Que sucesso, Bom Sucesso!
Por Redação - 23/01/20 às 00:25
Na próxima sexta-feira (24), a novela Bom Sucesso chega ao fim, marcando a retomada de sucesso de audiência na faixa das 19h. O talento e a criatividade de Rosane Svartman e Paulo Halm, com auxilio precioso de um time de colaboradores que inclui o audacioso Fabrício Santiago, o entusiasta Felipe Cabral, a animada Claudia Sardinha, a tímida Isabela (cuja desenvoltura no texto torna inacreditável a timidez), e o mestre Charles Peixoto (responsável por todos os poemas autorais da trama) alçaram a novela ao hall das inesquecíveis, realçando ainda a magnitude de Rômulo Estrela, Fabíula Nascimento, Armando Babaioff, Grazi Massafera e um tanto de atores comprometidos com um trabalho impecável.
Falar de Antônio Fagundes seria redundância. Desde a primeira cena na pele de Alberto, o ator reforçou sua hegemonia. Não por acaso, o desfecho de seu personagem é o mais esperado da história. Mas não terá ali um "the end". Rosane e Paulo prepararam cenas extras que somente serão exibidas no sábado (25), dia em que habitualmente repete-se o desfecho.
Doente terminal no início da trama, cujo exame com o diagnóstico derradeiro foi parar por engano nas mãos de Paloma (Grazi Massafera) desencadeando a história, o dono da livraria Prado Monteiro resistiu ao longo de bravos seis meses e deve morrer no Carnaval fictício da história, nos braços da loura.
"Quando a gente escreveu, chorou, se emocionou. Ficamos dois dias antes de entregá-lo, então deu tempo de curtir um pouco também", disse a autora à reportagem de OFuxico.
Bom Sucesso foi, sim, um sucesso. E nos corredores dos Estúdios Globo, a trama virou "menina dos olhos". Um elenco, de fato, unido, focado e leve, diante de tramas igualmente gostosas de acompanhar. Até mesmo as mazelas protagonizadas por Diogo, personagem que mostrou um Armando Babaioff que não conhecíamos. Valeu a espera, Armandão!
Rosane Svartman foi diferente não apenas no texto que levou para a telinha. A autora, que já havia assinado Malhação Sonhos e Totalmente Demais, surpreendeu também na sinceridade diante da imprensa. Numa conversa franca com repórteres, da qual OFuxico participou, nos dias que antecederam o desfecho de sua novela, ela falou que houve erros e que se arrependeu de algumas coisas.
"Uma coisa que me deixou louca durante muito tempo. Parece que não, mas os ganchos são muito importantes pra gente. Teve capítulos que ficaram muito grandes. Eu via as pessoas falando 'que gancho é esse de final de capítulo?' E era break! Vou dar um exemplo: a trama do Elias (Marcelo Faria) era para ter durado uma semana, durou quase duas. Capítulos pesados no sábado, dia de histórias leves… Tinha que falar de aborto num sábado? Você acha que a gente pensou na morte do Elias no Natal, todo mundo reunido pra ceia e vem uma morte? Isso foi bem doloroso. Quando a gente faz um capítulo, a gente bola os ganchos, a gente escreve a partir dos ganchos", entregou.
Paulo Halm endossou.
"Deu muito certo, mas também levou muita paulada. Tem gente que bate na gente diariamente nas redes sociais. Ninguém ficou enxugando gelo, a gente teve momentos de ação vertiginosa antes do clímax."
Em tempo em que redes sociais dominam, manter a atenção na faixa das 19h, horário de transição de chegada do trabalho/ escola, Bom Sucesso deixou de lado o viés "pastelão" e deu lugar a um emaranhado de histórias cativantes e fortes. Mais uma sacada que resultou em picos de 29 pontos de audiência, chegando algumas vezes a superar os índices da trama do horário nobre – Amor de Mãe – e fez de Bom Sucesso a novela mais buscada no Google nos últimos meses. Êxito que não se conquistava desde 2012.
A direção de Luiz Henrique Rios tratou de mesclar com primazia humor, romance, drama e ação. Mas foi a viagem literária o que m ais encantou.
"Ao longo do caminho, aprendemos a jamais subestimar o público. Claro que as redes sociais são um termômetro, algumas ideias surgem ali, mas é gratificante quando se chega na pesquisa, que é um retrato talvez mais fiel da audiência como um todo – a TV aberta tem uma penetração de 97%. E é bacana ver que as pessoas citaram Quintana, Soneto da Separação. O livro é só o objeto sagrado que traduz isso dentro da teledramaturgia. Você não consegue escrever para agradar ao público, a crítica. A gente conta com a nossa sensibilidade. A gente escreve com essa equipe e eles enriquecem a nossa história", afirma Rosane.
"Não existe fórmula, regra, certo, nem errado, métrica. As redes sociais não são numericamente a fonte de confiabilidade maior, mas é um termômetro interessante para a gente sentir. O aplauso e a vaia são simultâneos. A gente está vendo no ar, escrevendo, e as pessoas estão lá curtindo ou descascando, e isso é legal. E ter esse retorno simultâneo ajuda a gente a pensar a história", reforçou Paulo.
De qualquer forma, já estamos com saudades e não precisamos nem mesmo citar que Ramon (David Junior) poderia ter desenvolvido mais a história com o basquete, que Lucas Leto e seu papel social como o Waguinho merecia um prêmio pela mensagem passada, que Ângela Vieira não pode ficar tanto tempo longe da TV, que a personagem trans passou batida… E salve-nos quem puder para que possamos manter a mesma vontade de ficarmos ligadinhos na TV daqui pra frente, com a nova história de Daniel Ortiz!
Pioneiro no Brasil em cobertura de entretenimento, famosos, televisão e estilo de vida, em 24 anos de história OFuxico segue princípios editoriais norteados por valores que definem a prática do bom jornalismo. Especializado em assuntos do entretenimento, celebridades, televisão, novelas e séries, música, cinema, teatro e artes cênicas em geral, cultura pop, moda, estilo de vida, entre outros.