Regina Casé conta porque é bem aceita nas favelas

Por - 08/12/06 às 15:10

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Como a apresentadora do Central da Periferia e do quadro do Fantástico, intitulado Minha Periferia, Regina Casé tem demonstrado um bom trâmite em áreas consideradas de risco, como algumas comunidades cariocas. Ela reconhece que isso causa um espanto em certas pessoas, mas tem uma justificativa simples para a confiança que conquistou junto a essa população carente.

“E com 35 anos de trabalho nas costas entro nas favelas. Já tínhamos a confiança dessas populações, com as quais convivemos desde o Brasil Total. Em 1991, no primeiro Programa Legal, mostrei um baile funk, em Coelho da Rocha, subúrbio do Rio. Não estou querendo ir na periferia agora. Estou lá, ó, tem anos. Demorei de 91 a 2006 para conquistar essa confiança, que é recíproca”, diz Regina, referindo-se à equipe de criação de seu sucesso atual na Globo, na qual se inclui o antropólogo Hermano Vianna (irmão do Paralama Herbert Vianna) e os diretores Estevão Ciavatta (seu marido), Leonardo Netto, Mário Meirelles, Mônica Almeida e Patrícia Guimarães, além da própria Regina e do diretor de núcleo Guel Arraes.

Bem-nascida, na mítica zona sul carioca, Regina não engrossa o couro de quem só olha para o próprio umbigo.

“Sempre acreditei que a melhor maneira de se tratar a cidade, o estado e o país em que vivo, é como um todo e não uma parte. Sempre estive antenada com tudo o que acontece além dos limites da zona sul e da cidade do Rio. Por isso, considero o Central da Periferia uma verdadeira coroação daquilo que a gente vai nos lugares e vê que existe, que é uma coisa de massa. E que tudo o que a gente via na tevê, no jornal, na revista tem um espaço muito menor do que o que aquela manifestação popular ocupa na realidade.”

Ela cita que o Minha Periferia surgiu para impactar a mídia, para mostrar mesmo: olha como é grande o que rola longe do registro da imprensa. Também diz que não tinha noção de onde iria desembocar essa pretensão.

“Começamos com o quadro no Fantástico que de quatro pulou para oito especiais e, no susto, tivemos que inventar o Central da Periferia que virou uma coisa mega. Tivemos shows com 60 e até 90 mil pessoas”, destaca a atriz e apresentadora.

Depois de 23 de dezembro, quando vai ao ar o especial do Central da Periferia, Regina só quer pensar em férias. E com a sensação do dever cumprido.

“Nosso programa foi uma sintonia, um sinal de que a periferia tem muito o que mostrar. E, se Deus quiser, dentro de pouco tempo, ela vai se mostrar por si própria. Essa é a nossa intenção.”   

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