos neste isolamento social, proposto pelas autoridades de saúde.

"Quantos deles estão sozinhos? Eu ligo sempre, quero saber como estão. Minha avó de 88 anos, sozinha, tenho que dar atenção, porque eu sempre ia lá e agora não posso. A gente vai sair disso dando ainda mais valor às relações".

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