Rebeca Andrade conquista ouro inédito e desabafa: ‘Preto é capaz!’

Por - 04/11/22 às 08:22

Rebeca Andrade com a bandeira do Brasil, de uniforme de ginastaRebeca andrade agora é a ginasta número 1 do mundo - Foto: Ricardo Bufolin/CBG

É do Brasil! Rebeca Andrade fez o “Baile de Favela” ecoar forte, mais uma vez, e conquistou o ouro inédito para o Brasil no individual geral do Mundial de ginástica artística na quinta-feira, 03 de novembro, em Liverpool, na Inglaterra.

Confirmando o favoritismo, a vice-campeã olímpica da prova passou a ser a primeira brasileira campeã mundial da prova mais tradicional da modalidade. A ginasta de 23 anos agora é a nova a número 1 do mundo.

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Com a bandeira do Brasil no solo da arena de Liverpool, a atleta comemorou com louvor e emocionou a todos. Diante da conquista histórica, a atleta fez questão de ressaltar o orgulho de representar mulheres pretas no topo do pódio com uma música tão emblemática.

É pra mostrar do que o preto é capaz, né!? Eu me sinto muito orgulhosa de levar essa música para o mundo tudo.

A ginasta número 1 do mundo, que é a segunda ginasta preta da história a se tornar número 1 de um Mundial, depois da americana Simone Biles, que teve problemas de saúde mental na última olimpíada, seguiu seu desabafo:

“No Brasil, todo mundo que entende as dificuldades que uma atleta preta tem, que uma pessoa preta tem de chegar no alto rendimento de ter possibilidades, oportunidades… De certa forma tentar ajudar essas pessoas. Para chegar aqui hoje, tive muita ajuda no início. Dos meus vizinhos, quando eu morava junto com a minha mãe, de emprestar dinheiro, de condução, de ficar na casa dos outros para eu conseguir treinar”, recordou, emocionada.

Rebeca enfatizou que não vai se acomodar e pretende seguir deixando seu nome cravado na história do esporte: “Foi muito difícil. Acho que essa medalha representa tudo isso, toda minha história, toda minha luta. Hoje ela foi premiada. Foi aqui e nas Olimpíadas também. Estou muito feliz de ser quem eu sou, de representar tudo que represento. Espero continuar fazendo história – disse a brasileira”.

Somando 56,899 pontos, Rebeca foi absoluta. Ao fim de nenhuma rotação saiu da primeira posição, nem mesmo quando teve uma pequena falha nas barras assimétricas.

Ela conseguiu reverter qualquer mínimo deslize para somar 56,899 pontos nos quatro aparelhos e teve, exatamente, um ponto e meio de vantagem para a americana Shilese Jones. O bronze coube à britânica Jéssica Gadirova, que somou 55,199 pontos.

DE GUARULHOS PARA O MUNDO

Oriunda de uma família humilde da periferia de Guarulhos, Rebeca Andrade e seus sete irmãos contavam com o salário que sua mãe, Dona Rosa, ganhava com o emprego de doméstica.

A família da atleta que teve grande destaque nos jogos olímpicos de Tóquio, em 2020, vivia em uma casa de um cômodo onde todos dormiam, e banheiro ficava do lado de fora. Foi com a ginástica, incentivada por uma tia, que Rebeca conseguiu proporcionar uma casa mais confortável para a família.

A paulista começou a praticar o esporte hoje aos quatro anos, em um projeto da Secretaria de Esportes de Guarulhos, no ginásio Bonifácio Cardoso, na Vila Tijuco. Ela ia para os treinos levada pelo irmão mais velho, na garupa de uma bicicleta.

Valeu à pena!

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É jornalista formada pela Universidade Gama Filho e pós-graduada em Jornalismo Cultural e Assessoria de Imprensa pela Estácio de Sá. Ela é nosso braço firme no Rio de Janeiro e integra a equipe de OFuxico desde 2003. @flaviacirino