Rico na ficção, ator já viveu em comunidade carente

Na pele de Bruno, herdeiro do milionário Alex Ticiano, interpretado por Rodrigo Lombardi em Verdades Secretas, novela exibida na faixa das 23h, na Globo, João Vitor Silva e vê diante de uma realidade completamente diferente da sua.

Para encarnar o rapaz, que é pressionado pelo pai, que teme o escândalo de ter um filho homossexual e vai até contratar uma prostituta para tirar a virgindade do jovem, o ator de 19 anos precisou mergulhar fundo nas próprias emoções na intenção de entender uma realidade tão diferente da sua.

"A preparação foi intensa, eu chegava em casa chorando. Meu personagem é o oposto de mim. Vive numa família completamente desestruturada. Não sei como é não falar "eu te amo'' para o pai e para a mãe", compara João Vitor, em entrevista ao jornal Extra.

O ator, que estreou na TV aos 4 anos, no especial O Livro Mágico, e ficou conhecido como Pedrinho do Sítio do Picapau Amarelo, é o mais novo de dez irmãos, e tira de letra questões como sexo e virgindade.

"Sempre conversei muito com minha mãe, mais do que com meu pai. Contei a ela quando perdi a virgindade, aos 15 anos de idade. Minha mãe é o oposto da Pia (Guilhermina Guinle). Bruno vive em uma solidão muito grande. Ele não sabe se é gay ou não. Queria que ele encontrasse alguém, homem ou mulher, e fosse feliz com isso".

Crescido na comunidade do Morro Santa Marta, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o ator fez uma pesquisa intensa para aprender como vivem os filhos da classe AAA.

"Bruno é um milionário paulista, o que é muito diferente de ser um rico do Rio. Em São Paulo, essa questão do dinheiro e do poder é mais forte. Eu visitei a cidade, conversei com amigos para aprender como as pessoas falam, se vestem e tratam os empregados". 

Filho de uma secretária e de um auxiliar de serviços gerais, João Vitor, que trancou a faculdade de Psicologia, ralou até comprar uma casa para os pais em São Cristóvão, na Zona Norte, há dois anos. Com o dinheiro do aluguel do imóvel, a família paga um apartamento na subida do morro de Botafogo.

Quando não está gravando, João Vitor se arrisca nos microfones como vocalista de um grupo musical. Ainda na escola, ele e os amigos criaram a banda Original, que faz um som com influência de pop e rock. A turma faz show quase todo fim de semana e adota uma postura mais politizada.

"A gente gosta de se posicionar. Tocamos, por exemplo, no festival contra a redução da maioridade penal", contou ele ao jornal.

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