Rafael Calomeni: “Qualquer um que dá entrevista aparece como modelo”

Ao assinar contrato longo com a Record, Rafael Calomeni nunca escondeu que buscava um novo rumo em sua carreira na tevê. Quatro anos depois e em seu terceiro trabalho na emissora, o ator não tem dúvidas de que deu o passo certo. Na pele do centrado Vicente de Balacobaco, Calomeni experimenta uma fase mais madura e condizente com os 40 anos completados em 2012. Sem tantos músculos à mostra e com conflitos mais densos em suas cenas.

"Quero cada vez mais me permitir mergulhar nesse abismo que distancia o jovem do experiente. Gosto dessa passagem do tempo e acho que ela me traz inúmeros benefícios", garante. 

Na história, Vicente deixou o casamento longo com Celina, papel de Ingra Liberato, para se entregar à paixão pela bela Mirela, vivida por Thaís Pacholek. Além disso, o ator interpreta o irmão do mocinho Eduardo, personagem de Victor Pecoraro, o que abre o leque de possibilidades de desenvolvimento de Vicente na trama. Para viver o empresário do ramo de exportação e importação, Calomeni recorreu à preparadora Helena Varvaki, que conheceu quando trabalhou em Sete Pecados, na Globo. Mas também pôde aproveitar referências de seu próprio passado, nas experiências profissionais que teve antes de seguir carreira de modelo e ator.

"Trabalhei em um escritório de arquitetura e fiz estágio em clínicas de Fisioterapia. Nessa época, convivi com gente que passa o dia em escritórios", explica. 

A escalação para Balacobaco pegou o ator de surpresa. Na verdade, Calomeni acreditava que faria parte do elenco da minissérie bíblica José do Egito. Chegou, inclusive, a fazer a prova de caracterização para interpretar um egípcio. Mas, poucos dias depois, enquanto jogava futebol com alguns amigos, recebeu uma ligação da direção de elenco da emissora avisando que, a partir daquele momento, estava no grupo de atores que faria a novela de Gisele Joras.

"Na hora, eu até falei que tinha acertado para a minissérie, mas pediram que eu relaxasse e que, dali em diante, pensasse em Balacobaco", lembra. 

Participar da série bíblica seria uma chance de voltar a trabalhar com Alexandre Avancini, diretor do projeto. Foi ele quem levou Calomeni para a Record e, por pouco, não foi o responsável por sua estreia na tevê, na Globo. É que quando o ator foi escolhido para viver o matuto Expedito de Mulheres Apaixonadas, em 2003, Avancini selecionava o elenco de Kubanacan e, na época, chegou a avaliar o material de Calomeni.

"Ainda quero estreitar os laços profissionais com o Avancini. Trabalhamos juntos em'Promessas de Amor', e acho que teremos novas oportunidades no futuro, aqui na Record", torce. 

Tranquilo e seguro em sua posição de contratado da emissora, Calomeni agora demonstra interesse em investir mais em teatro e construir também uma carreira no cinema. Mas sem deixar a televisão de lado. Ao contrário. Seu discurso mostra, inclusive, que espera passar pouco tempo fora do ar.

"Tenho muita vontade de trabalhar com o Lauro César Muniz, que é um autor que admiro desde antes de fazer televisão. Achei que pudesse rolar em Máscaras, mas não aconteceu. Espero ter logo uma chance", entrega ele, cujo contrato com a Record vence no ano que vem.

Sucesso nas passarelas
A carreira de Rafael Calomeni começou nas passarelas, aos 21 anos. Na época, como a oferta de modelos masculinos era menor que hoje, quem conquistava um espaço de destaque no meio conseguia viver bem com os cachês que recebia.

"Hoje é uma profissão banalizada, mas quando comecei não era assim. Agora, nos programas de tevê, qualquer um que dá entrevista aparece como 'modelo' na legenda. Sinto falta do tempo em que valorizavam esse ofício", critica ele, que preferia gravar comerciais a participar de desfiles.

"Achava um saco ficar horas em pé sendo maquiado e tendo o cabelo arrumado. Queria mesmo era câmara ligada", conta. 

Hoje, Calomeni ainda participa de alguns desfiles e campanhas de moda. Mas de um jeito diferente. Quando acontece, o convite vem para o ator. Uma posição que, garante, é bem mais confortável. Não apenas pela valorização financeira, mas também por não precisar mais se enquadrar em padrões ditados pelo mercado da moda.

"Não tenho de estar no peso 'x' com o corte de cabelo 'y'", comemora.

Mas o ator assume que foi o trabalho como modelo que garantiu seus investimentos na carreira de ator.

"Éramos 30, 40 homens de sucesso. Então, às vezes, pegávamos campanhas de 50, 70 mil dólares. Valia muito a pena e dava para usar o tempo livre estudando", recorda. 

Instantâneas

# O sonho de Rafael Calomeni era ser jogador de futebol. Mas seus pais não o estimularam o suficiente para investir nessa carreira. 

# A primeira vez que Calomeni se aventurou na interpretação foi no colégio, quando ainda era criança.

# Calomeni é da mesma geração de modelos que revelou nomes como o de Márcio Garcia e Sérgio Abreu na tevê. 

# Antes de alcançar sucesso como modelo, Calomeni estagiou na Petrobras e em clínicas de Fisioterapia, curso que quase concluiu. Além disso, trabalhou como vendedor de loja.

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